Televisão

Fim das contas partilhadas: o que vai mudar na Netflix a partir de quarta-feira?

Se ainda não percebeu exatamente o que está em causa, a NiT preparou um guia prático para lhe explicar tudo ao pormenor.
A Netflix decidiu mudar as regras do jogo.

Terça-feira de Carnaval, 21 de fevereiro, é o dia em que a Netflix muda as regras do jogo. A partir do dia seguinte, a partilha de contas vai ficar extremamente limitada. O objetivo da plataforma é reforçar o número de subscritores e receita, mas pelo caminho já estará a perder inúmeros clientes — embora não revele quantos ao certo.

Esta medida, que tem vindo a ser preparada e testada desde o ano passado, foi recebida com indignação por parte de muitos subscritores portugueses. Centenas ou milhares de pessoas recorreram mesmo às redes sociais para anunciar que iriam deixar de ser clientes. Um grupo de deputados do PS até questionou a constitucionalidade desta nova funcionalidade — visto que irá monitorizar a localização dos consumidores — e remeteu a questão para o Ministério das Infraestruturas, que tutela o setor das telecomunicações.

Estas regras já estavam a ser aplicadas nalguns países da América do Sul. Agora entram em vigor em Portugal, Espanha, Canadá e Nova Zelândia.

“Hoje, mais de 100 milhões de residências partilham contas — o que impacta a nossa capacidade de investir em séries e filmes de grande qualidade”, justifica a Netflix para esta tomada de posição. Embora a regra de não se partilhar contas fora de cada residência já estivesse prevista nos termos de utilização, na sua comunicação a plataforma incentivou múltiplas vezes os clientes a partilharem contas.

Se ainda não percebeu exatamente o que vai acontecer, tire as suas dúvidas com este guia prático da NiT.

O que vai mudar?

Até aqui, qualquer cliente que tivesse uma conta da Netflix poderia ceder os seus dados de acesso para outro amigo ou familiar utilizar a plataforma. O único entrave à partilha massiva era o limite máximo de ecrãs em simultâneo — ou seja, no plano Premium, o mais dispendioso, só quatro ecrãs poderiam estar a usar a Netflix ao mesmo tempo. 

A política dos ecrãs mantém-se, só que agora a Netflix vai controlar onde é que estão os dispositivos a acederem a cada conta. Todos os clientes vão ter de definir uma “localização principal” — isto é, a casa a que a conta está associada. Alegadamente, só as pessoas que residam nessa casa vão poder usar a Netflix. Note-se que há relatos de clientes a ter dificuldade em selecionar uma “localização principal”, já que, de forma automática, a plataforma poderá estar a localizar erradamente algumas contas.

Como é que a Netflix vai controlar a partilha de contas?

Graças à monitorização dos endereços IP, a Netflix vai poder saber, a cada momento, onde é que cada dispositivo ligado à conta está a ser utilizado. Foi precisamente isto que levou três deputados do PS a questionarem a constitucionalidade da medida — visto que, alegadamente, poderá violar as regras da proteção de dados.

Isto significa que, se for um dispositivo da “localização principal”, poderá ser usado para aceder à Netflix sem qualquer problema. De forma a controlar que dispositivos móveis — como telemóveis e tablets — são ou não da “localização principal”, a Netflix obriga a que, uma vez por mês, esse dispositivo se ligue à plataforma de streaming a partir da casa definida como “localização principal”, com a respetiva rede wi-fi.

Isto é uma forma de impedir pessoas que não vivam juntas de partilharem uma conta — visto que é altamente improvável que se desloquem todos os meses à “localização principal” com todos os dispositivos (incluindo televisões) para se poderem manter na conta.

O que propõe então a Netflix para a partilha de contas?

A Netflix implementou a hipótese de acrescentar contas secundárias “para até duas pessoas fora da sua residência”, nos planos Standard e Premium, sendo que podem manter intacto o seu perfil, as suas preferências e listas de favoritos — mas terão que pagar 3,99€ mensais por pessoa extra. 

Para todos aqueles que partilham conta e a partir de agora já não o poderão fazer, mas desejam manter o serviço da Netflix, podem pedir, nas definições da plataforma, a “transferência de perfil” — para que todos os dados do perfil sejam transferidos para uma nova conta.

Que situações podem não estar previstas?

Muitas dúvidas se têm levantado sobre este novo modelo da Netflix, num mundo de nómadas digitais e trabalho remoto, onde a obrigação de ter uma “localização principal” pode parecer um contrassenso para uma empresa pioneira do streaming, que esteve à frente do seu tempo na sua indústria.

O novo modelo não prejudica, por exemplo, alguém que vá de férias e queira usar a sua conta da Netflix na televisão do hotel — visto tratar-se de uma exceção, que não será repetida. Só terá de introduzir um código de quatro dígitos que será enviado para o email do titular da conta. No entanto, se fizer o mesmo todos os meses — numa casa de férias, na casa de um amigo ou de um familiar — eventualmente deixará de poder utilizar a Netflix nessa localização, pois a plataforma vai identificar que não se trata de uma exceção ou de umas simples férias.

Isso faz com que muitos estudantes e trabalhadores deslocados que partilham a conta da Netflix com a família, por exemplo, deixem de o poder fazer. Assim como todos aqueles que vão de férias, regularmente, para o mesmo sítio. 

Carregue na galeria para conhecer séries (e temporadas) novas que vale a pena acompanhar no streaming.

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