Não foi a Coca-Cola que inventou o Pai Natal, mas foi ela que ajudou a popularizar a imagem do velhote de barbas brancas que hoje faz parte do imaginário coletivo. Nos anos 30 do século XX, um ilustrador contratado pela marca criou a figura para fazer parte dos anúncios de Natal. O sucesso foi tanto que, até hoje, os conteúdos publicitários da marca norte-americana ligados à quadro são dos mais esperados, anualmente.
Das ilustrações originais a grandes produções, ao longo das décadas a Coca-Cola foi elevando a fasquia dos anúncios de Natal, à medida que a tecnologia ia também evoluindo. Em 2024, rendeu-se à Inteligência Artificial (IA), estratégia que decidiu continuar a adotar este ano.
Tal como no ano passado, o anúncio não foi feito com atores reais, mas sim com imagens criadas através de IA. “The Holidays Are Coming”, lançado nesta segunda-feira, 3 de novembro, mostra objetos, animais e pessoas geradas artificialmente, uma opção que não está a agradar os fãs.
O anúncio foi mal recebido por muitos nas redes sociais e há profissionais do setor artístico que também já se pronunciation. “O vermelho da Coca-Cola vem do sangue dos artistas desempregados”, apontou o argumentista de Hollywood Alex Hirsch.
O vídeo foi criado pelo estúdio Secret Level, de Los Angeles. “No ano passado, as pessoas criticaram a execução. Mas este ano, o nível de detalhe é dez vezes maior”, afirma Pratik Thakar, vice-presidente global e responsável de IA generativa da Coca-Cola, ao “The Hollywood Reporter.”
“Vão haver críticas. Não conseguimos agradar a todos a 100 por cento”, acrescenta. “Mas se a maioria dos consumidores reagir de forma positiva, vale a pena avançar.”
“Os críticos na Internet são os mais barulhentos”, acrescenta Thakar. “Muitos dos que se queixaram no ano passado pertencem à indústria criativa — estavam simplesmente com medo: medo pelos seus empregos, medo do impacto da IA. Mas o anúncio teve bons resultados nos testes, e o público em geral gostou.”
O spot publicitário mostra os emblemáticos camiões da Coca-Cola a atravessar diferentes locais, observados por animais como focas e pandas, numa espécie de viagem à volta do mundo. No final, a porta de um camião abre-se e surge o Pai Natal, uma imagem criada exclusivamente a partir das pinturas originais de Haddon Sundblom, artista dos anos 30 cujas ilustrações para a “The Saturday Evening Post” definiram a representação moderna de São Nicolau — o homem de barba branca e fato vermelho.
Embora os vídeos gerados por IA ainda possam apresentar pormenores demasiado artificiais, a Coca-Cola decidiu assumir esse estilo ao optar por retratar animais com características humanas em vez de pessoas, algo que, segundo Thakar, antes não era tecnicamente possível. “No ano passado era difícil captar expressões em animais, por isso tivemos de usar rostos humanos. Agora a tecnologia evoluiu, e já conseguimos fazê-lo”, explica Pratik Thakar

LET'S ROCK







