A perseguição pelos paparazzi e o escrutínio público já levaram várias celebridades a momentos de crise. Britney Spears protagonizou o infame episódio em que rapou o cabelo e destruiu o vidro de um carro com um chapéu de chuva. Keira Knightley também enfrentou dificuldades e, nos últimos anos, tem falado abertamente sobre o período mais negro da sua vida, vivido no início dos anos 2000, quando atingiu o estrelato.
“O Amor Acontece” (2003) foi um dos projetos que a catapultaram para a fama, com a icónica cena de Andrew Lincoln a declarar amor à sua personagem através de cartazes numa época natalícia. Curiosamente, o Natal volta a ser central na sua carreira. Desta vez, Knightley é a estrela de “Black Doves”, uma nova série da Netflix que estreia esta quinta-feira, 5 de dezembro. “Quero monopolizar o Natal e arruinar a época festiva”, brinca a atriz, de 39 anos, em entrevista ao “The Guardian”.
Inspirado pelo estilo de ação de “Die Hard”, o thriller mistura intriga, mortes e uma narrativa intensa. A história passa-se em Londres e acompanha Helen Webb, uma mãe dedicada que esconde uma vida dupla como espia.
Durante uma década, Helen revelou segredos políticos do marido à organização secreta Black Doves. A trama adensa quando Jason (Andrew Koji), amante de Helen, é assassinado. “Juntos, Helen e o amigo de longa data Sam, embarcam numa missão para descobrir quem matou Jason e o porquê, o que os leva a desvendar uma grande conspiração que liga o submundo obscuro de Londres a uma crise geopolítica iminente”, descreve a sinopse oficial.
Em entrevista à “Radio Times”, Keira admitiu que o papel, repleto de ação e tiroteios, foi “uma ótima terapia” para libertar “a raiva reprimida que sentia”. Embora não detalhe as razões para essa raiva, a pressão do escrutínio público parece ter sido determinante, conforme já relatou inúmeras vezes.
A atriz sofreu um esgotamento mental aos 22 anos, precisamente no auge da carreira. Depois de protagonizar “O Amor Acontece” e “Piratas das Caraíbas”, retirou-se durante um ano devido aos muitos comentários depreciativos que a faziam sentir-se “inútil”. A falta de formação em Teatro intensificava as suas inseguranças. “Comecei a sentir que não valia nada”, contou à “The Hollywood Reporter” em 2018. Nem a nomeação ao Óscar em 2005, graças a “Orgulho e Preconceito”, fez com que mudasse de opinião.
Cientes de que estava a entrar numa espiral descendente, os paparazzi faziam questão de a perseguir. Diariamente, esperavam-na cerca de 20 fotógrafos, ansiosos por registar uma reação explosiva. “Se não tivéssemos um esgotamento à frente deles, eles fariam de tudo para que isso acontecesse. De repente, sentia-se uma certa violência no ar. Ninguém reagiria bem a isso”, recorda. Em 2007, chegou mesmo a passar três meses sem sair de casa — uma experiência que poderá ter inspirado a sua participação em “London Boulevard”, de 2010, onde interpreta uma atriz famosa que não sai da sua mansão.
Ainda assim, compareceu aos BAFTA de 2008, depois de recorrer a hipnoterapia para ultrapassar a ansiedade. Nos anos seguintes, fez da terapia uma constante. Durante este período, foi diagnosticada com transtorno de stress pós-traumático.
Outro dos traumas foi provocado pelos comentários repetitivos sobre o seu corpo. Durante os anos 2000, os tabloides especulavam sobre possíveis distúrbios alimentares devido à sua magreza. “Sabia que não tinha um distúrbio alimentar porque sabia que comia. Bloqueei muito do que aconteceu nessa altura e, atualmente, não me lembro de nada. Às vezes tenho uma pequena lembrança, mas decidi esquecer porque era humilhada publicamente, à frente do mundo todo”, revelou ao “The Times” a 24 de novembro.
A atriz sabe que não era um caso excecional, visto que muitas outras colegas de Hollywood sofriam com o mesmo preconceito. Quando falavam abertamente sobre o tópico, eram ridicularizadas. “Lembro-me que uma das irmãs Olsen [Mary-Kate] tinha anorexia e entrou numa clínica para se tratar. Fizeram-me perguntas sobre isso durante uma press tour como se fosse uma piada. Era óbvio que a queriam humilhar por procurar ajuda. Ainda não consigo lidar com aqueles anos”, confessa.
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