Todos os dias da semana podemos ver Ana Marques na SIC. De segunda a sexta-feira apresenta o programa matinal “Alô Portugal”. Aos domingos está na SIC Caras com “Posso Entrar?”. E aos sábados vemo-la ao lado de Marco Paulo em “Alô Marco Paulo”.
A apresentadora de 49 anos começou a carreira no início dos anos 90 e continua no mesmo canal desde então. A NiT entrevistou Ana Marques sobre como tem sido a experiência de gravar “Alô Marco Paulo” — que não tem data para chegar ao fim, mas que deverá terminar nas próximas semanas.
O que é que achou da ideia para o programa “Alô Marco Paulo” quando lhe foi feito o convite, quando o programa lhe foi apresentado?
De que é que gostei mais? Para já, trabalhar com uma pessoa que não fazia televisão há muito tempo e que tinha uma enorme vontade de voltar à televisão. E eu poder tecnicamente dar o meu apoio. Depois, o facto de ser um desafio de um programa que são cinco partes: ou seja, quatro horas de programa a um sábado, puro entretenimento, e de ser o típico programa de variedades, isto dito à moda antiga. É um programa que tem música, conversa, temas, histórias de vida, que é palco também de muitos novos músicos, novas abordagens musicais… E isso teve condimentos suficientes para eu achar muito interessante.
A Ana já conhecia pessoalmente o Marco Paulo?
Já, já conhecia o Marco Paulo há muitos anos mesmo. E lembro-me da primeira vez que o relacionamento foi logo muito simpático e afável.
O facto de ser gravado na casa do Marco Paulo também foi um desses condimentos interessantes, como estava a dizer?
O facto de ser em direto é uma coisa que, tanto a mim como ao Marco Paulo, nos entusiasma bastante mais do que fazer gravado. E depois o jardim é muito bonito e também está muito bem cenografado, pela simplicidade com que a equipa de produção da SIC tratou dos cenários. Acho que se compôs ali um cenário muito agradável, que é mesmo de receber os espectadores, de se sentirem em casa do Marco Paulo como se fosse a sua própria casa.
Como já conhecia o Marco Paulo, pessoalmente e também enquanto músico e aquilo que tinha feito na área da televisão, as suas expetativas confirmaram-se em relação à forma de trabalhar do Marco? Era aquilo de que estava à espera?
Eu não estava propriamente à espera de nada. Antes do programa já tínhamos feito para o “Alô Portugal” uns pequenos-almoços em casa do Marco Paulo — e lembro-me que até foi durante um pequeno-almoço que brincámos com esta ideia de um dia o Marco fazer ali um programa em casa dele. Se calhar foi a partir daí que se foi desenvolvendo ou estruturando de forma mais objetiva a ideia de tornar isto realidade. Eu não tinha expetativas nenhumas. Quer dizer, conheço o Marco, sabia que tinha deixado de fazer televisão há muito tempo. Além disso, o facto de a pandemia nos ter arrastado para dentro de casa, é algo que obviamente mexe connosco, com a nossa forma de estar. Eu, por exemplo, nunca parei com a pandemia. E no entanto na semana que estava em casa parece que enferrujava logo um bocadinho. Também aí as pessoas se põem mais em causa. Será que sou capaz, será que não sou? Agora, o entusiasmo que o Marco Paulo leva a partir do primeiro dia para fazer este programa é uma vontade tão grande, uma alegria tão grande, é como uma criança que tem o brinquedo que deseja há anos, não é? E essa alegria também trouxe alguma pica a todos nós.
Obviamente, Marco Paulo tem uma personalidade forte, chegou a interrompê-la algumas vezes no início e isso tornou-se um tema de conversa nas redes sociais…
O Marco está muito destreinado de fazer televisão, ele próprio assume isso. E vendo a evolução toda que já fez dá para perceber que já está como peixinho na água. Um primeiro dia, para qualquer profissional, é sempre um primeiro dia. E não houve propriamente ensaios. Nós começámos assim que a luz da câmara se acendeu, assim que começou o direto. Se quisermos aflorar um bocadinho aquilo que foi polémico, quando dizem que o Marco Paulo manda… e não manda calar, porque quando ele diz que o programa é dele, o programa é dele! E é como uma criança feliz que tem o seu brinquedo, aquilo que desejou, e só está orgulhoso de ter aquilo que desejou. Eu vejo muito mais pelo entusiasmo…
Do que pelo lado negativo.
Sim, porque sinto todos os dias que o Marco me é muito agradecido de eu estar ali ao lado dele.
E também é curioso que a Ana faça essa descrição, de ser como uma criança com o seu brinquedo, para uma pessoa com a idade e a experiência de Marco Paulo.
Sim, mas o Marco é um eterno jovem. É uma pessoa que, para já, não gosta que se fale da idade. E realmente a idade para ele é só um número no cartão de cidadão. Porque na realidade ele vê-se e comporta-se como um eterno jovem. Isso também é muito contagiante quando se está ao pé dele. Eu nem vejo a pessoa… cuja idade eu nem sei bem. Eu vejo a pessoa que é meu parceiro, que está ao meu lado com uma imensa vontade de fazer bem, de fazer melhor, e de viver aquilo com alegria.

E o papel da Ana também tem sido, com a sua experiência, equilibrar e ajudar a fazer com que Marco Paulo tenha uma boa prestação.
Sim, a minha prestação também passa muito pela técnica, porque estou em televisão há tantos anos e todos os dias, tenho um traquejo técnico que faltava ao Marco e que ele próprio sentia. Por isso é esse apoio que lhe dou. Agora, de há semanas para cá temos vindo a construir uma cumplicidade que já estamos taco a taco. Mas obviamente o Marco apoia-se imenso em mim e até brincamos com isso no ar. Nós não temos propriamente uma coisa constrangedora no ar de se ele se esquece de alguma coisa, eu estar a emendar… Ele não faz televisão há imenso tempo, esquece-se das coisas, não é? E já brincamos com aquilo que podiam ser falhas aos olhos das pessoas, já desmontamos qualquer falha. E acho que essa naturalidade é obviamente o que contagia as pessoas lá em casa.
Qual é que diria que tem sido o maior desafio neste programa?
O frio [risos]. Porque aquilo é no sopé da Serra de Sintra e o verão tem estado muito intermitente, e começar um programa com 20 e poucos graus e acabá-lo para aí com 15, como já aconteceu, tem sido o desafio maior. O vento, o frio, têm sido os únicos senãos do programa. Porque, de resto, a equipa é extraordinária. Já trabalho com parte das pessoas há muitos, muitos anos, são muito entusiastas, dão-nos imenso apoio e carinho. E isso dá uma ótima vibração. Há momentos em televisão que não conseguimos explicar: parece que a coisa se alinha toda entre a equipa e há uma boa onda. Isso tem acontecido muito. Realmente a única coisa chata é o frio.
Aquilo de que tem gostado mais é essa ligação à equipa e ao Marco Paulo?
Sim. Obviamente estou a trabalhar de segunda a sexta-feira, e faço o programa também ao sábado. Exceto agora que estou de férias, tem-me restado pouco tempo para a família, não é? Mas isto seria tudo mais difícil se eu não chegasse lá e não me sentisse muito feliz. Há realmente um ótimo ambiente e vou com muita alegria trabalhar ao sábado. A família do Marco Paulo, as pessoas que lá trabalham, também geram ali uma familiaridade, é muito estar em casa, é como se fosse tudo a mesma equipa.
Além do tempo em direto, quanto tempo a mais é que tem de estar lá em casa aos sábados?
Eu chego por volta das 11 horas e o programa acaba às 20. Por isso nunca saio de lá antes das 20h30 ou 21. Chegamos lá para uma reunião de alinhamento, depois há textos para ler, ensaios, marcações, o Marco Paulo tem que ensaiar as músicas, os músicos têm que ensaiar também, é preciso maquilhar, pentear, testar roupa, tantas coisas que se têm de fazer antes de um programa.
E no pós-programa fazem um balanço?
O pós-programa é mais estar um bocadinho ali à conversa. Não é um balanço formal, é um balanço informal de “ai que engraçado aquele momento”, “olha que giro a parte em que o Marco cantou com o Tiago Bettencourt” e ficares ali montes de tempo à conversa ainda com o Tiago Bettencourt e toda a equipa e o Marco e toda a gente. É quase uma descarga de adrenalina e estamos um bocadinho a lembrar-nos de alguns dos detalhes do programa — e se calhar também a corrigir algumas coisas também.

O programa tem data para terminar?
Não tenho data nenhuma… Acho que enquanto estiver bom tempo continuamos a fazer o programa [risos]. Acho que faz sentido. No inverno não dá para fazer. Aliás, já houve um dia em que tivemos de contratar uma tenda porque chovia torrencialmente em junho. Chovia, fazia vento, trovoada, tudo. E portanto aí obviamente a imagem não é a mesma. Mas não sei: isso é preciso perguntarmos ao Daniel Oliveira.
Essa questão da tenda foi o maior contratempo que já surgiu?
Sim, foi uma coisa antecipada, não foi do próprio dia, mas foi um programa muito difícil de fazer porque estava um frio horrível e obviamente eu não estava vestida propriamente de verão mas não era de certeza de inverno. E foi assim um momento um bocadinho mais… Às oito da noite já batíamos o dente. E às vezes até tínhamos dificuldade em ouvir as conversas com os convidados por causa do barulho do vento. Mas, pronto, são coisas que se fazem e que não passam lá para fora, quem está em casa não se apercebe. Este foi o mais complicado mas foi divertido na mesma. Passava o tempo, nos intervalos, enrolada numa manta — e depois tirava-a e fingia que estava ótima.
Há algum tipo de programa que ainda não tenha tido oportunidade de fazer, mas que um dia gostaria de experimentar?
Não sei, eu tenho um fascínio grande por programas tipo aqueles de perguntas, do “Quem Quer Ser Milionário?” e essas coisas. Mas os meus programas preferidos são deste género: que incluem conversa, com histórias de vida… São sempre os meus preferidos. Eu não tenho assim nenhumas expetativas, vou andando um bocadinho conforme as marés, e o facto é que já estou nisto há quase 35 anos e tenho feito muita coisa. Estou com um programa todos os dias em direto no ar, depois estou aos sábados e depois aos domingos com um programa gravado e que é totalmente diferente, não é? O “Posso Entrar?”, que recebo imenso feedback das pessoas, um programa que está na SIC Caras, que se calhar não tem popularidade mas que é um programa de nicho. Acabo por estar em vários registos diferentes.
E nesse sentido sente-se realizada?
Sim, como também gostei muito de fazer o “#EuQueroArrumar” há um ano, que é muito a minha cara e adorava continuar com esse estilo de formato. Gosto muito desses formatos muito populares como também de nicho e também de os tornar populares para toda a gente.