“Oh Baby it’s Raining” é o verso de um hit da cantora Rihanna, mas é também o nome da nova exposição da artista e poetisa Maria Mergulhão. A jovem de 29 anos apresenta no dia 20 de janeiro o seu novo projeto, no qual aborda temas como o amor, o abandono, a distinção entre uma pessoa e um boneco ou um animal e um boneco, questionando as ideias dominantes da sociedade.
A música da cantora trouxe inspiração para o desenho a que dá o nome. E que se repete depois como nome da exposição.
“Estava a ouvir essa música quando montei o desenho referente à exposição. De uma forma irónica, o desenho apela à tristeza, mas também, ao carinho, no âmbito de acordar a nossa image-repertoire de paixão. A exposição funciona como um manifesto político e inerente a várias situações, em que chove e às quais devemos dar atenção, e não só contemplar”, explica a artista.
Além da música, o estilo pop manifesta-se no trabalho de Maria Mergulhão com cores vibrantes, algumas delas aplicadas com spray de grafitti, reforçando a alusão ao manifesto e à revolução. “Volto sempre ao famoso ditado feminista: ‘o pessoal é político'”, adiantou a jovem, também reconhecida ativista do movimento queer.
Kae Tempest, Ary dos Santos Paula Rego e Maria Teresa Horta são alguns dos artistas que inspiraram a pintora nestas composições, que são para si uma espécie de diário. “Confesso-me na arte como se me confessasse a um padre. E tudo o que ela narra é, infelizmente, verdade. Tal como Tracey Emin, considero-me uma artista confessional até na abstração, a que cada cor, cada bola ou traço, apela”, adianta a jovem que pretende com este trabalho fazer o público pensar sobre temas como a sustentabilidade ambiental, a objetificação do corpo da mulher, os direitos humanos, entre outros aspetos fulcrais da sociedade atual.
Maria Mergulhão iniciou o seu percurso “auto-reflexivo” em Londres, onde viveu e estudou. Foi nesta cidade que começou por se dedicar à pintura, escultura, escrita e instalação, culminando na arte que hoje cria e que se foca em temas como a mente, sexualidade, política, sociedade e indústria, sempre com o cunho pessoal da vivência, mas sabendo libertar-se daquilo que criou.
“As obras são minhas filhas no processo criativo que com cada traço as educo, as formo e moldo, para serem duma determinada forma. Quando finalizo o processo criativo, a obra já não está nas minhas mãos, já não me pertence. Torna-se maior de idade e responsável por si mesma. Torna-se um espelho para o público”, acrescenta.
Se o nome Maria Mergulhão não lhe for estranho pode dever-se à recente participação da artista na exposição “Do Outro Lado”, que encheu as ruas de Lisboa com arte, de profissionais portugueses e internacionais, em abril de 2021.
Com mostras do seu trabalho em Portugal mas também lá fora, como Londres, Maria Mergulhão tem já em vista uma exposição no Brasil e o seu principal objetivo é levar as suas obras à escala arquitetónica e incluir uma instalação imersiva. Até lá, pode ver a exposição “Oh Baby it’s Raining” na Sociedade Nacional das Belas Artes, em Lisboa, até 19 de fevereiro.
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