Esta quarta-feira, 9 de março, “Anatomia de Grey” regressa à televisão e eu não podia estar mais ansiosa para que cheguem as 22h20 — para me aninhar no sofá, enrolada numa manta, com um balde de pipocas e a televisão sintonizada na Fox Life. It’s Grey’s time!
Para quem não conhece (o que acho quase impossível), “Anatomia de Grey” acompanha a história de um grupo de cirurgiões residentes, visitantes e assistentes que enfrentam as dificuldades inerentes à carreira competitiva que escolheram. Passa-se na ala de cirurgia do Grey Sloan Memorial Hospital, antigo Seattle Grace (só quem viu todas as temporadas vai perceber) situado em Seattle, nos EUA. Mas o que é que ainda me prende à série, depois de tantos anos?
Além de ser a série médica mais longa da história da televisão americana, que comecei a ver quando ainda passava RTP2 ao lado da minha mãe, e que me faz sentir nostálgica sempre que ouço o genérico… esta série é um marco cultural que tem procurado desafiar limites com temas atuais e personagens pouco convencionais — com uma boa dose de drama à mistura. Ora porque matam as personagens principais, ora porque a Meredith Grey (Ellen Pompeo), mesmo depois de tantas despedidas, mortes, acidentes de avião, tiros, bombas e até uma pandemia, ainda está viva. Super heroína? Sorte? Não sei. Querer saber qual será o desfecho final desta personagem é que me vai fazendo ficar colada ao ecrã, na expectativa do próximo episódio.
Outra razão, mais masoquista, é porque ainda desejo o regresso da mítica, incontornável, sensível, mas sempre sincera e sem filtro, Doutora Cristina Yang (Sandra Oh). Enquanto muitos suspiravam pela ingénua e querida Meredith, ou pelo charmoso McDreamy (confesso que eu também), eu era sobretudo fã da cirurgiã de cardiologia. Quando ela saiu da série, chorei quase tanto como quando vi o irónico fim de Derek Shepherd (Patrick Dempsey). Izzy (Katherine Heigl), casada com Alex Karev (Justin Chambers), e os seus filhos gémeos, se voltassem, também seriam bem-vindos. Não há saída que abale a produção de Shonda Rhimes, que arranja sempre forma de dar continuidade à história e de criar novas personagens que têm tanto de intrigante como de apaixonante.
Posso falar de todas as personagens que acredito que fazem falta à série, ou do quanto também chorei ao sentir a dor da Meredith quando teve que concordar com o desligar das máquinas do Derek. Mas uma das coisas de que mais gosto é a representatividade feminina. Complexas como mulheres reais, e sem tanta idealização ou estereótipos, conseguimos realmente identificar-nos com elas e com os seus problemas. Mas há mais: ambição e valorização. Durante todas as temporadas não houve um momento em que alguma mulher não estivesse a lutar por um lugar no Grey Sloan Memorial Hospital. Porém, Yang e a Bailey são os melhores exemplos de que as mulheres podem (e devem) ambicionar cargos superiores. Mostram que são igualmente inteligentes e competentes e que podem trilhar uma carreira profissional, mesmo num ambiente laboral extremamente competitivo, apenas por capacidade e mérito.

A par da ambição e da batalha por uma carreira de sucesso, que Shonda Rhimes nos mostra que é possível alcançar, a série mostra-nos a importância da valorização pessoal e de marcar posição. “He’s very dreamy, but he’s not the sun. You are.” [Ele é um sonho, mas não é o sol. Tu é que és] A mítica frase de Yang para Grey de que os verdadeiros fãs não se esquecem, quando Derek queria mudar de cidade por causa de um emprego, fazendo com que Meredith equacionasse acompanhá-lo com os filhos, mesmo contra a sua vontade. Depois deste conselho, Meredith marca a sua posição e fica em Seattle com os filhos para lutar pela carreira.
Se gostam de séries de médicos (re)vejam tudo desde o primeiro episódio — recordo que já vai a meio da 18.ª temporada. Tem tanto de ação como de drama: chego passar da apneia aos pulos com a adrenalina que conseguem transmitir. Se são impressionáveis com sangue, tripas e entranhas, ou se não aguentam um bom drama… não vejam. Podia ser só uma série, mas é mais do que isso. “Anatomia de Grey” continua a inspirar as mulheres a lutar pelo que querem, pelos seus direitos — e a deixar-me rendida e grudada ao ecrã.
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