Teatro e exposições

Petição quer tirar esculturas das ruas de Lisboa. “Ofensa grave ao espaço que é de todos”

Entre artistas conhecidos e anónimos, a petição já conta com mais de 400 assinaturas.
O conjunto Heróis da Pandemia

Desde o início do ano que Lisboa tem vindo a receber cada vez mais esculturas nas suas ruas. Entre elas estão as obras instaladas na Praça do Município, como a “Pareidolie”, do artista francês Alexandre Hopare Monteiro.

Mais tarde, em fevereiro, foi a vez de, em Belém, ser feita uma homenagem aos profissionais de saúde e ao seu trabalho durante a pandemia. Duas esculturas foram ali colocadas num conjunto chamado “Heróis da Pandemia”, feito por Rogério Abreu.

Ora são estas duas das iniciativas que estão na mira da petição criada pela Galeria Cristina Guerra Contemporary Art, que pede a sua imediata remoção. Segundo os autores, esta escolha “representa uma ofensa grave ao espaço que é de todos, ignorância e insensibilidade, provincianismo e incompetência”.

Sobre as esculturas na Praça do Município, a petição nota que “eventualmente por mera coincidência, os três bustos, da autoria de dois autores diferentes, têm em comum a mesma literalidade, incompetência plástica e escultórica e a capacidade comum de afetarem negativamente o espaço público de enorme qualidade urbana.”

Já sobre a homenagem aos profissionais de saúde, ressalvam a “bondade do propósito”, mas notam que ela é “denegrida pela mediocridade das esculturas”, numa situação que apelidam de “caricata”.

A estátua na Praça do Município

Para os criadores da petição, deve haver maior cuidado e reflexão na escolha de obras que acabam por marcar a cidade e o seu espaço. “A partir do momento em que são colocadas ficam alcandoradas à dimensão de monumentos, com toda a responsabilidade que a essa condição advém (…) A arte no espaço público não carece da nossa vontade de a fruir, ao contrário do que acontece num museu ou numa galeria. Aí, a escolha da visita é do espectador. No espaço público, somos confrontados com o que não escolhemos ver, o que implica uma acrescida responsabilidade de quem encomenda e decide.”

Os signatários apoiam, portanto, a “retirada dessas peças do espaço público, por afectar negativamente, como aqui é o caso, a imagem da cidade”. E requerem ainda que novos projetos de arte no espaço urbano necessitem de uma avaliação prévia por parte de uma comissão especializada.

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