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Artist: o grupo de dança que emocionou Moura dos Santos no “Got Talent”

Os bailarinos da Academia Gimnoarte garantiram o lugar na fase final do concurso — e não páram de comover o público.
Têm entre 15 e 25 anos.

Após quatro décadas de coreografias, e com vários títulos mundiais conquistados, a Academia Gimnoarte, da Póvoa de Varzim, sentiu falta de um novo desafio. Foi essa ambição que levou a escola de dança a criar um coletivo, o Artist, formado a partir dos melhores bailarinos do grupo com o foco das atuações na expressão de emoções.

Fundado em 2025, tem vindo a “inspirar, emocionar e inspirar os jovens a serem quem realmente são”, começa por explicar à NiT a professora e diretora da academia, Joana Rios. Esta missão e o estilo de dança contemporânea destes jovens não tem passado despercebido na nova edição do “Got Talent”.

O grupo confirmou a passagem à final do concurso da RTP este domingo, 23 de março, com uma atuação que combinou dança e acrobacia. Os bailarinos, com idades entre os 15 e 25 anos, voltaram a conquistar aplausos e elogios do público e dos jurados, que se têm emocionado com os espetáculos.

“Não é comum ter este tipo de dança contemporânea nestes programas de talentos. É uma oportunidade incrível para uma companhia semiprofissional apresentar-se neste palco”, continua Joana, sublinhando que foi motivada a inscrever-se pelo objetivo de fazer uma digressão com esta equipa.

Para este momento da semifinal, o Artist decidiu preparar uma atuação na qual a coreografia é acompanhada por um poema de Bruno Mendes, assim como um desenho musical de José Luís Postiga, inspirado no filme “Interstellar”. O tema que inspirou a apresentação foi a força do amor.

Joana teve mais de quatro meses para preparar e treinar este número. Musicalmente, foram feitas entre 10 a 12 versões do tema, além de terem incorporado a acrobacia como forma de “representar o desejo de passar para outra dimensão”, explica.

O grupo foi escolhido com base nas suas capacidades não só a nível de dança, mas também de interpretação ou performance acrobática. Como todos os alunos estão inscritos na academia, têm aulas todos os dias, assim como ensaios rigorosos que precedem a inscrição no concurso da RTP.

“Geralmente, os bailarinos são obrigados a preparar tudo em 15 dias, com testes à mistura. Alguns estudam medicina, outros direito”, aponta. “Tentamos fazer o máximo consoante a urgência. Se for preciso planear uma coreografia para amanhã, também conseguimos. Há muitas bases porque alguns alunos treinam connosco desde pequenos.”

Antes desta atuação, já tinham surpreendido com outros momentos impactantes, como a fase de acesso às semifinais. Foi ao som o discurso de Viola Davis, ao receber o prémio Chaplin Award, que os bailarinos usam os movimentos e as emoções para falar sobre a importância e o poder da arte. “Por vezes, sentimos muita falta de respeito para com os artistas. Há muitas críticas e julgamentos quando são diferentes, mas a entrega de corpo e alma deves artistas é uma prenda e deve ser respeitada. É esse o nosso discurso”, continua.

Através de sentimentos como o amor, a revolta ou o sofrimento, “expressados em cada movimento, porque os bailarinos falam com o corpo”, há uma missão de fazer com que aspirantes a bailarinos acreditem em si, apesar de lesões ou outros obstáculos. Foi isso que motivou o tema da primeira atuação, “Believe in You”.

A mensagem foi passada e até fez com que Manuel Moura dos Santos, o líder do júri, se emocionasse. “Houve um sentimento de dever cumprido. Temos recebido muitos feedbacks, muita gente nos tem contactado e dizem que se comoveram com os nossos números. É isso que explica a quantidade de visualizações que temos.”

Coreógrafa há 32 anos, Joana defende ainda que o que mais distingue a Academia Gimnoarte, e o coletivo Artist, em específico, é o facto de terem sempre uma composição musical própria. “Não nos limitamos a ir buscar uma canção ao YouTube. A partir daí, tentamos passar a sonoridade de uma forma que envolva as pessoas.”

Além disso, esta experiência reflete-se na inspiração, muitas vezes imediata. A coreógrafa explica que, assim que ouve o nome do grupo, como parte dos apurados para a fase seguinte, já começam a surgir ideias de conceitos, músicas e passos novos para a apresentação seguinte.

Sem querer desvendar muito, a coreógrafa revela que, no final da competição, quer regressar às raízes. O plano é trazer música portuguesa “e inspirar as novas gerações a usar a nossa cultura, a ousar e a reinterpretá-la sem ter medo de fazer novas abordagens”, conclui. 

Houve acrobacias à mistura.

 

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