Durante anos, Cláudia Abreu sentiu um enorme fascínio por Virginia Woolf. Imergiu na vida e na obra da escritora e, em breve, apresentará em Lisboa os frutos da sua extensa investigação. A atriz brasileira é a protagonista de “Virginia”, um monólogo dedicado à autora britânica, que estará em cena no Teatro Maria Matos.
O texto apoia-se no recurso mais característico da literatura da escritora: a alternância de fluxos de consciência, que dá voz tanto a pensamentos reais como fictícios, que habitam a sua mente. A dramaturgia de “Virginia” foi também pensada como um inventário pessoal da vida de Wolf.
Nos momentos finais da peça, Wolf recorda episódios significativos da sua existência, desde a sua paixão pelo saber até os instantes de felicidade partilhados com os amigos do círculo intelectual de Bloomsbury. A obra revela, ainda, afetos, dores e o seu processo criativo.
Estreado em 2022, a produção já passou por duas temporadas em São Paulo e no Rio de Janeiro, além de ter sido apresentada em mais de 20 cidades brasileiras, alcançando um público superior a 40.500 espectadores – um número que certamente aumentará em Portugal.
Outra novidade de fevereiro é “Um País que é a noite”, que estará em cena entre 6 de fevereiro e 16 de março no Teatro da Trindade INATEL. O elenco inclui nomes como João Sá Nogueira, Maria João Falcão, Martim Pedroso e Rui Melo.
A peça decorre no ano de 1959, quando Jorge, em fuga da PIDE, combina um encontro secreto com a amiga Sophia, para se despedirem. No entanto, o momento é abruptamente interrompido por dois agentes. A obra desenvolve-se a partir de um diálogo fictício entre dois dos mais proeminentes poetas portugueses, Sophia de Mello Breyner Andresen e Jorge de Sena, nas horas que antecedem a fuga dele para o Brasil.
“Um País que é a noite” situa-se entre o drama histórico e o teatro documental, traçando um retrato de um Portugal anacrónico e dividido: entre aqueles que celebram a poesia e os que a desprezam; entre os que pensam e os que obedecem; entre os que aspiram à liberdade e os que temem o desconhecido – e, claro, a iminência de uma revolução democrática.
“É um retrato distante da contemporaneidade, mas que se aproxima, cada vez mais, do que nos ameaça diariamente: este pensamento em forma de pesadelo antecipado de que tudo pode, rapidamente, repetir-se, num regresso ao terror dos velhos tempos de privação da liberdade individual”, lê-se na sinopse.
Carregue na galeria e conheça as peças de teatro que vai poder ver em Lisboa ao longo de fevereiro.