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Joana Marques: “Surpreendeu-me mesmo esgotar o Coliseu dos Recreios em 3 horas”

A humorista vai apresentar um espetáculo de “Extremamente Desagradável”. Falámos ainda de “Ídolos”, onde é uma das juradas.
Foto de Madalena Esteves/Fremantle

Joana Marques é, sem dúvida, uma das personalidades do momento no entretenimento português. A rubrica “Extremamente Desagrável”, que faz diariamente na Rádio Renascença, tornou-se um projeto de culto que todos os dias conquista mais ouvintes. A prova disso é que, quando anunciou neste mês de maio que ia fazer dois espetáculos baseados na rubrica, o Coliseu dos Recreios, em Lisboa, esgotou em apenas três horas.

Neste momento é também uma das juradas de “Ídolos” — ao lado de Ana Bacalhau, Martim Sousa Tavares e Tatanka. Neste domingo, 15 de maio, arrancam as galas em direto do programa de talentos musicais.

Joana Marques é ainda uma das guionistas de “Isto é Gozar Com Quem Trabalha”, programa conduzido por Ricardo Araújo Pereira na SIC. E escreve crónicas regulares na revista “Visão” desde o início do ano. A NiT quis falar sobre todos estes projetos com a humorista e começámos a conversa precisamente com “Ídolos”. Leia a entrevista.

Como reagiu quando a convidaram para fazer parte do júri de “Ídolos”?
Tivemos todos a mesma reação que depois partilhámos entre nós: ficámos espantados. Embora, no caso deles, era mais expectável porque são todos músicos. Eu era o elemento de fora. Parecia um daqueles exercícios da “Rua Sésamo” em que tínhamos de dizer o que é que não pertencia àquele conjunto, tipo só ferramentas e uma cenoura no meio. Nesse caso eu seria a cenoura. Fiquei espantada e perguntei mesmo ao Daniel Oliveira: “OK, parece-me engraçado, mas porquê eu?” Ele justificou-se e tomei como boa a justificação. De facto, vi todas as edições do “Ídolos” — basicamente vi todas as edições de tudo. Passei a infância e a adolescência muito dedicada a ver televisão. E ele pensou que esse meu conhecimento da cultura pop da televisão portuguesa poderia ser útil. Os outros jurados têm aquele lado mais sério, podem dar inputs verdadeiramente úteis para as pessoas que estão a concorrer e querem fazer carreiras na música. Eu sou um bocado o comic relief — não estou ali numa posição de dar conselhos aos concorrentes, porque provavelmente sabem mais do que eu. Cantam todos melhor do que eu — até os que cantam muito mal. Percebi que era um papel relativamente descontraído e aceitei. Se é só para estar lá, no fundo, a representar os espectadores que veem o “Ídolos” em casa, acho que sou capaz de o fazer.

Ser fã deste programa também contribuiu para que tenha aceitado o convite, suponho.
Sim, tenho uma certa atração pelo abismo. Pensei que deveria ser complicado de fazer, porque no fundo estás a julgar outra pessoa — embora não seja uma coisa de vida ou morte —, e pode ser desagradável quando a coisa não corre bem. Ao mesmo tempo, queria saber como é que aquilo se faz. Vi todas as edições e é giro ter a experiência de estar do lado de lá. Pensei: porque não? É algo que penso muitas vezes: vamos experimentar. E, olha, está a acontecer, e até agora acho que não aconteceu nenhuma desgraça. Ainda não cancelaram o programa, portanto, considero o saldo positivo.

Foto de Tomás Monteiro.

A experiência surpreendeu-a? Ou tem sido mais ou menos como esperava?
Algumas coisas estavam dentro daquilo que estava à espera, até porque já tinha conversado com pessoas que tinham feito edições anteriores do “Ídolos” ou de programas do mesmo género. Já tinha alguma ideia do que se passava ali, não foi tudo completamente novo, mas sentires na pele é um bocadinho diferente. Sobretudo a quantidade de horas que se gravam nesta fase de castings, num dos dias gravámos 16 horas. Mesmo para nós, que estamos confortavelmente sentados e mais descontraídos porque não vamos ser avaliados — só somos quando o programa vai para o ar [risos] — é exigente estar 16 horas a ouvir pessoas. E tentar manter uma certa frescura, porque todas merecem ser tratadas por igual. Temos de estar nas mesmas condições a ouvi-las e não muito cansados e sem paciência. Tentar sempre que seja como se fosse a primeira audição do dia. Agora começam os diretos, que é algo que entusiasma sempre, quanto mais não seja porque não dá para fazer uma segunda vez.

Está expectante?
Sim. Partilhamos a curiosidade de sermos todos novos nisto — tanto o júri como a Sara Matos, que está a apresentar — sentimos aquele entusiasmo da primeira vez, que é engraçado. Ninguém está cansado nem muito habituado a este formato porque para nós é tudo novo. E, mesmo em relação aos diretos, não sabemos muito bem o que esperar, existe aquela adrenalina de “vamos lá fazer uma coisa pela primeira vez”.

O maior desafio tem sido essa exigência das gravações?
Sim. Fora isso, é uma coisa que se tem feito muito bem, porque rapidamente nos demos bem uns com os outros e divertimo-nos muito. Mesmo essas longas horas acabam por passar relativamente rápido porque facilmente se gerou uma amizade entre nós. Se fosse com pessoas que não se dessem tão bem seria muito chato e até penoso estar ali tantas horas. Mas íamo-nos divertindo muito com tudo o que acontecia. No fundo, tens uma nova oportunidade a cada dez minutos, sempre que entra uma pessoa pela porta e é uma história única. Faz com que a coisa nunca seja monótona. Na fase dos diretos será um desafio diferente — será sempre o mesmo leque de concorrentes, vamos ficar a conhecê-los melhor, já não são desconhecidos que estão à nossa frente. Vão ser novos desafios  — mas ainda não sei quais são.

Tem estado atenta à reação das pessoas em casa? Ou tenta não ligar muito a isso?
É mais forte do que eu, vejo sempre tudo. Muitos dos meus colegas de júri preferem não ver. E eu faço-lhes uma seleção. Deixo de fora aqueles muito maus, se os insultam ou os criticam de forma muito agressiva, só lhes mostro os engraçados. Lembro-me, por exemplo, de ver uma rapariga perdidamente apaixonada pelo Martim que perguntava se ele era um gentleman à mesa e um louco na cama. Essa reação mandei para eles, vou fazendo uma seleção dos comentários sobre cada um. Toda a gente adora a Ana Bacalhau, percebo porquê — é irresistível porque ela é a mais querida de todos os membros do júri —, e também acham o Tatanka muito engraçado. Diria que, quando embirram com dois elementos, é comigo ou com o Martim. Mas vivo muito bem com isso e acho divertido. Sobretudo porque as pessoas são muito apaixonadas na maneira como exprimem as suas opiniões sobre o “Ídolos” — porque gostam muito dum concorrente e não gostam de outro, ou porque consideram que decidimos mal. É sempre assim, é como num jogo de futebol, quando estamos sempre a criticar o árbitro, porque vemos sempre o jogo com a nossa lente, que é a de quem gosta mais de uma equipa. É sinal de que estão a vibrar com o programa.

Para lá do “Ídolos”, sempre lidou bem com essas críticas e comentários do público nas redes sociais?
Acho que me fui habituando, a primeira vez é sempre pior. É como todas as experiências menos boas da vida — a primeira vez é um choque. Se calhar custou-me mais um comentário qualquer que me fizeram quando fiz os primeiros programas no Canal Q há uma data de anos do que me custa agora — e agora a quantidade é muito maior. Obviamente, há muito mais gente a dizer mal do que na altura, por razões óbvias. Mas habituei-me, o que é bom, porque se sofresse como da primeira vez que alguém disse uma coisa má, ia ter uma vida um bocadinho complicada. Tento sempre divertir-me com isso. Claro que quando é só o insulto pelo insulto, não tem graça nenhuma. Mas fazem alguns comentários muito engraçados — e alguns até com razão, que consigo reconhecer.

Foto de Madalena Esteves/Fremantle.

E a Joana até vai partilhando alguns dos mais engraçados.
Sim, é melhor se virmos o lado engraçado disto e não levarmos a coisa muito a sério. É só um programa de televisão. Queremos que corra bem, claro, mas é o que é — e as pessoas, às vezes, transformam aquilo numa coisa enorme, e não é. No dia seguinte, o tema já é outro, portanto, também não vale a pena levar as reações muito a peito. 

Em relação aos espetáculos de “Extremamente Desagradável” que vai apresentar nos coliseus: quando surgiu a ideia?
Tive ideia de o fazer há algum tempo, mas fui adiando porque pensava: isto vai dar um trabalhão [risos]. Entretanto, ia tendo outros trabalhos pelo meio, fazer a rubrica todos os dias não me deixa assim muito tempo livre, então pensava: não me vou meter nisto, não é? Às tantas, às vezes, é preciso sermos espicaçados por quem nos rodeia. “Então quando é que fazes?” E depois destes anos de pandemia durante os quais era impossível fazê-lo, achei que era a altura. É um bocadinho a coisa do fruto proibido. Durante a pandemia pensei: “agora até fazia, mas não dá”. Assumi quase um compromisso mental: quando isto passar, e as salas puderem voltar a ter gente, então vamos a isso. Porque, de facto, pode ser giro e divertido. Apesar de trabalhoso, o resultado final pode ser giro — e vai ser uma boa maneira de reunir as pessoas que ouvem a rubrica. Nunca as vejo, elas ouvem-me mas não sei quem são, e é giro este sentido de comunidade que as pessoas têm ajudado a criar. Comentam muito, mandam muitas sugestões.

Como partiu da rubrica diária para pensar num espetáculo maior e com momentos diferentes?
Ideias fui tendo sempre, mesmo quando pensava que aquilo talvez só fosse acontecer daqui a 10 anos. Fui sempre tomando nota de algumas ideias: quando um dia fizermos, deveríamos ter não sei o quê. Neste momento, estou com um problema que me costuma acontecer — ter ideias a mais para o tempo que o espetáculo deve ter. É olhar para aquilo e pensar o que é bom e não é, e tentar corresponder um bocadinho… Mas será uma mistura entre grandes clássicos da rubrica, que as pessoas gostam sempre de recordar; e um lado de novidade, de coisas que nunca analisei. Estou a tentar criar um equilíbrio entre as duas coisas. Para ter um lado meio nostálgico e outro de novidade. 

Acredito que não queira revelar grande coisa, mas de que forma é que os convidados vão entrar no espetáculo?
Pois, podia só dizer que não posso revelar nada, mas muitas ainda não sei sequer como se vão desenrolar, são só uma ideia no papel. Posso dizer que já fiz contactos com algumas pessoas. As únicas convidadas óbvias são a Inês Lopes Gonçalves e a Ana Galvão, claro, que farão grande parte do espetáculo comigo. Até porque é essa a expectativa que as pessoas têm, porque nos ouvem sempre às três. Há mais dois ou três convidados que já estão tratados, mas prefiro não dizer porque o fator surpresa é vai dar vontade de rir.

Estão marcadas duas datas. Tenciona, eventualmente, marcar mais, ou quer mesmo cingir-se a dois espetáculos?
Quis limitar, e quando estávamos a decidir em que sala seria, a minha teoria era fazermos no coliseu porque é maior e assim fica tudo “despachado” de uma vez. Já que vamos ter de passar por isto — porque implica sempre alguns nervos e stress — fazemos num sítio um bocadinho maior, na esperança de que encha, e fica feito num dia. Agora, as pessoas trocaram-me um bocado as voltas porque o encheram muito rápido. Em Lisboa, ao fim de três horas, já não havia nenhum bilhete e comecei a levar com as reclamações enfurecidas das pessoas — e não gosto de lhes fazer essa desfeita. Por causa da pandemia, as datas das salas estão todas muito requisitadas, está a ser difícil, mas estamos a tentar ver se é possível pelo menos adicionar mais uma data, quer em Lisboa, quer no Porto. Quando tiver novidades direi.

Foto de Madalena Esteves/Fremantle.

O podcast já tem alguns anos, mas talvez se tenha tornado mais popular nos últimos meses do ano passado. Consegue identificar algo específico que tenha provocado este boom?
Não sei. Não consigo, penso que foi uma coisa gradual, foi crescendo. Começou até na Antena 3, e quando fui para a Renascença levei a rubrica comigo. Obviamente isso correspondeu logo a um salto grande porque a audiência destas duas rádios não são iguais. Mas, sim, de facto, também identifico no último ano, não sei ao certo a partir de quando, mais gente a ouvir. Não pensa que tenha havido uma edição específica que tenha feito a diferença. Identifico duas ou três que foram mais populares, mas não acho que tenha havido assim um clique. Aconteceu de uma forma que funciona muito em rádio: o hábito, o boca a boca — isso gera um crescimento, mas não de um dia para o outro é uma coisa mais gradual. O facto de nós as três nos estarmos a divertir com aquela coisa específica ajuda. Não temos aquela gargalhada artificial que era comum numa forma de fazer rádio mais antiga — quando estamos a rir é mesmo porque nos está a dar vontade. Isso contagia um bocado as pessoas, quanto mais gostamos do assunto daquele dia mais a coisa tem potencial. 

A que horas costuma escrever? Depende de quando surge o tema?
Temas tenho sempre, tenho aqui uma lista — agora fiz um Excel para parecer uma pessoa organizada, embora seja um Excel caótico — e diria que tenho para aí uns 100 temas. As pessoas também me enviam muitas sugestões e tomo sempre nota para não me esquecer, entre as outras que vou vendo. Às vezes, falta-me é tempo para ir a tudo.

Arranjar tema era o maior problema que tinha há uns anos — o que vai ser amanhã? Esse problema desapareceu. Agora é decidir o que faz mais sentido no dia seguinte. Normalmente, escrevo durante a tarde, desde que saio do programa até ir  buscar as crianças à escola. Quando a tarde não chega para despachar aquilo — porque há temas que demoram mais —, continuo à noite, quando eles já estão a dormir. Faço mais uma sessão de escrita, às vezes, até à meia-noite, outras até à uma. E já me aconteceu estar a acabar de manhã, mas não gosto muito de o fazer porque acho que me faz mal ao coração estar a acabar em cima da hora. Mas quando estou muito cansada à noite e já estou quase a adormecer — às vezes, já estou a escrever coisas sem sentido nenhum — deixo para o dia seguinte. Não é que faça muito sentido na mesma, mas já faz um bocadinho mais, já se percebe. Acordo às seis e acabo de escrever até às sete. 

Como estava a dizer, o crescimento tem sido gradual, mesmo havendo um pico ou outro aqui e ali. Ficou surpreendida quando, por exemplo, no final do ano passado, foi o podcast português mais ouvido do ano no Spotify? Ou quando esgotou um Coliseu dos Recreios em três horas?
A do Coliseu surpreendeu-me mesmo. Nunca sabemos, porque uma coisa é as pessoas gostarem de ouvir na rádio, outra é terem a iniciativa de “vou sair de casa”. Ainda por cima em setembro, sei lá o que vou estar a fazer em setembro. Esta coisa de planear à distância normalmente fazemos com um concerto de que gostamos muito, um festival de verão. Neste caso não sabia se as pessoas se iam dar ao trabalho de “vou já garantir que em setembro me vai apetecer ver isto”. Isso surpreendeu-me, sem dúvida, até porque será a primeira vez que vou fazer a rubrica ao vivo. O facto de ser o podcast mais ouvido do ano também me surpreendeu porque nem sabia que havia essa contagem no Spotify. Sabia que havia muita gente a ouvir, mas nem tenho acesso aos números, não é algo que siga atentamente. Como oiço muitos podcasts, estou sempre nessas plataformas, e vou vendo que estamos lá nos tops e obviamente fico contente.

Sente que algumas das reações mais críticas de algumas figuras públicas que foram visadas na rubrica também contribuíram, de alguma forma, para a projeção do “Extremamente Desagradável”?
Se calhar sim, involuntariamente da parte delas, claro, mas é possível. Nunca tinha pensado nisso. Tudo o que seja sobre a rubrica, seja para bem ou para mal… Se calhar até mais para mal, porque uma pessoa dizer “vi isto e gostei muito”, as pessoas vão espreitar, mas se uma pessoa disser “vi isto e odiei, vou processar”, seja o que for, se calhar os fãs vão ver. Podem não ver para dizer bem, mas vão ver e isso aumenta a notoriedade. Mas não faço com essa intenção, não penso que amanhã vou falar do Gustavo Santos por causa disto ou daquilo. Muitas vezes até falo de pessoas bastante desconhecidas e nem penso nisso. Mas é capaz de ser uma das explicações. As revistas também pegam muito nisso, mas acho que não seja por aí, não acho que seja o mesmo público [risos].

Foto de Madalena Esteves/Fremantle

Paralelamente, continua a fazer parte da equipa de guionistas do programa “Isto é Gozar Com Quem Trabalha”, de Ricardo Araújo Pereira; e desde o início do ano que escreve crónicas na revista “Visão”. Como tem sido conseguir gerir o tempo para fazer isto tudo?
É um bocadinho complicado, às vezes [risos]. Dormir pouco, não é? E ter uma certa organização, que, às vezes, é um bocado contrária a esta profissão, a ideia de se ser criativo é assim meio caótica, mas neste caso não dá. Tenho que ter quase um calendário do que tenho para fazer em cada dia. Depois são trabalhos muito diferentes e isso é bom, porque no fundo não me canso de nenhum. O da rádio é num registo, depois com o Ricardo e os restantes guionistas é noutro, porque escrevemos cada frase em conjunto, depois tenho estas coisas que faço sozinha na “Visão” e na Renascença. E o “Ídolos” foi uma experiência completamente diferente e, às vezes, sentia até que estava a descansar lá. Porque, como não implica escrever, é só falar, até me pareceu fácil. Não são férias, mas vejo mais como diversão do que como um trabalho muito pesado. Isso é para os concorrentes — esses, sim, trabalham a sério.

Sente que chegou a uma espécie de auge no seu percurso profissional? Ou isto ainda agora começou?
Ai, não penso nada nessas coisas [risos]. Até agora tem resultado não pensar nem planear nada. Há quem o faça, e provavelmente faz bem e resulta. A questão de planificar onde querem estar daqui a 10 anos ou dizerem que querem fazer um espetáculo no coliseu ou estar no canal não sei quê… Nunca programei nada, tenho-me deixado ir e como está a funcionar não vou mudar este meu modelo. Vou deixar-me ir assim. Não penso se é o auge, espero que não, porque não sei fazer outra coisa. Espero que isto não seja o auge porque se não a seguir é sempre a descer [risos] e gostava de poder trabalhar ainda uns quantos anos porque todas estas coisas me divertem. 

O que é que ainda não concretizou e gostava de fazer?
Olha, ir de férias é a coisa que neste momento gostava imenso de concretizar [risos], ainda não consegui este ano mas já está pensado. E é assim a única coisa que neste momento cabe nos meus planos. Acabaste de enumerar as coisas todas que estou a fazer ao mesmo tempo e nem sequer me atrevo a pensar: “o que gostava mesmo era de escrever uma longa-metragem”. Nada disso. As coisas que tenho para fazer já me dão “chatices” suficientes.

Mas não existe nada que gostaria de concretizar um dia, sem qualquer prazo pensado?
Tenho ideias para alguns livros que gostava de escrever. Vou lançar um em breve, mas é com as crónicas que já foram sendo publicadas. Tenho ideias para escrever livros de raiz, mas que implicam tempo que não me vejo a ter nos próximos anos… Gosto de ter esses planos para, um dia, quando isto tudo estiver mais calmo, escrever o tal livro com aquela ideia. Vou tendo ideias assim, mas não tenho um grande plano por concretizar. Os que tinha para concretizar são os que estou a fazer agora e estou a aproveitar, sem pensar muito nisso nem me angustiar com o que vem a seguir. A malta da auto-ajuda gosta muito de aproveitar o momento, não é? Viver o aqui e agora? Gosto muito desse conceito. Às vezes sinto dificuldade porque estou sempre mais ali ao fundo e no daqui a bocado, sempre a pensar noutras coisas. Tenho dificuldade nessa coisa do aqui e agora [risos]. Ando a fazer esse esforço de aproveitar as coisas divertidas que estão a acontecer. Quando te oiço a dizeres os trabalhos que estou a fazer e vejo de fora, penso: olha, que sorte, são trabalhos fixes, são coisas divertidas e que me permitem viver disso. Portanto, é não mexer nem estragar durante uns anos, está ótimo. Considero tudo o que estou a fazer agora uma espécie de luxo — é aproveitar enquanto dura.

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