Com apenas 16 anos, Gustavo Reinas venceu o “The Voice Portugal” este domingo, 22 de janeiro. Da equipa de Marisa Liz, bateu Rebeca Reinaldo (cujo mentor foi Diogo Piçarra), Paulo Lapa (Carolina Deslandes) e Coastel (Dino D’Santiago).
A NiT falou com Gustavo uma semana antes da final, tinha ele acordado há cerca de três horas, após ter chegado a casa às cinco da manhã na sequência da penúltima gala. Afinal, o jovem cantor é de Nelas, no distrito de Viseu, e o concurso da RTP1 é gravado num estúdio em Alcochete. Foi um processo exigente, mas recompensador.
“Não estava de todo à espera de chegar sequer às galas. Achava mesmo que havia gente muito melhor do que eu e que não tinha o nível vocal ou de interpretação que eles têm. E na penúltima gala, ao percorrer este caminho, foi um choque muito maior do que nas outras galas todas. Fogo, é a final. No meio de tanta gente talentosa, faço parte dos quatro finalistas. Foi um bocado essa a surpresa, que até se notou bastante na minha cara. Porque realmente não estava mesmo à espera”, explica à NiT.
Apesar de ter conquistado o programa, assumia há uma semana que não tinha “quaisquer expetativas de ganhar”. “Não tenho expetativas de nada [risos]. Mas claro que é um sonho. Mas não fico de todo triste se não acontecer. Porque estar na final, realmente, é uma vitória por si só. Foram cerca de 90 pessoas a fazer provas cegas e antes delas houve milhares a fazer castings. E eu faço parte dos quatro que chegaram ao fim. Acho que não há maior validação e confirmação de que há qualquer coisa de especial aqui dentro.”
Gustavo Reinas admite que “a pressão foi aumentando”, não só para cumprir os seus objetivos, mas para corresponder à vontade do público de assistir a uma boa atuação. “Acho que o mais importante no programa — e não se fala disto o suficiente — é o público que vota em nós. Alguns gastam muito dinheiro para verem o seu favorito chegar ao fim e é esse o público que temos de conquistar. O público tem mesmo de ser o objetivo principal para que a nossa performance no programa corra bem. É a eles que queremos agradar.”
Ao longo das últimas semanas, tem recebido inúmeras mensagens nas redes sociais, mas também tem sido abordado na rua — onde já lhe pediram para tirar uma fotografia ou para dar um autógrafo. “É mesmo estranho, porque nunca pensei ser visto como um ídolo, um exemplo, ou algo desse género. O programa trouxe-me a confirmação de que é possível viver disto, e é possível tocar no coração de alguém, por mais frio que possa parecer. E só é preciso sentir e conseguir passar uma mensagem de uma música — e conseguir interpretar bem a coisa. Acho que a arte tem essa magia.”
Está no 11.º ano de escola e aquilo que deseja mesmo seguir é música, apesar de gostar das áreas de Direito ou Relações Públicas. Porém, está na área científica do ensino secundário. Começou a cantar e a tocar guitarra aos seis anos. Aos oito começou a entrar em peças de teatro musicais. Além disso, frequentou o conservatório de música clássica, fez o terceiro grau de piano e o quarto de guitarra, e fez workshops de canto.
“O meu maior sonho, além de ser feliz a fazer aquilo que quero, é ser uma referência na música portuguesa. E poder ter o meu nome… não diria nos tops, mas ser um artista com nome na música”, diz. Por enquanto, está a conseguir conquistar um público vasto. De Nelas vem, todos os domingos, uma claque que faz uma viagem de três horas e meia para cada lado. “Tenho amigos que sempre souberam que isto ia acontecer — ou, pelo menos, é o que me dizem [risos].”
Sempre foi fã do “The Voice Portugal”, embora nunca ponderasse seriamente inscrever-se. “Acho que qualquer pessoa que cantarolasse um bocadinho e que os amigos digam que cante bem, qualquer um de nós já ouviu ‘então e porque é que não vais ao The Voice?’ É realmente uma pergunta constante, é uma referência. Estás sempre a ouvir ‘Tenta, experimenta’. Se eu tivesse tomado a decisão de ir ao programa mais cedo teria ido ao ‘Kids’. Não estando a diminuir o ‘Kids’, queria partir logo da piscina dos grandes.”
Não esperou intencionalmente para se inscrever, mas acabou por coincidir. “Aos 16 anos, numa conversa com os amigos, as inscrições estavam abertas e um deles disse-me ‘já tens 16, já podes’. Isto aconteceu uma semana antes de fazer a candidatura. E durante essa semana não fiz nada. Um dia fui ter com a minha mãe e disse-lhe: ‘Vou fazer a candidatura ao programa’. E ela: ‘Tá bem, faz’. Porque isto começou mesmo com a naturalidade de uma tentativa, não como um sonho a perseguir. Foi um ‘vou tentar’ sem qualquer tipo de expetativas. Depois, uma pessoa passa o primeiro casting, passa o segundo casting, o terceiro e a prova cega…” E, de repente, está na final.