Depois do estrondoso sucesso de “Squid Game”, a Netflix apostou num reality show em que os participantes têm de competir em jogos desafiantes — tal como as personagens da história sul-coreana, mas sem a parte das mortes violentas. Contudo, a versão real parece estar a ser particularmente agressiva.
Tanto é assim que, durante as gravações do primeiro jogo no Reino Unido, vários participantes tiveram de ser assistidos graças às temperaturas extremamente frias que se fizeram sentir. Agora, em declarações à revista “Rolling Stone”, alguns dos concorrentes afirmaram que estão a ponderar processar os estúdios responsáveis, Studio Lambert e The Garden, por alegadas violações de segurança, negligência e pelo facto de acreditarem que o concurso foi manipulado.
“Toda a tormenta e trauma que experienciámos não foi devido ao jogo ou ao rigor do jogo”, disse um dos participantes à publicação. “Foi uma incompetência em grande escala.” Os concorrentes alegam que a Netflix selecionou influenciadores do Instagram ou do TikTok para seguirem em frente no desafio — e que todos os outros foram tratados como “figurantes”.
“A parte engraçada é que a igualdade e justiça era o tema principal do ‘Squid Game’ original”, disse outro dos concorrentes. De acordo com a “Rolling Stone”, 10 participantes precisaram de receber cuidados médicos por vários motivos — desde pneumonia até uma infeção no ouvido, passando por uma hérnia discal ou um tendão do joelho rasgado.
O jogo “Red Light, Green Light” — em que os concorrentes têm de parar e permanecer quietos quando a boneca gigante se vira — foi realizado num ambiente com três graus negativos. “Parecia uma zona de guerra. As pessoas estavam a sair em lágrimas”, já tinham dito alguns concorrentes ao “The Sun”.
“Mesmo que a hipotermia os começasse a afetar, havia pessoas dispostas a ficar o maior tempo possível porque havia muito dinheiro em jogo. Muitos estavam determinados a não mexer-se, por isso ficaram lá durante muito tempo. Havia pessoas a chegarem a pensar que seriam milionários, mas saíram em lágrimas”, disse um membro da produção ao jornal britânico.
Outros concorrentes acrescentaram: “Havia participantes a serem levados pelos médicos mas não podíamos dizer nada. Se falas, estás fora. Algumas pessoas não conseguiam mover os pés por causa do frio”.
As gravações aconteceram nos Cardington Studios, uma antiga base da força aérea britânica que fica perto de Bedford. Apesar de não serem assassinados pela boneca gigante, os concorrentes tinham sacos de sangue falso debaixo das roupas para que rebentassem quando fossem eliminados, simulando a sua morte — aludindo à história de “Squid Game”.
A Netflix reagiu oficialmente quando foram divulgados os primeiros relatos. “Todos os concorrentes foram preparados pela produção há várias semanas para que jogassem um jogo em condições frias e sabiam disso. Todas as precauções foram feitas para garantir que o jogo era realizado de forma segura”, disse a plataforma de streaming norte-americana. Ainda não há data de estreia prevista para o reality show.
Apenas 288 concorrentes sobreviveram ao “Red Light, Green Light” e vão continuar a participar na competição. Ao início, havia 456 pessoas em competição — tal como na série. O prémio final é de 4,1 milhões de euros.