Diziamo-lo a meio da temporada: com metade do programa pela frente, esgotaram-se as ideias em “Hell’s Kitchen”? A tão aguardada final foi transmitida este domingo, 6 de junho, e ao invés de uma conclusão com estrondo, a coroação do vencedor chegou com um pífio puff.
O último serviço fez regressar todos os concorrentes que, um a um, foram enxovalhados e escorraçados por Ljubomir Stanisic, numa tentativa de formar as equipas que iriam ajudar Lucas e Francisca a deitar a mão ao carro e a um estágio no 100 Maneiras. Foi mais um flashback que nos fez fazer contas à alta percentagem de personagens desinteressantes que desfilaram pelo programa.
Nem todos o foram. Lucas, pelos inesperados comentários e perfil radicalmente oposto aos restantes colegas, foi sempre um dos ângulos mais interessantes do concurso, ao lado de Cândida, de Rafaela, Rute e até João, o nosso mini-Cristo.
O último episódio trouxe um total redondo de zero surpresas. Um serviço igual aos outros, menos conflitos e arrufos, os problemas do costume e um Ljubomir em ansiolíticos. Nem o grande vencedor foi uma surpresa — só o foi para quem viveu como um ermita nos últimos dois meses —, anunciado que foi o nome pela comunicação social. Se havia algum tipo de apreensão para o que guardaria o capítulo final, ela foi totalmente esmagada.
Mas é impossível desviarmo-nos daquele que é, na verdade, a razão de ser do programa: Ljubomir Stanisic, o chef que virou personagem de reality shows. A estreia aconteceu há uma década, numa discreta passagem pelo painel de jurados da primeira edição do MasterChef.
O furacão nasceu em 2017, com a criação da caricatura que Stanisic viria a replicar vezes e vezes sem conta. A verdade é que se a chegada de “Pesadelo na Cozinha” foi um vendaval de novidades, de coisas raramente vistas em programas do prime time, muito graças ao mauzão Stanisic, o que é certo é que essa magia parece ter-se perdido.
Não há nada de novo em Stanisic, cuja personalidade irascível moldada para a televisão — e temperada com uns fogachos de simpatia — se tornou num verdadeiro one hit wonder. É certo que nos fez de novo entusiasmar com a mastigada programação dos canais abertos, abanou o formato, colou milhões à televisão na expectativa das asneiras e dos insultos que poderiam sair da boca do chef.
E com a força de uma viciante Tubthumping dos hoje esquecidos Chumbawamba, colou-se ao nosso ouvido até que a repetitiva caricatura se tornou desinteressante. Se em “Pesadelo na Cozinha”, tinha a valiosa ajuda dos tenebrosos restaurantes e inesperadas personagens que se renovavam a cada episódio, “Hell’s Kitchen” é um one man show.
É o mesmo filme repetido, semana após semana, de um homem furioso a lutar contra uma mão cheia de baratas tontas na cozinha. Ao que parece, a segunda temporada está mesmo a caminho com, suspeitamos, mais da mesma fórmula. Alguém se lembra do segundo grande êxito dos Chumbawamba? Nós também não.