Há 45 anos que o mês de abril em Portugal é especial pelas celebrações do aniversário da revolução de 1974. Este ano, claro, não é exceção. A Câmara Municipal de Lisboa já divulgou a programação completa das iniciativas culturais que pretendem assinalar a data do 25 de Abril — e há várias boas surpresas.
Uma delas é que o Terreiro do Paço volta a servir de tela para espetáculos de videomapping. A ideia é recordar a época da revolução — a guerra colonial, as horas e a madrugada que antecederam o golpe militar e os principais acontecimentos no dia em que a ditadura acabou (além da agitação política nas semanas seguintes).
Vai poder assistir ao videomapping entre 24 de abril e 1 de maio. No primeiro dia só haverá a sessão das 21 horas, mas em todos os outros irá acontecer às 21, 21h30 e 22 horas. Cada espetáculo prolonga-se durante 20 minutos.
Outro dos destaques da programação também acontece na Praça do Comércio — às 21h30 de 24 de abril, e é por isso mesmo que naquele dia só existe uma sessão de videomapping. É um concerto de Fausto, um dos mais importantes músicos daquele período, responsável por canções como “Lembra-me um Sonho Lindo” ou “O Barco Vai de Saída”. A entrada é gratuita.
É entre 24 e 30 de abril que o Teatro do Vestido vai ocupar as instalações do Teatro São Luiz para uma peça imersiva — praticamente documental — sobre como funcionava a ditadura dentro do teatro, e também nos espaços envolventes (já que o São Luiz partilhava uma parede com a antiga sede da PIDE).
O espaço foi importante no próprio dia da revolução. Quando a PIDE abriu fogo sobre aquela rua do Chiado, a António Maria Cardoso — em que foram assassinadas quatro pessoas, as únicas vítimas da revolta —, muitos manifestantes refugiaram-se dentro do São Luiz, ali mesmo ao lado. A peça “Ocupação” estará em cena todos os dias às 21 horas. Os bilhetes custam 12€.
Também pode visitar outro local relevante para a história do Estado Novo — o Cinema São Jorge, na Avenida da Liberdade — neste programa da autarquia. Uma das salas daquele edifício era usada pela Censura para ver e analisar filmes antes que eles chegassem ao público.
Desta vez, e numa sessão aberta ao público, o que se vai ouvir é um documentário sonoro (e às escuras) de 40 minutos sobre a censura e a propaganda em Portugal durante a ditadura. Vai poder escutá-lo entre 19 e 28 de abril, sempre às 19h30. Apesar de a entrada ser livre, como se trata de uma sala pequena (apenas com 21 lugares), será necessário levantar previamente os bilhetes no São Jorge.
Neste mês de abril vai ter ainda a liberdade de dirigir uma orquestra: isso mesmo. Uma orquestra vai estar em vários locais de Lisboa de 19 a 23 de abril à espera que alguém queira ser o seu maestro durante alguns momentos. Faça os gestos como se tivesse uma verdadeira batuta na mão e a orquestra vai seguir as indicações — a ideia é criar uma verdadeira banda sonora para a cidade.
Encontre a orquestra no Largo da Graça (19 de abril), Praça do Oriente (20 de abril), Jardim da Estrela (21 de abril), Largo Trindade Coelho (22 de abril) e Aeroporto de Lisboa (23 de abril).
Não perca ainda a oportunidade de visitar o edifício da autarquia dos Paços do Concelho, na Praça do Município. Vai estar de portas abertas durante todo o feriado de 25 de abril — das 10 às 20 horas. Descubra a arquitetura renascentista do prédio construído depois do terramoto de 1755. Passeie pela Sala da República, o Salão Nobre, a Sala das Sessões Privadas (com obras de nomes importantes da pintura portuguesa) ou a Sala do Arquivo.
É também na manhã de feriado que o jardim do Campo Grande — que agora tem o nome de Mário Soares — acolhe uma festa pensada para famílias, com atividades de desporto, oficinas criativas e concertos. Acontece entre as 10 e as 13 horas.
Temos de destacar ainda o Festival Política, que vai ocupar o Cinema São Jorge de 25 a 28 de abril, e cujas iniciativas têm entrada gratuita. Tanto irão existir debates com alguns candidatos às eleições europeias como espetáculos de humor, tertúlias, workshops e filmes sobre o tema desta edição — a Europa enquanto espaço político.
Uma das exposições do Festival Política reúne vários objetos recolhidos na ilha grega de Lesbos, onde nos últimos anos têm atracado milhares de refugiados vindos de África e da Ásia. “3041,19 KM”, mostra concebida por Pedro Pires, é uma espécie de retrato do que se passa diariamente no mar Mediterrâneo.
A programação completa das celebrações do 25 de Abril em Lisboa inclui ainda exposições e atividades no Museu do Aljube, sessões sobre literatura na Estufa Fria, visitas guiadas no Museu Bordalo Pinheiro e no Museu de Lisboa, e vários debates sobre os direitos LGBTI em várias bibliotecas da cidade. Consulte o programa no site da Programação em Espaço Público da EGEAC.