Banksy. Com apenas uma simples palavra se escreve o nome de um dos mais famosos artistas do mundo. Porém, quase ninguém sabe quem ele (ou ela) é. Banksy já fez milhares de obras de arte urbana em todo o mundo, lançou livros e documentários, foi objeto de exposições e construiu uma versão distópica da Disneyland — a Dismaland.
O seu trabalho inclui muita crítica social, tenha a ver com desigualdades, alterações climáticas, preconceito ou falta de compaixão e hipocrisia na nossa sociedade. Mas também tem bastante humor e sátira — além de haver peças exclusivamente ternurentas, sem nenhuma grande mensagem política.
Nas últimas semanas, voltou a aparecer em órgãos de comunicação social um pouco por todo o planeta. Banksy fez uma “sprayvacation” pela costa de Inglaterra, deixando peças em diversas cidades — conheça neste artigo da NiT algumas das principais.
O que se sabe sobre Banksy?
Antes de apresentarmos algumas das hipóteses mais plausíveis (daquelas que são conhecidas) sobre a identidade de Banksy, convém relembrarmos aquilo que de facto se sabe sobre o artista. Banksy cresceu ou viveu em Bristol, no Reino Unido, e começou a fazer graffiti e street art nos anos 90.
Começou a fazer murais e peças artísticas mais elaboradas — com mensagens políticas e de crítica social — no final dos anos 90, mas sobretudo durante os anos 2000. Com a democratização da Internet e, depois, das redes sociais, o seu trabalho deixou de estar circunscrito às ruas onde pinta — e explodiu online, chegando a milhões de pessoas que nunca viram uma peça sua ao vivo. Neste momento tem mais de 11 milhões de seguidores no Instagram.
“Quando eu tinha dez anos, um miúdo chamado 3D estava a pintar as ruas à séria. Acho que ele tinha ido a Nova Iorque e foi o primeiro a levar latas de spray para Bristol. Cresci a ver tinta na rua muito antes de o ver numa revista ou num computador”, disse Banksy numa entrevista à revista “Swindle” em 2006.
“O 3D deixou de pintar mas formou uma banda chamada Massive Attack, o que pode ter sido bom para ele mas foi uma grande perda para a cidade. Graffiti era a coisa que todos adorávamos na escola. Toda a gente andava a fazê-lo.”
Robert Del Naja, o vocalista dos Massive Attack
Isto leva-nos a uma das hipóteses mais mencionadas acerca da verdadeira identidade de Banksy. Muitos fãs especulam que o artista é, na verdade, o mesmo 3D que menciona como referência — o nome com que Robert Del Naja, músico dos Massive Attack, usava quando fazia graffiti nos anos 90 na sua cidade natal de Bristol.
São da mesma cidade, partilham a mesma paixão pelo graffiti e ambos têm uma ideologia política e de crítica social idêntica. Esta teoria começou a circular sobretudo depois de várias pessoas repararem que algumas datas de concertos internacionais dos Massive Attack coincidiam com novas peças de Banksy nas mesmas cidades.
Além disso, numa entrevista, DJ Goldie (próximo dos Massive Attack e de Banksy) poderá ter deixado escapar o nome verdadeiro de Banksy. “Sem desrespeitar o Rob, acho que ele é um artista brilhante. Acho que ele mudou o mundo da arte.” Curiosamente, o nome “Rob” também coincide com outra das hipóteses mais plausíveis discutidas pelos fãs, a de Robin Gunningham.
Será isto tudo apenas uma coincidência? Será Banksy amigo próximo dos Massive Attack? Ou será que Banksy é, de facto, Robert Del Naja? A banda colocou no ecrã de um dos seus concertos a mensagem “Somos todos Banksy”. Robert Del Naja já desmentiu a teoria de que ele é o artista.
O anónimo Robin Gunningham
Uma das teorias mais curiosas tem a ver com um homem chamado Robin Gunningham. Nasceu nos anos 70 nos arredores de Bristol, desenhava com bastante talento na escola e desenvolveu trabalhos artísticos. Houve uma foto tirada na Jamaica, publicada em tempos por um jornal britânico num artigo sobre Banksy, que mostrava Gunningham com material de graffiti. Foi a circulação dessa imagem, juntamente com o seu contexto, que levou a que muitos acreditassem que Robin Gunningham era, de facto, Banksy.
Quase nada se sabe sobre Robin Gunningham. Este homem nunca falou publicamente sobre este assunto nem nunca deu nenhuma entrevista — e Banksy também nunca abordou esta hipótese. Em 2018, houve um trabalho artístico em leilão atribuído a Robin Gunningham. Tratava-se de uma ilustração para o álbum de uma banda de ska de Bristol chamada Mother Samosa. Por causa deste rumor, a peça foi vendida pelo equivalente a mais de 4600€, o que é raro para um artista desconhecido.
O músico dos Gorillaz Jamie Hewlett
Jamie Hewlett não é de Bristol, mas tem uma grande ligação às artes visuais, é um criativo nato e é mais conhecido por ter fundado os Gorillaz com Damon Albarn. Uma investigação financeira às empresas relacionadas com o trabalho de Banksy levou a que o nome de J. Hewlett estivesse ligado a muitas delas em documentos oficiais. É o único proprietário de várias delas, é o principal dono de tudo aquilo que está ligado a Banksy. Contudo, depois desta hipótese ter vindo a público, o nome de Hewlett foi retirado.
Além disso, Banksy colaborou com os Gorillaz em diversos trabalhos da banda e fez a capa de um dos discos dos Blur. Será Jamie Hewlett o verdadeiro Banksy? Ou poderá ser um testa de ferro a ajudar um amigo? Uma representante de Banksy disse ao jornal “Metro” que “Jamie Hewlitt” não é o artista (fica no ar se a troca de “Hewlitt” com “Hewlett” foi um erro normal ou mais um truque de Banksy).
Em 2017, uma mulher alegou ter apanhado Banksy em vídeo no Banksy Hotel, em Israel — o homem que aparece nas imagens é semelhante a Jamie Hewlett. Uma das falhas desta teoria é que Hewlett vivia em Londres com Damon Albarn num dos períodos em que Banksy estava mais ativo em Bristol.
A verdade é que, como muitos fãs apontam, talvez Banksy nem seja uma pessoa — pode ser um coletivo de amigos que assina com um único nome, como acontece com muitas crews de graffiti. Não se sabe se o próprio Banksy instala sempre as suas obras, ou se tem uma equipa que trabalha consigo. Certo é que vai ser sempre difícil chegar à verdade. No recente documentário “Banksy Most Wanted”, um ex-manager e amigo pessoal do artista revelou que o próprio Banksy cria pistas falsas de forma muito calculista e discreta, o que significa que há um método muito bem pensado para que a sua identidade não seja revelada.
Carregue na galeria para conhecer algumas das novas peças feitas por Banksy nas últimas semanas.