Os antigos Armazéns Vinícolas Abel Pereira da Fonseca, em Marvila, são agora o novo espaço de cultura e comércio independente na capital. Foi neste lugar que nasceu o 8 Marvila, que, com os seus 22 mil metros quadrados, promete ser uma referência na cidade e o “centro de uma nova Lisboa”.
O centro cultural abre parcialmente esta quarta-feira, 20 de setembro, com o restaurante Mato, o clube OUTRA Cena e a Galeria Zé dos Bois — mas este é só o início de uma revolução naquela zona. Com curadoria do programador e produtor José Filipe Rebelo Pinto, este projeto, que irá crescer ao longo dos anos, propõe-se a “a dignificar a cidade com um espaço de referência para a cultura alternativa e empreendedorismo independente”.
O objetivo é conseguir dinamizar a Zona Oriental de Lisboa, com tudo a que temos direito: cultura, comércio, restauração e até mesmo desporto. Ao longo desta semana, o novo espaço da Galeria Zé dos Bois vai apresentar a performance “WOYZECK FUCK’EM’OL!”, de Cláudia da Silva, Carolina Dominguez e Pedro.
Já no segundo piso vão abrir-se as portas do clube OUTRA CENA, enquanto que o restaurante MATO será inaugurado na quinta-feira, 21 de setembro. Na praça central os visitantes têm ainda à disposição uma esplanada, um bar e duas food trucks (a Oficina e 15 Gramas), mas, em breve, chegarão mais opções de restauração, como o restaurante mexicano Taqueia Paloma, o The Pastry Lab e o Dear Breakfast.
O complexo vai incluir, ainda, nove campos de padel, um palco de concertos construídos com materiais reciclados, uma sala de espetáculos com lotação para 1500 pessoas, uma discoteca e galerias de arte, destacando-se a Because Art Matters. Além disso, o novo centro cultural terá um total de 22 lojas comerciais, onde poderá encontrar desde roupa em segunda mão a decoração e design.
A loja de restauro de bicicletas RCICLA, a fotografia analógica da The Lisbon Frame, as lojas de roupa Black Mamba e Terry Hats, o estúdio de tatuagens da Elisa Rezende, o design e decoração da Napo Ruba e os vinhos da CUBA Nº160 são alguns dos espaços comerciais que vão marcar presença na mais recente novidade de Lisboa.
Para José Filipe Rebelo Pinto, este projeto surgiu “de forma muito natural”. “Pegar num espaço desta dimensão e com a história que tem é um desafio bastante enriquecedor. Olhamos para este espaço e questionámos: ‘o que era isto no passado?’. A partir desta questão, começámos a trabalhar na nova vida que queríamos dar este espaço”, disse o curador do 8 Marvila, que estará, em breve, em pleno funcionamento.
Quanto à renovação do edifício, foi tida em consideração toda a história de Abel Pereira da Fonseca e a própria história de Marvila, que “sempre foi uma zona industrial”. Os armazéns vinícolas já haviam sido ampliados pelo arquiteto Norte Júnior, em 1917, que acrescentou uma fachada alusiva ao formato das adegas de vinho, que foi agora requalificada. Mesmo depois de tantos anos, foi possível reaproveitar mais de metade do entulho, madeira, ferro e chapa. A juntar a isso, os decoradores espalharam ainda plantas e flores pelo espaço, para refletir “a prática sustentável do projeto”.
“O 8 Marvila é um espaço de comunidade, com uma componente cultural e uma componente social de partilha, que espera envolver a cidade, e em particular a região de Marvila”, refere o programador.