A exposição do mais prestigiado concurso de fotojornalismo do mundo, o World Press Photo, está de volta a Portugal. A mostra de fotografia foi inaugurada a 15 de setembro, no Parque dos Poetas, em Oeiras. Fica por lá até 15 de outubro — é a primeira vez que está em exposição num espaço ao ar livre.
Como sempre, no World Press Photo vai poder ver fotografias incríveis que representam, neste caso, o ano de 2020. São imagens que, além de poderosas ou belas, simbolizam acontecimentos relevantes que se passaram no último ano. O concurso foi criado em 1955 pela organização homónima sem fins lucrativos.
A imagem que venceu o prémio de World Press Photo of the Year (a foto do ano) foi captada pelo fotojornalista dinamarquês Mads Nissen. É uma das muitas que vai poder ver em Oeiras de segunda-feira a domingo, das 9 às 23 horas (de 15 a 30 de setembro), e das 10 às 20 horas (de 1 a 15 de outubro). A entrada é gratuita.
A fotografia é referente à pandemia da Covid-19. Pode-se ver uma mulher idosa, Rosa Luzia Lunardi, com 85 anos, a ser abraçada pela enfermeira Adriana Silva da Costa Souza. A imagem foi captada no lar Viva Bem na cidade de São Paulo, no Brasil.
Este foi o primeiro abraço de Rosa em cinco meses. Em março de 2020, os lares de todo o Brasil fecharam a porta a todos os visitantes por causa da pandemia (tal como aconteceu em muitos outros países).

Além de milhões de pessoas não poderem visitar os seus familiares idosos, os auxiliares foram ordenados a interagir o mínimo possível com os utentes, de modo a evitar potenciais contactos de risco.
Neste espaço em específico, o Viva Bem, foi criada a cortina do abraço — que aparece retratada nesta imagem — que permitiu que as pessoas se abraçassem e tocassem novamente, mantendo a segurança. No final de 2020, o Brasil tinha alguns dos piores números mundiais da pandemia. Somava mais de 7,7 milhões de infeções e cerca de 195 mil mortes.
A foto, intitulada “The First Embrace”, terá sido certamente selecionada pelo seu simbolismo. Aborda a pandemia da Covid-19, o grande acontecimento mundial de 2020, mas com uma mensagem de esperança e de conforto.
“Para mim, esta é uma história sobre esperança e amor nas alturas mais difíceis”, disse o fotógrafo Mads Nissen ao World Press Photo. “Quando soube da crise que estava a acontecer no Brasil e sobre a pobre liderança da presidência de Jair Bolsonaro, que estava a negligenciar este vírus desde o início, que o caracterizou como uma ‘pequena gripe’, senti vontade de fazer algo.”
Um dos membros do júri do World Press Photo, o fotógrafo e diretor criativo Kevin WY Lee, também descreveu a relevância desta imagem. “Esta icónica fotografia sobre a Covid-19 fixa na memória o mais extraordinário momento das nossas vidas, em todo o lado. Eu vejo vulnerabilidade, entes queridos, perda e separação, morte, mas, e de forma importante, também vejo sobrevivência — tudo encapsulado numa única imagem. Se olhares para ela tempo suficiente, vais ver asas: um símbolo de voo e esperança.”