Teatro e exposições

Tova Leigh. A influencer que fala sobre tudo que as mulheres pensam, mas não dizem

Tem mais de 300 mil seguidores no Instagram, vai dar um espetáculo em Lisboa (cidade onde vive) e esteve à conversa com a NiT.
É um fenómeno online.

Tova Leigh já fez um pouco de tudo. Começou a sua carreira como advogada e, posteriormente, foi produtora de cinema. No entanto, foi na Internet que realmente encontrou o seu público devoto, tudo graças à forma como, em 2015, começou a falar abertamente sobre aquilo que a afligia.

Desde aquela altura, a sua influência passou para vários outros meios. Em 2020, lançou o bestseller internacional “F*cked at 40: Life Beyond Suburbia, Monogamy & Stretch Marks”, que foi traduzido para cinco idiomas. Depois, começou a levar as suas histórias aos palcos. A 8 de outubro vai-se apresentar no Teatro Maria Matos, em Lisboa.

“De peitos caídos e com suores noturnos, feminista e de luto pela sua libido, este espetáculo, assim como os seus vídeos e livros online, está a transbordar de realidade e de histórias facilmente relacionáveis, daquelas que todos gostariam de falar e ninguém tem coragem para”, diz a Ritmos & Blues, a promotora.

É verdade que Tova Leigh, de 48 anos, vai passar por vários tópicos, mas em “Honey I’m Losing It” há um que se destaca: o casamento e todos os seus desafios. “Temos de nos rir das coisas. Às vezes é difícil fazê-lo no momento, mas se nos conseguirmos rir depois, é bom”, conta à NiT

Acabar a digressão em Lisboa é quase como um sonho tornado realidade, visto que se mudou para a cidade há dois anos com o marido e os três filhos. “Precisava de ser a primeira ou a última paragem”, comenta a britânica. Os bilhetes estão à venda na Ticketline e custam entre 25€ e 30€. Também pode comprar o pack com Meet & Greet por 60€.

Leia agora a entrevista da NiT a Tova Leigh, que tem mais de 300 mil seguidores no Instagram.

Quando criou esta persona, estava à espera que esta se tornasse a sua vida?
Acreditaria se dissesse que não planeei nada disto? Foi tudo uma coincidência. Em 2015, tinha três filhos, todos com menos de dois anos e estava a enlouquecer. Decidi criar um blogue para falar sobre a maternidade e os desafios que acarreta, mas de uma forma cómica e tornou-se viral de uma noite para a outra. Não tinha planos de fazer todas as outras coisas que comecei a fazer. Precisava de desabafar.

Começou a criar um público que se identificava com aquilo que dizia.
Inicialmente pensava que era só eu, algo que acontece muito. Pensava que era um falhanço em ser mãe, mas quando comecei a partilhar percebi que muitas mulheres sentiam o mesmo e isso trouxe-me muito conforto. A minha missão começou a ser falar sobre as coisas que as mulheres pensam, mas não dizem em voz alta porque pensam que são um caso isolado. Isso evoluiu de ser mãe para ser uma mulher no geral. Agora tenho quase 50 anos e falo muito sobre hormonas, casamento e a felicidade que ser mulher me traz. Construí esta comunidade fantástica.

Há algum assunto que ache que ressoa mais com as mulheres?
Quando os meus filhos eram mais novos, falava muito sobre ser mãe, esconder os snacks e mandá-los para a cama (risos). Mas agora eles são mais velhos, estão num lugar ótimo antes de se tornarem adolescentes, o que vai ser um desafio. Evoluiu da parentalidade para ser mulher. Nos 40 anos tive uma crise de meia-idade e isso é outro tópico sobre o qual ninguém fala. Também abordo temas mais pesados como os direitos das mulheres, sexismo, misoginia e até as redes sociais, uma ferramenta que uso muito. Adoro usar a comédia para falar sobre estes tópicos. Nos espetáculos que faço conto muitas histórias e são todas engraçadas, mas espero que tenham uma mensagem sobre estas coisas pelas quais sou apaixonada.

Quem já conhece os seus vídeos e livros, o que podem esperar ao vê-la ao vivo?
Estou muito entusiasmada por atuar em Lisboa pela primeira vez. Vivemos aqui há dois anos e já vemos a cidade como o nosso lar. Fico muito contente pelo facto do último espetáculo da digressão ser aqui porque adoro isso. Precisava de ser a primeira ou a última paragem. Vai ser uma noite de histórias engraçadas. Não gosto de dizer que sou comediante de stand-up porque não sou e assim, se não tiver piada, posso dizer que faz parte. Mas as histórias são principalmente humorísticas e, desta vez, são muito à volta do casamento. Este espetáculo chama-se “Honey! I’m Losing It”, e é, sobretudo, sobre o meu marido. Ele é agente [de artistas] e representa comediantes, que conveniente. Já conhece todo o material e sente-se bem. O mais preocupante disto tudo é não inventar histórias — isto é mesmo a nossa vida: 97 por cento do que conto é real.

Talvez seja esse o truque para o casamento.
Acho que se tudo falhar, se tivermos três coisas — honestidade, sentido de humor e uma boa garrafa de vinho —, vamos ficar bem. Temos de nos rir das coisas. Às vezes é difícil fazê-lo no momento, mas se nos conseguirmos rir depois, é bom.

No seu espetáculo vai abordar novos temas?
Uma das principais mudanças é o facto de nunca ter feito muita comédia sobre o casamento. Falei muito sobre a maternidade e sobre ser-se mulher, alcançar os 40 anos, esse tipo de coisas. Mas este espetáculo é sobre relacionamentos. Desta vez eu disse que os maridos são bem-vindos. É muito lúdico. Diria que as relações são o tópico principal, embora toque noutros assuntos. O feminismo está lá no meio e está tudo conectado.

Após a mudança para Lisboa, encontrou aquilo que procurava?
Sim. Nós temos uma história com Portugal. Tínhamos vindo cá há uns anos durante umas férias e ficámos apaixonados. É um país lindo e é incrível como, num país tão pequeno, temos vistas e locais tão diferentes. O Norte é muito diferente do Sul. Mas o que gostamos mais é das pessoas porque são tão calorosas e muito orientadas para a família e eu adoro isso. Vivi em Londres durante 20 anos e gostei muito, mas sinto-me maravilhada com a rapidez com que nos começámos a sentir em casa aqui, porque só cá estamos há dois anos. Claro que temos amigos de vários países, mas também fizemos boas amizades com portugueses e isso tem sido a melhor parte. Ver o País a partir do ponto de vista deles tem sido muito agradável.

Quais são os seus lugares favoritos na cidade?
Adoro Lisboa, mas, na verdade, gosto ainda mais da natureza que existe em Portugal. Adoro o Norte. Fomos ao Gerês recentemente e é um segredo que os portugueses não contam a ninguém. É de cortar o fôlego. O meu marido disse que era o sítio mais lindo que tinha visto na vida. Estivemos lá uma semana e nem tenho palavras para descrever. Vamos voltar.

Já tem planos para concretizar após o espetáculo?
Estou a escrever um novo livro. Quando acabar a digressão, esse vai ser o meu foco principal. Quero acabar de escrever em dezembro para sair em junho do próximo ano. Vai ser focado no empoderamento feminino. Em Portugal, uma das coisas que comecei a fazer foi liderar retiros de empoderamento feminino no Algarve porque é um pano de fundo lindíssimo. Achei que era uma oportunidade ideal para conhecer pessoalmente as pessoas da minha comunidade e ter uma experiência mais aprofundada.

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