Na década de 70, a famosa Times Square em Nova Iorque era tudo menos o turístico e convidativo local que hoje conhecemos. Prostitutas e proxenetas conviviam com moradores e pervertidos, entre bordéis e peep shows — um campo fértil para o crime, como se veio a perceber rapidamente.
O país vivia sob a sombra dos assassinos em série e numa noite de dezembro de 1979, a polícia de nova-iorquina percebeu que tinha um grave problema em mãos. As autoridades foram chamadas para acudir a um incêndio no quarto do Travel Inn Motor Hotel, em Times Square. Assim que o fumo dissipou, foi possível ver os corpos de mulheres parcialmente carbonizados no chão.
Nenhum dos corpos tinha cabeça ou mãos. “Foi um tipo doente que fez isto”, recorda Jim Riegel, um dos polícias que esteve no local. O seu testemunho é um de muitos registados para a nova história da série documental de antologia Cena do Crime. “O Assassino de Times Square” é o mais recente capítulo e estreou na Netflix esta quarta-feira, 29 de dezembro.
O culpado só seria descoberto muitos meses depois, responsável por pelo menos onze homicídios macabros e outras tantas violações. Desse crime marcante em Times Square foi registada apenas uma vítima, Deedeh Goodarzi, de 22 anos, e uma adolescente que nunca chegou a ser identificada. Ambas prostitutas, terão sido torturadas, violadas, e esfaqueadas, antes de mutiladas e queimadas num quarto em chamas.
A escassos metros de Times Square, a 42nd Street era conhecida pela indústria do sexo, cinemas de adultos e sexo ao vivo, com a prostituição a decorrer livremente nas ruas, apesar de ilegalizada. Sem técnicas modernas de resolução de crimes, muitos assassinatos e violações ficavam impunes.
A preocupação tomou conta da polícia de Nova Iorque quando, após esse primeiro crime, os homicídios de contornos semelhantes começaram a repetir-se. Cinco meses depois, noutro hotel, desta vez em Nova Jérsia, o corpo de uma jovem de 19 anos foi encontrado com sinais visíveis de tortura e mordidelas.
Dez dias depois, novo incêndio num quarto de hotel e nova vítima, Jean Reyner, torturada, violada e assassinada. Os seus seios foram mutilados e colocados numa prateleira. O assassino não teve tanta sorte com a sua próxima vítima, cujos gritos abafados foram suficientemente altos para alertar o staff de um hotel, que avisou a polícia e precipitou os acontecimentos dramáticos relatados na nova série documental.
Criada pelo oscarizado Joe Berlinger, a série foca-se neste assassino mas também no ambiente perigoso vivido pelas trabalhadoras do sexo em Nova Iorque e Nova Jérsia.
“Como nova-iorquino, vi Times Square tornar-se numa meca turística, mas muitos esquecem-se do ambiente negro do final dos anos 70 e início dos 80, em que era uma espécie de parque do sexo sem leis que dava azo a que predadores pudessem explorar as trabalhadoras do sexo, ou ainda pior”, explica o realizador e produtor-executivo.
Na série documental de três episódios, revelam-se testemunhos de polícias e de trabalhadoras de Times Square, bem como de nova-iorquinos que ajudaram a resolver o crime. Uma delas é Jennifer Weiss, a filha de uma das vítimas do assassino de Times Square.
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