Teatro e exposições

Só para quem não tem vertigens: descubra o Percurso Secreto da central mais bela de Lisboa

A visita acontece apenas uma vez por mês e leva-o às entranhas (e às alturas) da Central Tejo, em Belém.
Prepare-se para ver o que nunca viu

Se o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) é um marco imperdível na nova arquitetura de Lisboa, o vizinho gigante que mora a poucos passos de distância é um símbolo de outra era. Uma em que a eletricidade acendia as primeiras luzes no arranque do século XX, uma memória que hoje permanece guardada (e conservada) nos corredores da Central Tejo, em Belém.

Se muitos conhecem já as suas principais alas e as robustas máquinas que outrora transformavam o carvão em energia, há ainda vários segredos por descobrir — mesmo que as visitas guiadas pelos recantos escondidos decorram já há vários anos.

Chamam-lhe Percurso Secreto e, avisa Raquel Eleutério, responsável pelas visitas, não é aconselhável a pessoas com vertigens. Estas visitas guiadas começaram a ser feitas em 2006 e obrigam a agendamento, até porque o percurso não pode ser deixado ao acaso. “As pessoas têm que ir sempre guiadas”, alerta.

Inaugurada em 1908, a central termoelétrica com mais de 40 metros de altura foi responsável pela produção de energia da capital até 1951, ano em que passou apenas a funcionar como equipamento de reserva. No seu interior, toneladas e toneladas de maquinaria pesada, totalmente recuperada e conservada.

“É muito bonito porque está tudo muito bem conservado. Manteve-se todo o equipamento de origem, pelo que é difícil ter esta experiência noutro sítio”, refere. “É um edifício único em Lisboa e até mesmo no mundo, precisamente pela sua boa conservação. É difícil encontrar um equipamento industrial tão completo como o que temos aqui.”

Imóvel de Interesse Público desde 1986, abriu para visitas em 1990 como Museu da Eletricidade e hoje faz parte do campus do MAAT. Além da sua importância histórica, é um monumento arquitetónico que representa o estilo da sua época.

“Estes edifícios crescem e são construídos à volta das máquinas, acompanham a sua dimensão”, relembra Raquel Eleutério. “Por vezes olha-se para o edifício de tijolo e perde-se a noção do que está lá dentro.”

E não há forma de descobrir a fundo tudo o que se esconde no seu interior sem aproveitar as duas horas de visita guiada do Percurso Secreto.

Desde cedo perceberam que a visita teria que ser vendida de forma peculiar e sempre com uma advertência que é repetida antes do arranque de cada tour. O percurso não é mesmo aconselhado a pessoas com vertigens. “Por vezes as pessoas nem têm noção de que têm vertigens até chegarem lá cima.”

O percurso acompanha as “zonas que normalmente estavam encerradas” e que eram de acesso exclusivo a trabalhadores. Isso significa percorrer as escadarias e passadiços de metal que levam até ao topo das máquinas, sensivelmente a 30 metros de altura.

“As escadas são em metal e os corredores em grelha. Tem-se a noção de tudo o que está por baixo e daí a questão das vertigens. Eram os percursos originais dos trabalhadores que faziam a manutenção das máquinas.”

É verdade que é possível utilizar um elevador para subir e descer, mas “o objetivo não é esse”. “Percebemos que fazer o percurso de elevador não era suficiente, porque mesmo a visão lá de cima dá sensações de vertigens. E por isso fazemos sempre a advertência”, explica. “Há funcionários e guias que não vão lá cima, apesar de não haver risco nenhum e ser perfeitamente seguro.”

Ao longo de duas horas, é explicado todo o processo de produção de energia. Das salas das caldeiras aos tapetes de distribuição que recebiam o carvão vindo do topo do edifício e depois o distribuíam. E o percurso leva também os visitantes ao topo do edifício, o que permite “admirar a imensidão das chaminés” e, claro, a vista sobre o Tejo.

O Percurso Secreto tem lugar uma vez por mês, sempre no primeiro domingo, pelas 16 horas. É apenas para maiores de 12 anos e tem um custo de 7€ por pessoa. Há, no entanto, a possibilidade de agendar visitas guiadas para grupos, apenas por marcação.

Carregue na galeria para ver mais imagens do percurso e da Central Tejo.

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