Televisão

Atores de Hollywood estão a leiloar jantares e sessões com fãs como resposta à greve

Lena Dunham pode pintar um mural por 5 mil euros. Bob Odenkirk e David Cross aceitam acompanhar refeições pelo dobro.
Tudo parado.

“Já me fizeram passar fome”, revelava o ator Billy Porter numa entrevista ao “The Guardian”, em agosto. Na mesma ocasião, afirmou também que teve de vender a casa por não ter como a pagar. Tudo devido à greve simultânea dos argumentistas e do sindicato dos atores, a maior paralisação das últimas décadas em Hollywood, que arrancou a 14 de julho.

A maioria das produções de cinema e de televisão dos Estados Unidos foram interrompidas e muitos artistas encontram-se sem trabalho — e com as suas vidas em pausa. Como alternativa, algumas estrelas norte-americanas decidiram organizar um leilão para arrecadarem fundos para fazerem face aos constrangimentos da greve, ainda sem fim à vista.

A campanha chama-se “The Union Solidarity Coalition” (“A Coligação de Solidariedade Sindical”, em português) e está a decorrer na plataforma Ebay. A licitação conta com artigos físicos e vários serviços executados pelos próprios artistas envolvidos, que permitem aos fãs passar momentos com os seus ídolos.

A oferta mais procurada até ao momento é um jantar com Bob Odenkirk e David Cross, a dupla da sitcom “Mr. Show”, que está disponível no site por 10 mil dólares (ou seja, cerca de 9 mil euros) até à meia-noite do próximo sábado, 23 de setembro.

Outras opões incluem pagar à atriz Lena Dunham pela pintura de um mural (cerca de 4,7 mil euros), uma canção composta e interpretada pelo elenco de “Bob’s Burger” apenas para o vencedor (cerca de 6,7 mil euros) e uma sessão de Zoom “20 minutos e 20 perguntas” com a cineasta e atriz Maggie Gyllenhaal (cerda de 1,8 mil euros).

Paralisação histórica

Desde 1980 que os atores americanos não entravam em greve e desde 1960 que não o faziam em simultâneo com os argumentistas. A produção de filmes e séries nos Estados Unidos — e aquela que, embora feita no estrangeiro, estiver sob a jurisdição das associações que convocaram a greve — está em pausa. Também não tencionam promover os filmes e as séries em que participam, ações a que estão vinculados ao abrigo dos contratos com os estúdios.

“O conselho nacional do SAG-AFTRA votou unanimemente por uma ordem de greve contra os estúdios e as emissoras”, anunciou, na altura, Duncan Crabtree-Ireland, diretor-executivo nacional do sindicato. Defendeu ainda que não lhes foi dada alternativa, uma vez que a greve “é um instrumento de último recurso”, e que “os atores merecem um contrato que reflita as mudanças no modelo de produção”.

O protesto dos atores juntou-se ao dos argumentistas, que começou em maio. Desde então, as produções que se mantêm em filmagens estão a trabalhar com base em argumentos já concluídos na primavera, sem poder modificá-los. Além disso, foi a primeira vez, desde os atentados de 11 de setembro, que os Emmys foram adiados e não aconteceram a 18 de setembro, como estava previsto. A nota data anunciada para a cerimónia é 15 de janeiro de 2014.

Aproveite e leia o artigo da NiT sobre Fran Drescher, a furiosa estrela dos anos 90 que está a liderar a greve dos atores.

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