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Gizmo: como nasceu o boneco mais fofinho da história do cinema

O nosso mogwai favorito está de volta numa série de animação da HBO Max que estreia esta sexta-feira. A família vai adorar.
Continua adorável

Quando “The Mandalorian” chegou à televisão, uma inesperada personagem agarrou os corações dos fãs e relegou para segundo plano o protagonista. Baby Yoda — ou Grogu — é pequeno, fofinho e corajoso. Mas mais de trinta anos antes da sua chegada, já havia uma criatura felpuda a preencher o seu lugar.

Joe Dante, realizador do icónico “Gremlins”, foi talvez a única pessoa no mundo com a ousadia de atacar Grogu — e pelo caminho acusar os seus criadores de copiarem um bichinho chamado Gizmo. “[A ideia do Baby Yoda] foi completamente roubada e copiada de forma desavergonhada”, atira Joe Dante, que defendeu a originalidade da personagem central do seu filme.

Nesse ataque, Dante sublinhou a “longevidade” não só de “Gremlins” mas também de Gizmo. Facto é que, um ano depois das suas declarações, chega à televisão uma série animada inspirada na personagem. “Gremlins: Secrets of the Mogwai” é uma série de animação que acaba de chegar à HBO Max. A produção estreou esta sexta-feira, 26 de maio, e viaja até à China, onde Sam Wing — o cuidador da criatura no filme original — de apenas 10 anos conhece pela primeira vez Gizmo, um jovem Mogwai. E tal como na série original, Steven Spielberg surge como mentor e produtor.

O filme de terror de 1984 tornou-se num êxito e num marco na cultura pop. Mais um com o dedo de Steven Spielberg que, segundo todos os envolvidos na produção, foi salvo pelo génio do cineasta. Na história, o jovem Bill recebe um presente de Natal do pai algo incomum. Comprado numa loja de antiguidades em Chinatown, Randall Peltzer engraça com uma pequena criatura que deixa a cargo do filho. Teria apenas que seguir à risca três regras: a criatura não se pode molhar, não pode ser alvo de luzes brilhantes e não pode comer após a meia-noite.

Naturalmente que as regras acabam por ser infringidas e o inesperado acontece. As criaturas multiplicam-se e adquirem a forma de Gremlins, pequenos monstros que destroem tudo o que encontram pela frente. Dante revelou que o argumento original do filme transformava Gizmo numa destas criaturas malévolas no início do filme. Uma narrativa completamente diferente daquela que chegou aos cinemas.

Segundo o realizador, Spielberg terá colocado o seu dedo no argumento e decidido que Gizmo deveria ser o companheiro do herói da história, o jovem Bill Peltzer. “Ninguém mais do que nós está surpreendido pela popularidade da saga, mesmo ao fim de 40 anos”, explicou Dante. “Tínhamos planeado tornar o filme um pouco mais sombrio. Mas o Spielberg, do alto da sua sabedoria, achou que o Gizmo devia manter-se como companheiro. Se tivéssemos mantido a narrativa original, provavelmente ninguém se lembraria do filme. O Gizmo fez a diferença. De certa forma, ele é a estrela do filme.”

Ainda no argumento original, Gizmo tinha o tamanho aproximado de um hamster. Mais tarde, cresceu e os escritores aumentaram-lhe a altura para cerca de 120 centímetros. Acabou por ser moldado à vontade de Spielberg, que queria modelá-lo à imagem do seu cão, Chauncey. Numa era em que os efeitos especiais ainda não eram o primeiro recurso dos cineastas, entraram em cena os designers, peritos em transformar ideias em bonecos ultra realistas. Chris Walas e Rick Baker foram os génios por detrás da criatura que ainda hoje é um ícone.

“Depois de ler o argumento, a minha primeira ideia foi começar por um pequeno primata com dimensões de cartoon. Queria que tivesse os olhos grandes, para se tornar giro. Depois pediram-me algumas alterações e tornou-se mais próximo de um cachorrinho com grandes orelhas. Acabaram por não seguir avante com a ideia”, disse Walas em entrevista à “Empire”.

Segundo o designer, o primeiro “Gremlins” foi “um pesadelo” devido às constantes mudanças pedidas à imagem de Gizmo. “O Joe [Dante] chegou a ligar-me a pedir para mudar o boneco para ficar da cor do cão do Steven [Spielberg]. Passámos o projeto todo a arrancar cabelos.”

Para lá do sucesso do filme nos cinemas, o mercado foi invadido por merchandising inspirado em Gizmo. Peluches, bonecos, T-Shirts, canecas. O Natal de 1984 foi uma loucura.

Dado o sucesso do primeiro filme, seis anos depois a equipa voltou a juntar-se e Gizmo foi alvo de algumas mudanças. “A primeira coisa que fizemos foi uma pintura daquilo que queríamos para o novo Gizmo, para o mudarmos um pouco. Disseram logo que ‘não é o Gizmo’. mas eu queria dar-lhe mais personalidade”, explicou Rick Baker.

Parte da magia de Gizmo passava também pela sua voz, interpretada por Howie Mandel. E no segundo filme, foram finalmente capazes de evoluir e colocar Gizmo a dançar e a correr. “Quando é bem feito, é uma arte. Quando se faz tão bem como o fizemos, é impossível fazer melhor com recurso a efeitos especiais”, declarou Dante ao “The Guardian”.

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