LET'S ROCKLauryn Licari tinha 13 anos quando recebeu a primeira mensagem de um número desconhecido. O texto dizia-lhe que não tinha sido convidada para uma festa de Halloween e que o namorado da altura, Owen McKenny, da mesma idade, “não queria nada” a ver consigo, além de a considerar “irritante” e “feia”. Os pais aconselharam os dois jovens a ignorarem o sucedido. Seria apenas uma partida de algum colega.
Durante um ano, o remetente manteve-se em silêncio. Mas em setembro de 2021, começaram a chegar novas mensagens, desta vez repletas de ameaças e insultos dirigidos a Lauryn. O remetente chegou mesmo a incentivar a jovem ao suicídio. O assédio prolongou-se durante 15 meses e transformou por completo a vida da adolescente.
A história que abalou a comunidade de Beal City, no Michigan, chega agora à Netflix através do documentário “Número Desconhecido: Catfish no Liceu”, disponível a partir desta sexta-feira, 29 de agosto.
O projeto, realizado por Skye Borgman, reúne testemunhos exclusivos de Lauryn, Owen, familiares, amigos e investigadores do caso, que ficou marcado por um desfecho inesperado: a descoberta de um culpado improvável. “Era tão mau que já nem queria ir para a escola”, confessa Lauryn no trailer. “Era implacável. Questionava-me sobre o que pensava de mim própria.”
As mensagens chegavam diariamente a um ritmo frenético. Falavam sobre a aparência da jovem, o seu namoro com Owen (e de como ele não gostava realmente dela), entre muitos outros insultos. Quem escrevia conhecia pormenores da rotina de Lauryn: a roupa que usava num determinado dia, os pontos que marcava em jogos de basquetebol, a sua localização e até a de Owen. Para escapar à identificação, o autor trocava constantemente de número.
A relação do casal tornou-se um dos principais alvos do assédio. A pressão acabou por desgastá-los ao ponto de terminarem o namoro. Ainda assim, mesmo sem o revelarem na escola, o remetente sabia da separação.
“Houve muitas vítimas e todos sentimos isso de uma forma muito profunda”, afirmou a realizadora Skye Borgman à Netflix. Destacou também a coragem de Lauryn, de Owen e dos restantes jovens envolvidos, que aceitaram partilhar a experiência.
“Eles queriam fazer a sua parte para tornar o mundo num lugar melhor, e tiro o chapéu a estas crianças porque estão dispostas a fazer coisas difíceis para contar as suas histórias e a tentar ajudar outros miúdos que possam estar a lidar com algo deste género”.
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