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Ellen Pompeo não larga “Anatomia de Grey”: “Não quero que lucrem com o meu trabalho”

Após 20 anos a interpretar Meredith Grey, a atriz tem agora um novo papel. "Good American Family" já chegou ao streaming.
A série é baseada num caso real.

Ellen Pompeo há muito que deixou de ser o centro das atenções em “Anatomia de Grey”. Desde 2022 que tem uma participação mais reduzida na série que ajudou a criar e a levar ao mundo inteiro. Apesar do aparente afastamento, garante que nunca abandonará o projeto — e a razão é bastante simples. “Se eu saísse, eles iam fazer dinheiro com o meu trabalho de 20 anos e eu não ganharia nada. Não faz sentido e não quero que lucrem graças ao meu trabalho árduo”, contou ao “El País”.

A doutora Meredith Grey continua a ser a sua personagem mais famosa, mas pela primeira vez em 20 anos, Pompeo tem um novo papel de destaque, o de Kristine Barnett. A atriz de 55 anos é a protagonista de “Good American Family”, que estreou a 9 de abril na Disney+. Os novos episódios são lançados semanalmente às quartas-feiras.

Inspirada no caso real de Natalia Grace, a obra acompanha um casal dos EUA que adota uma miúda ucraniana supostamente com nanismo. Com o passar do tempo, começam a perceber que talvez a rapariga esteja a mentir sobre quem é — e que pode ser um risco à segurança da família. Depois de a abandonarem aos oito anos num apartamento, envolvem-se numa luta judicial.

Quando a oportunidade de interpretar Kristine Barnett surgiu, Pompeo soube imediatamente que tinha de aceitar — embora a escolha fosse arriscada. “Sentia muita pressão porque não sabia se me conseguiria afastar da Meredith”, contou ao “Los Angeles Times”.

Para garantir que ficava com o papel, Katie Robbins e Sarah Sutherland, as criadoras da série, fizeram questão de ir até casa da atriz para a assegurarem de que era a pessoa indicada. “Foi preciso muita coragem da minha parte e da Katie. É uma grande mudança na minha vida porque há 20 anos que não fazia mais nada. As probabilidades de estragar tudo eram enormes.”

As showrunners já eram fãs de “Anatomia de Grey” e sabiam que Ellen conhecia bem o género. Quando pensaram numa estrela que pudesse ter uma representação impactante, pensaram imediatamente nela. “Nunca tivemos de nos preocupar. Ela chegava todos os dias ao set com o trabalho de casa feito e as falas decoradas. Esforçou-se imenso para interpretar a Kristine”, recordam as cineastas.

Não era apenas o facto de se “sentir enferrujada” que preocupava a norte-americana: as preocupações eram intensificadas pelo facto de Barnett ser uma figura altamente controversa nos meios de comunicação dos EUA. “Ela só traz sarilhos”, comentou. O sentimento era partilhado por Mark Duplass, que interpreta Michael Barnett.

O nervosismo em torno dos papéis era compreensível, tendo em conta a complexidade da história dos Barnett e da filha que adotaram. Kristine estava convencida de que Natalia era uma adulta a fingir ser uma criança e alegou que a rapariga tentou matar membros da família. Acusava-a de ser uma sociopata.

Em 2013, alteraram legalmente a idade da filha para os 22 anos e deixaram-na a viver sozinha num apartamento, antes de se mudarem para o Canadá com os três filhos biológicos.

Até hoje, Natalia nega as acusações feitas pelos Barnett e afirmou, em entrevistas, que foi ela quem sofreu abusos. Testes de ADN realizados em 2023 indicam que o seu ano de nascimento é por volta de 2003, o que significa que teria cerca de 10 anos quando foi abandonada.

Para explorar a história de forma inovadora, os oito episódios são divididos entre as perspetivas de Kristine, Michael e Natalia. “Queríamos que os telespectadores entrassem em conflito com os seus próprios preconceitos sobre o caso”, explicou Robbins.

Pompeo afirma que, até hoje, ninguém sabe o que realmente aconteceu — apenas os protagonistas do caso. Foi por isso que decidiu encarar Kristine como uma personagem e não uma mulher que realmente existe. “Todos têm versões diferentes e é isso que torna a história interessante”, disse ao “El País”.

Para se preparar e construir a personagem de raiz, trabalhou com um professor de sotaques, de representação, com figurinistas e com as equipas de maquilhagem e hairstyling. “Vejo-a como uma mulher muito religiosa e que está sempre a citar a Bíblia”, explica. Durante os tempos livres — que em 2023 foram vários devido às greves em Hollywood — também mergulhou nos vários documentários que abordam o caso, como o que está disponível na Max.

Havia, claro, uma razão para toda esta preparação minuciosa: Ellen Pompeo sentia que o papel era um teste àquilo que realmente conseguia fazer longe de “Anatomia de Grey”. “As pessoas têm-me visto no mesmo papel há 20 anos. Não tinha motivos para acreditar que conseguiria fazer algo diferente e não posso esperar que o público me veja como outra personagem. Se lhes vou pedir que me vejam de uma forma diferente, tenho de cumprir todos os requisitos. Foi entusiasmante e, ao mesmo tempo, assustador.”

Carregue na galeria e conheça algumas das séries e temporadas que estreiam em abril nas plataformas de streaming e canais de televisão.

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