A terceira temporada de “Casados à Primeira Vista” terminou a 10 de julho. Um dos poucos casais que saíram juntos do programa da SIC foram Inês Margarida e Bruno César Lima. Cerca de um mês depois, a NiT quis perceber como foi a experiência de participar no reality show — para alguém cuja relação correu bem — e como tem sido a vida agora que as câmaras e as luzes de estúdio fazem parte do passado.
Em entrevista à NiT, Inês Margarida, de 33 anos, afirma que a atração pelo marido foi imediata, quase como amor à primeira vista. Apesar de não ter tido dificuldades no relacionamento, a participação no formato da SIC nem sempre foi fácil, devido às provas realizadas em elevadas altitudes e aos conflitos entre os outros casais, algo que acabou por a afetar.
O sucesso que ambos tiveram levou-os a tornarem-se populares nas redes sociais. No Instagram, Inês Margarida conta com mais de 80 mil seguidores, enquanto Bruno César Lima já arrecadou 45 mil fãs que acompanham de perto a sua vida juntos.
Leia a entrevista da NiT com Inês Margarida.
Antes de mais, porque é que decidiu participar em “Casados à Primeira Vista”?
Foi um convite que recebi de uma amiga e decidi aceitar o desafio porque achei que era uma experiência diferente e completamente fora da caixa — que é algo de que eu gosto. Nunca tive o sonho de casar, pelo menos não de o fazer pela via tradicional, então isto tinha tudo a ver comigo.
Como é que foi a reação das pessoas à sua volta quando disse que ia participar no programa?
Inicialmente, não disse que ia participar. Perguntei o que é que achavam se eu participasse. Os meus amigos mais próximos deram-me muita força para eu ir. Acharam que tinha tudo a ver comigo, e que era uma loucura mas uma loucura à Inês Margarida, fazia todo o sentido. Os meus pais ficaram mais reticentes, porque tinham medo que alguma coisa corresse mal. No fundo, tinham medo que eu me magoasse. Depois de falar com eles e de explicar que me sentia confortável com as câmaras e que me sentia confortável com a prestação que achava que ia ter, acabaram por concordar e a minha mãe até foi uma das grandes impulsionadoras para eu aceitar.
Desde que acabou o programa, teve de lidar com algum tipo de estigma por ter participado neste formato?
Sei que o estigma existe. Confesso que antes de participar tive de lutar contra o meu próprio estigma. Tinha esse estigma de que quem participa nestes programas são só pessoas que não têm mais nada para fazer na vida. Todos nós temos algum estigma e temos de lutar contra ele. Mas, sinceramente, ainda não o senti diretamente comigo. Sei que algumas pessoas poderão pensar isso, mas a mim nunca me foi dito.
Lembra-se do que pensou quando conheceu o seu marido, o Bruno?
Lembro-me. Primeiro, quando o vi no altar, ele estava de cor de laranja. A primeira coisa que vejo é um fato de costas. Achei que era uma escolha arrojada e fora da caixa. Só por isso já estava a somar pontos, achei que era corajoso da parte dele. Depois, tinha dito à produção — quando eles fazem aqueles inquéritos em que nos perguntam qual o nosso tipo de homem e o que queremos de um parceiro — que gostava de uma boa energia, que a pessoa fosse simpática e tivesse uma energia animada. Quando ele se virou para mim abriu um sorriso gigante e criei logo aquela empatia.
Então aquele primeiro impacto foi logo positivo. Gostou do fato e também da energia do Bruno.
Consegui sentir logo isso. Para já, o homem era bonito, mas acho que a coisa mais óbvia foi mesmo o sorriso, a boa energia e o facto de ele ter feito uma escolha fora da caixa que mostrava que seria uma pessoa criativa e arrojada.
E essa primeira impressão estava correta.
Estava corretíssima, confirma-se tudo até hoje.
Tem algum momento que destaque da sua participação no programa?
Vários. Aliás, toda a participação foi um momento de destaque para mim. Gostei de tudo. Claro que há atividades mais difíceis do que outras. Por exemplo: tenho vertigens e durante o programa foram criadas três atividades nas alturas. Em três momentos diferentes, durante um mês e meio, tive de pôr as minhas vertigens à prova. Foram atividades difíceis mas ainda assim foram momentos bons porque consegui, de certa forma, libertar-me desses medos. Mas o ponto alto, principalmente para mim, foi quando fizemos a tatuagem em conjunto. No fundo, foi o desenho de uma palmeira com as coordenadas da ilha Saona, em Punta Cana, que foi onde estivemos na lua de mel. Foi um marco que decidimos fazer da nossa participação.
E qual foi o momento mais difícil?
Para mim era lidar com os conflitos alheios. Vivíamos dentro de uma bolha em que estávamos super bem um com o outro. Não tínhamos grandes conflitos dentro da relação, mas os conflitos dos outros casais, e algumas pessoas em concreto que eram um bocadinho mais conflituosas, geravam-me um stress acrescido. Diria que o momento mais difícil foi durante o acampamento, quando houve aquela pequena guerra entre a Cristina e o Luís Filipe. Tive muita dificuldade em lidar com aquilo. Houve uma altura em que saí mesmo dali porque, caso contrário, acho que me tinha chateado a sério.
Lembra-se do que pensou quando eles começaram a discutir?
Lembro-me de estar muito farta de ouvir a Cristina reclamar o dia inteiro. Ela vinha desde manhã a queixar-se. Pensei que não estava para ouvir estas coisas e que me ia afastar. Eles são grandes, eles que se entendam sozinhos.
Sentiu dificuldades em criar uma relação à frente das câmaras?
Achei que ia ter mais dificuldades do que tive. Não sou uma pessoa que demonstra afeto em público naturalmente. Achei que ia ficar mais reticente. Na verdade, o Bruno sempre foi uma pessoa muito relaxada e tranquila, que não tinha esses problemas, pela personalidade dele e também pela cultura, pelo facto de ser brasileiro, que são mais abertos a demonstrações de carinho em público. Essa maneira de ser do Bruno transmitiu-me a segurança que precisava para me abrir um bocadinho nesse sentido.
A certa altura sentiu que as câmaras já lá não estavam?
As câmaras já não me assustavam desde o início. Já tinha alguma experiência com câmaras. Fazia alguns programas como o “Tesouras e Tesouros” da SIC Caras, então já tinha algum à vontade, até porque a minha formação é em jornalismo. O que me assustava mais era a quantidade de pessoas da produção que estavam em todos os momentos connosco. Mesmo quando nas imagens parecíamos estar sozinhos, estava sempre uma panóplia de 50 câmaras, áudio e produtores por trás. Não eram as câmaras em si, mas a quantidade de pessoas da produção.
O que é que as pessoas não fazem ideia quando veem o programa, mas que é surpreendente para quem está lá dentro?
Eu diria a quantidade de pessoas envolvidas no programa. A equipa é muito grande e, se calhar, comparado com outros programas, até nem é uma equipa gigante, mas para quem não está habituado foi um bocado surpreendente. Pensei: “Uau, é preciso esta quantidade toda de pessoas para fazer o programa funcionar?” Uma coisa que as pessoas não sabem e que perguntam muitas vezes é que aquilo é mesmo real. Nós casamos realmente. Existem, de facto, documentos oficiais. Tudo aquilo que estamos a viver é real. Nada daquilo é montado. Não há um guião e não temos de dizer determinadas frases ou palavras.
Creio que isso seja um pensamento generalizado entre as pessoas. No “Casados à Primeira Vista” tudo o que acontecia vinha da vossa parte? Não havia uma influência exterior?
Havia tópicos que a produção nos pedia para abordar. Mas o que nós dizíamos partia de nós. Ou seja, a produção podia-nos dizer: “Comenta aquilo que achaste sobre a reação de determinado participante ontem à noite no jantar”, e nós tínhamos de falar sobre aquilo. Mas o que nós dizíamos era aquilo que pensávamos. Óbvio que também há cortes. Se eu falasse dez minutos seguidos eles não podiam mostrar dez minutos do que eu disse.
A relação com o Bruno mudou após saírem do programa?
O sentimento não mudou. Continuamos bem e enamorados. O que mudou, obviamente, é a dinâmica. A partir do momento em que saímos do programa deixamos de estar à mercê daquilo que a produção nos propõe para fazermos. Já não temos os horários, não temos câmaras atrás de nós. Não temos jantares de grupo, não lidamos com os dramas alheios. Então, passa a ser uma dinâmica controlada por nós. Tomamos as nossas decisões.
Atualmente conta com 80 mil seguidores no Instagram. É estranho ter tantas pessoas a ver o seu conteúdo?
Entrei para o programa com sete mil seguidores. Fazia publicações muito a pensar nos meus amigos. Honestamente nunca imaginei que houvesse tantas pessoas a quererem seguir-nos. Durante o programa talvez, mas depois pensei que não iria haver esse interesse. Mas dizem-nos que gostam de nos acompanhar e ver a nossa relação evoluir. Pode ser uma coisa temporária, porque entretanto o programa saiu do ar, mas por outro lado é bom sentir o carinho das pessoas.
Como é que lida com esta fama mais recente?
Lido com o pensamento de que é uma coisa temporária. Não me deixar assoberbar e iludir por isso. Não gosto da fama, não é isso que procuro. Não me permito criar ilusões. Há coisas boas e más: da mesma maneira que há pessoas que nos transmitem carinho, também há aqueles comentários mais ácidos.
O que é que vê no seu futuro com o Bruno?
Começámos a viver juntos há um mês. Saímos do programa, estivemos um mês cada um na sua casa. Começámos a viver juntos no início de julho. O nosso objetivo é continuarmos, claro. Temos planeado ir ao Brasil no final do ano, porque o Bruno é brasileiro e precisa de voltar a ver a família. E eu também quero muito conhecê-los, bem como o sítio onde cresceu. Também temos um projeto que está em processamento, ainda sem data concreta. É um podcast em conjunto onde vamos fazer entrevistas a várias figuras portuguesas e brasileiras, com o intuito de criar uma relação luso-brasileira com os entrevistados.
Pondera participar noutro programa de televisão?
Num programa de relacionamentos não faz sentido. Estou muito satisfeita com o meu relacionamento, contra todas as expetativas. Noutro formato de televisão, sim. Tendo a formação em jornalismo e já trabalhando mais ou menos na área, claro que tenho todo o interesse em ter novos projetos, sejam eles em reality shows ou de outro género. Dependeria muito do conceito e do programa.