Chama-se “The Comey Rule” e é uma nova minissérie que tem sido bastante falada nos Estados Unidos da América. Afinal, retrata um período bem recente da história política americana, cujas consequências estão a acontecer nos dias de hoje.
Tem apenas quatro episódios e estreia na plataforma de streaming da HBO Portugal esta segunda-feira, 28 de setembro. Vai poder ver os primeiros dois capítulos no dia da estreia, e a segunda metade chega logo na terça-feira, dia 29. É uma produção original da Showtime, cuja estreia esteve marcada para depois das eleições presidenciais de novembro, mas o realizador e criador do guião, Billy Ray, insistiu para que estreasse antes.
Ainda assim, a crítica internacional tem apontado para o facto de que esta minissérie não deverá mudar a perspetiva de ninguém, numa sociedade descrita cada vez mais como polarizada — e há dúvidas sobre se os apoiantes devotos de Trump quererão sequer assistir a este projeto.
No entanto, a narrativa centra-se sobretudo em James Comey, o ex-diretor do FBI, nomeado para o cargo por Barack Obama mas que se manteve no lugar durante os primeiros tempos da presidência de Donald Trump, cuja tomada de posse aconteceu no início de 2017.
O argumento baseia-se em “A Higher Loyalty”, o livro escrito por James Comey que conta as suas experiências enquanto diretor do FBI. Por isso, é sobretudo a sua perspetiva que é veiculada em “The Comey Rule”, apesar de existir uma posição de contraditório em várias ocasiões.
James Comey é descrito como a personificação da integridade e do cumprimento do dever e das regras — mesmo que isso possa ter consequências catastróficas. É mostrado como o diretor sério que não passa à frente da fila no refeitório, mas também aquele que, alegadamente por motivos de ética profissional, liberta uma informação que pode alterar completamente as eleições do seu país.
A história foca-se, entre outros processos, na investigação do FBI à campanha de Hillary Clinton, que usou um servidor privado de emails que esteve sob suspeita; e também no inquérito conduzido acerca da influência russa na eleição presidencial que opôs a candidata democrata a Trump. “The Comey Rule” levanta questões e pode até refletir sobre elas, sem, no entanto, dar grandes respostas.
Estas investigações foram cruciais para a carreira de James Comey. Numa quebra insólita de protocolo, o diretor do FBI deu uma conferência de imprensa a explicar as razões que o FBI tinha para não apresentar queixas formais contra a campanha de Hillary Clinton; e um mês antes das eleições insistiu em alertar o Congresso para o facto de que o processo estava a ser reaberto por causa da descoberta de novas provas, mesmo que isso implicasse uma provável subida de intenções de voto em Trump da parte da população mais indecisa.
A pergunta que muita gente faz — e à qual a série não responde de forma clara — é se James Comey era um patriota que se viu mergulhado em situações extremamente exigentes ou se era um egomaníaco (como tantas vezes foi acusado) que acreditava que conseguia resolver tudo sozinho e com os próprios meios e que acabou por contribuir bastante para eleger Trump.
Jeff Daniels interpreta James Comey, enquanto o papel de Donald Trump (que só aparece no segundo episódio) é de Brendan Gleeson. Ambos estão a ser altamente elogiados pelas respetivas interpretações — sobretudo Gleeson, que domina as cenas em que aparece.
O elenco inclui ainda nomes como Scoot McNairy, Jonathan Banks, Michael Kelly, Holly Hunter, Jennifer Ehle, Oona Chaplin, Amy Seimetz, Steven Pasquale, Steve Zissis, Shawn Doyle, Brian d’Arcy James, Kingsley Ben-Adir ou William Sadler, entre outros.
Por um lado mostra-se a perspetiva dos agentes do FBI, dos patriotas trabalhadores que são invisíveis quando têm sucesso mas ficam conhecidos quando caem em desgraça; por outro existe uma clara sátira na interpretação de uma série de figuras políticas da administração de Trump.
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