Depois da estreia em julho, “A Gala” está de volta para mais quatro sessões nas próximas quatro sextas-feiras. Entre o teatro imersivo e a experiência interativa virtual, esta é uma criação feita durante a quarentena pensada por Michel Simeão — o ator e encenador responsável pelo Projeto Casa Assombrada, que tem tido imenso sucesso — e Luísa Fidalgo e Miguel Mateus.
“Não lhe chamamos de peça de teatro, porque as pessoas remetem imediatamente para uma imagem de palco e teatro filmado, e isto não é isso. Isto surge durante a pandemia, comigo e com mais dois colegas que, como eu, também são atores, autores e encenadores”, explicou Michel Simeão à NiT na altura da estreia.
“Os três cada um na sua casa: bora fazer qualquer coisa que seja possível levar para o mundo virtual, mas sem ser aquilo que toda a gente estava a fazer — algo já realizado, já filmado, editado e posto online. Nós queríamos fazer algo que tivesse uma pulsação live.”
Assim, e ao longo de dois meses e de forma remota, criaram “A Gala”. É uma narrativa que é transmitida em direto num site criado de propósito chamado A Matriz, que foi desenvolvido em colaboração com a Pixel Studio. Seis amigos estão a preparar-se nas suas casas para uma gala que vai acontecer algumas horas mais tarde.
O público que estiver a assistir vai ver as seis salas ao mesmo tempo — onde acontecerão três conversas — e vai selecionar que conversa vai ouvir. Irá sempre perder parte do texto mas a ideia é mesmo ir saltando de cenário em cenário. O elenco vai estar mesmo nas respetivas casas. Além dos três criadores do projeto, Isabela Valadeiro, José Mata e Carolina Carvalho também participam nesta iniciativa.
Carolina Carvalho interpreta uma agente imobiliária chamada Carmo. É descrita como misteriosa, cuidadosa, atenta e submissa, uma mulher exótica e indecifrável. Já Luísa Fidalgo interpreta uma enfermeira chamada Joana. É decidida e apaixonada, festiva e impulsiva, criativa e simpática — sempre teve tudo aquilo que quis.
Michel Simeão faz de João, um agente imobiliário introvertido, reservado e sensível, que se vitimiza e não consegue enfrentar as dificuldades — é consumido por uma crise de consciência que o torna uma pessoa incoerente. Isabela Valadeiro é Maria, que também é agente imobiliária. É extrovertida, vibrante, segura e protetora. Mas também é egoísta, presunçosa e vaidosa, com uma “bússola moral desnorteada”.
Miguel Mateus interpreta Paulo, um hacker introvertido, enigmático e até mesmo sombrio. É incapaz de sentir empatia ou felicidade pelos outros — tem uma ambição desmedida e uma moral duvidosa. Por fim, José Mata tem o papel de outro agente imobiliário, Rui, carismático e íntegro, trabalhador e bon-vivant. Justo e leal — embora tenha “o coração no sítio certo mas demasiado perto da boca”, o que faz com que por vezes seja inconveniente e impetuoso.
“Criámos uma narrativa, uma rede de intrigas e mistérios entre seis amigos, que se estão a preparar para ir a um evento umas horas mais tarde. E vai haver uma anfitriã que vai guiar as pessoas ao longo da experiência, fazendo perguntas, fornecendo pistas e depois o público vai ter uma caixa de diálogo através da qual vai poder responder às perguntas que são feitas. ‘Quem vai morrer?’ ou ‘Quem é que matou?’ e este tipo de coisas. É uma espécie de Cluedo de mistério. Se as pessoas forem bem sucedidas têm direito a assistir a um desfecho especial que só acertando nas várias perguntas poderão assistir. Tem este lado interativo. A linguagem é muito cinematográfica, muito oral.”
A experiência dura uma hora e existe este constante poder de escolha, em que o público — que está em casa — decide a quem quer ouvir a cada momento e vai tentando desvendar os mistérios do enredo.
Os bilhetes para assistir a “A Gala” custam 7€ e estão à venda online. A experiência é aconselhada para maiores de 16 anos, tem a duração de 50 minutos e começa sempre às 21h30.