Jimmy Kimmel falou sobre a morte do ativista conservador Charlie Kirk no seu talk show da ABC, “Jimmy Kimmel Live!”. Não demorou muito até chegar a notícia: o programa seria cancelada por “tempo indeterminado”, foi revelado na passada quinta-feira, 18 de setembro. Nos últimos dias, gerou-se uma onda de protestos contra a decisão do canal, propriedade da Disney Company — a ponto de a ABC voltar atrás na decisão.
Esta segunda-feira, 22 de setembro, foi anunciado que o talk show (um dos mais vistos nos Estados Unidos) vai regressar à antena da estação esta terça-feira, dia 23. De acordo com a imprensa norte-americana, a escolha de pôr Kimmel de novo no ar veio no seguimento de conversas entre o apresentador e a própria Disney, que sofreu uma quebra gigante de receitas nos últimos dias.
Desde que estourou a polémica, houve centenas de clientes a cancelar a subscrição da plataforma de streaming Disney+, como boicote à empresa, que terá perdido 3,87 mil milhões de dólares (cerca de 3,3 mil milhões de euros) em valor de mercado. Muitos dizem ser esse o motivo que levou à renegociação do regresso do humorista à estação.
“Na quarta-feira passada, tomámos a decisão de suspender a produção do programa para evitar agravar ainda mais a situação tensa num momento emocional para o nosso país. É uma decisão que tomámos porque sentimos que alguns dos comentários foram inoportunos e insensíveis”, afirmou a empresa em comunicado. “Passámos os últimos dias a falar com o Jimmy e, após essas conversas, tomámos a decisão de regressar o programa na terça-feira.”
As causas e consequências da polémica
Durante o programa de 15 de setembro, Kimmel criticou aquilo a que chamou de “gang MAGA” por “tentar desesperadamente caracterizar o miúdo que assassinou Charlie Kirk como algo diferente de um deles e fazer tudo o que pode para ganhar pontos políticos com isso”.
Antes da suspensão do programa, Brendan Carr, presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC) classificou os comentários de Kimmel como “verdadeiramente doentios” e ameaçou avançar com uma ação regulatória contra a ABC e a Disney, alertando que “podemos fazê-lo da maneira fácil ou da maneira difícil”.
Foi esta ação que fez com que o Nexstar Media Group, que detém 32 estações afiliadas da ABC, anunciasse que iria suspender o programa. A Disney acabou por ceder à pressão, o que deixou milhares de pessoas indignadas, que chegaram a ir para as ruas nos Estados Unidos protestar contra a empresa.
No mesmo dia em que foi partilhado o cancelamento do programa, o senador democrata Richard Blumenthal utilizou a rede social X (antigo Twitter) para caracterizar esta decisão como “um ato de censura governamental sem precedentes”.
Nos últimos dias, milhares de utilizadores partilharam, nas redes sociais, vídeos e imagens a cancelarem a plataforma de streaming Disney+, além de tornarem a hashtag “#BoycottDisney” (boicotem a Disney, em inglês) viral. Vários senadores republicanos, como Ted Cruz e Rand Paul, disseram que apesar de discordarem do que Kimmel disse, os comentários do presidente da FCC correm o risco de infringir a liberdade de expressão.
Donald Trump reagiu nas redes sociais à decisão da Nexstar, considerando que se tratava de “uma grande notícia para a América”. “O Jimmy Kimmel Show, que sofria de baixas audiências, foi cancelado. Parabéns à ABC por finalmente ter tido a coragem de fazer o que tinha de ser feito”, escreveu.
O presidente norte-americano comparou a suspensão com o cancelamento do programa de Stephen Colbert, que também estará relacionado com as criticas deste à política no país e os comentários negativos que fez sobre Trump.
“Kimmel não tem talento, e tem piores audiências até do que Colbert, se é que isso é possível. Sobram o Jimmy [Fallon] e o Seth [Meyers], dois falhados completos, na NBC das fake news. As suas audiências também são horríveis”, acrescentou Trump.

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