“Como poderei abraçar-te?” Foi esta a primeira frase que Mahmoud Ajjour, de nove anos, disse à mãe quando percebeu que os braços foram amputados, após ter sobrevivido a um bombardeamento israelita na Faixa de Gaza. O testemunho emocionou a fotógrafa Samar Abu Elouf, que decidiu tirar um retrato do menino.
O resultado da fotografia, partilhada no jornal “The New York Times”, acabou por valer à artista o primeiro prémio no World Press Photo 2025, o maior concurso de fotojornalismo do mundo. A artista foi reconhecida na 68.ª edição da competição após ter sido selecionada entre quase 60 mil candidaturas.
A captura aconteceu no complexo de apartamentos em Doha, no Qatar, onde ambos vivem, após terem fugido da guerra em Gaza. “A família foi retirada para o Qatar onde, após tratamento médico, Mahmoud está a aprender a usar os pés para jogar jogos no telemóvel, escrever e abrir portas”, escreve a organização da World Press Photo, na página do concurso.
No caso da fotógrafa, foi retirada do enclave em dezembro de 2023. Quando encontrou refúgio, fez da sua missão de vida documentar a luta pela sobrevivência de outras famílias e captar alguns dos feridos graves que conseguiram sair do território e receber tratamento, entre eles Mahmoud, que escapou em março de 2024.
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“A vida deste jovem merece ser compreendida, e esta imagem faz o que o fotojornalismo pode fazer: fornecer um ponto de entrada em camadas para uma história complexa”, disse a presidente do júri do concurso, Lucy Conticello.
Ao todo, foram distinguidos 42 trabalhos, selecionados a partir de quase 60 mil candidaturas. Os vencedores foram escolhidos entre 3778 fotógrafos de 171 países. A cerimónia de entrega de prémios está marcada para 17 de abril, data em que será anunciada a Fotografia do Ano.
Uma das distinções foi atribuída a uma fotógrafa portuguesa. “Maria”, um trabalho de Maria Abranches, venceu um dos três prémios na categoria “Histórias”, da região Europa. Leia o artigo da NiT sobre a participação nacional.
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