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“Hell’s Kitchen”: será sabotagem, incompetência ou um pouco de tudo?

Profissionais experientes espalham-se ao comprido. Amadores pegam fogo às equipas. Afinal, o que se passa no programa? Leia a crónica da NiT.
Preparem as teorias da conspiração.

A segunda temporada de “Hell’s Kitchen” arrancou com um momento inexplicável de Branca, a concorrente desbocada e inconveniente que foi a estrela de um primeiro jantar que se queria calmo e apenas de apresentação. Mas será que era mesmo esse o objetivo?

Ao seu lado, os outros concorrentes franziam o sobrolho, o que levantou imediatamente uma questão suspeita: seria sabotagem? Seria Branca uma infiltrada, escolhida menos pelo seu dom para a culinária e mais pelo seu talento para armar confusão?

À medida que os episódios passam, e agora que vamos para a quarta semana — o último capítulo foi transmitido este domingo, 16 de janeiro, na SIC — cada vez mais parece existir algo de verdadeiramente errado no elenco de concorrentes. E a cada domingo reforça-se a teoria de que nem tudo bate certo nesta competição.

Uma competição, vale a pena recordar, na qual as regras são deliberada e repetidamente quebradas pelo apresentador. Não surpreende, portanto, que no momento de escolher os homens e mulheres das brigadas, se opte por colocar lado a lado profissionais que já cozinharam em alguns dos melhores restaurantes do mundo e amadores com pouco mais nas mãos do que um livro de receitas de família.

A decisão pode parecer estapafúrdia se pensarmos que se estaria a querer montar uma competição culinária. Será mais aceitável se assumirmos que o objetivo primordial do programa é o de combater outro reality show da concorrência com as mesmas armas — e dane-se a culinária.

Esta escolha dúbia de concorrentes não é um exclusivo da versão portuguesa. Ao longo dos anos, a mesma seleção tem sido colocada em causa pelos telespectadores; e até vários ex-concorrentes têm tocado no tema. Muitos dos concorrentes são escolhidos pelos seus temperamentos explosivos, egoístas, altamente inflamáveis em ambientes de grande stress como o da cozinha do “Hell’s Kitchen”.

Talvez isso explique a presença, nesta edição, de Olga, a eterna pedra no sapato da equipa vermelha, já por duas vezes ameaçada por Stanisic e salva no limite. Ou o de Catarina, a jovem com experiência a servir à mesa, mas que parece ter concorrido para o papel de voz-off.

Esta escolha de concorrentes sem perfil não é o único mistério digno de uma teoria conspirativa. O facto é que, mesmo profissionais experientes parecem derreter no calor da cozinha de Ljubomir Stanisic.

Há peixes que se servem extremamente salgados, carnes que são colocadas cruas no prato, até ao cúmulo de se tentar aquecer comida numa chapa desligada. Será que são mesmo todos incompetentes? Entre as potenciais explicações: fala-se no stress e no ambiente agressivo que é criado em torno dos concorrentes e que potenciam o erro. Mas pode haver algo mais por detrás disto.

Sem ser um fã de teorias da conspiração — mas, sejamos honestos, se há ambiente ideal para exercitar esse músculo criativo, é no inofensivo e pateta mundo dos reality shows —, tendo a concordar com muitos dos ex-concorrentes que acusam as produções de provocarem o caos total nas cozinhas.

Tek Moore, concorrente da sexta temporada da versão norte-americana do programa, deu o seu testemunho. “A produção chegava lá e mexia nos ingredientes, trocava o sal e o açúcar — tudo para que parecêssemos como uns perfeitos idiotas”, revelou. Pode ser essa a única fórmula de combater 24 horas de Bruno de Carvalho, encarcerado numa casa com um de fato de treino fluorescente.

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