Toni Crews tinha apenas 26 anos quando foi diagnosticada com um cancro na glândula lacrimal. Foram quatro longos anos de luta contra a doença até que em 2020, descobriu que pouco mais havia a fazer.
Dois anos depois da morte da jovem britânica, o estudo ao seu corpo, doado à ciência, vai ser transmitido pelo Channel 4, num documentário com acesso total à vida e morte de Crews. O documentário será transmitido esta segunda-feira, 5 de dezembro, no Reino Unido. “My Dead Body” ou “O Meu Cadáver” beneficiou de acesso total autorizado pela própria Crews e irá mostrar a sua vida e morte, as confissões de amigos e familiares, mas também algo que nunca foi visto em televisão: a disseção de um cadáver.
“Muitos poderão ficar chocados e incomodados, mas a ideia é que sirva para educar os telespectadores na ciência do cancro e na sua jornada ao longo do corpo humano”, explicam os pais da jovem nas redes sociais.
O programa contará com a voz da própria britânica que deixou duas filhas — um truque que irá utilizar software de recriação computorizada da voz. “O documentário marcante irá combinar ciência anatómica e tecnologia de ponta para contar uma das mais íntimas histórias de todas: como é que uma jovem mãe lutou corajosamente pela sua vida contra uma das mais raras formas do cancro”, explica a editora do canal britânico, Anna Miralis.
A decisão de Crews de doar o corpo à ciência e de permitir a criação de um documentário foi tomada em vida. “Graças a este documentário, pudemos convidar mais de mil estudantes, entre enfermeiros, paramédicos e neurocientistas que normalmente não poderiam aprender com este cancro que acontece uma vez num milhão”, explica Claire Smith, regente de anatomia na Brighton and Sussex Medical School.
“Na vida e na morte, a Toni punha sempre os outros em primeiro lugar”, revela o pai ao jornal “The Guardian”, que teve a possibilidade de ver o documentário. “Foi mais fácil de ver do que esperava. E não se parecia nada com a Toni, portanto consegui distanciar-me mentalmente.”
A narração conta também com as próprias palavras de Crews, que deixou para trás um diário, mas também muitas mensagens e publicações nas redes sociais.
“Ela era fascinada desde o início com o que acontecia com o corpo dela. Durante a luta, criou várias páginas que informavam as pessoas sobre a doença. Falava sobre sintomas, sobre o que procurar, o que fazer. Ela queria certificar-se de que toda a gente estava a par e de que tomavam todas as precauções”, conta a mãe.