Televisão

Madalena Aragão: “Estamos a tentar fazer uns ‘Morangos’ diferentes, mais atuais”

A NiT entrevistou uma das protagonistas da nova versão da série juvenil da TVI. Está a concorrer aos TikTok Short Film Awards.
A estreia vai acontecer no último trimestre do ano.

Foi uma das notícias que marcaram o início desta semana. Na segunda-feira, 17 de abril, a TVI e a Prime Video anunciaram 21 atores na nova versão de “Morangos com Açúcar” — e revelaram que as gravações tinham arrancado precisamente naquele dia, na praia, em Cascais.

Uma das atrizes principais é Madalena Aragão. Tem apenas 18 anos, pelo que não era nascida quando “Morangos com Açúcar” estreou na TVI em 2003. Porém, tem já uma longa experiência profissional para a idade. Estreou-se em 2016, quando tinha apenas 10 anos, na novela da SIC “Rainha das Flores”.

Desde então, participou em produções tão diversas quanto “Paixão”, “A Teia”, “Nazaré”, “Quaranteens”, “Fátima”, “Quer o Destino”, “Causa Própria”, “Contado por Mulheres”, “A Sibila” ou “Para Sempre”. Na nova versão de “Morangos com Açúcar”, contudo, fará o seu papel mais importante até ao momento. 

Além disso, recentemente Madalena Aragão desenvolveu com uma série de colegas uma curta-metragem, intitulada “(Nós) na Cabeça”, que está a concorrer — até domingo, dia 23 — aos TikTok Short Film Awards, uma iniciativa do festival de Cannes. O projeto nasceu de uma ideia original sua, que depois foi aprofundada em conjunto com Lucas Dutra, que esteve encarregue da realização e edição. Leia a entrevista da NiT com a atriz. 

Como é que têm sido os primeiros dias de gravações?
Estão a ser muito interessantes, estão a ser bons. O início foi o mais desafiante, a parte dos ensaios e de tentar descobrir a personagem. Mas estou muito feliz. Tenho um grupo muito fixe de elenco, mesmo a equipa toda… Ainda só vamos no quarto dia de rodagem mas parece que já criámos uma família. E estamos tão envolvidos nesta bolha de trabalho e, de alguma maneira, de amor, que, apesar do cansaço, chegamos lá todos os dias com um sorriso na cara e a malta toda pronta para mais um dia. As primeiras gravações, como foram na praia, com muito calor e andar a correr de um lado para o outro na areia, foram mais cansativas e um pouco mais puxadas. E a malta apanhou alguns escaldões [risos]. Mas está a ser muito prazeroso.

Qual era a sua relação com este universo de “Morangos com Açúcar”? As primeiras temporadas estrearam ainda antes de a Madalena nascer. Não sei se, mais tarde, acompanhou; ou se, agora, viu episódios antigos para preparar este projeto. Qual era a sua ligação?
Sinceramente, não apanhei quase nada. Apanhei um bocadinho das últimas [temporadas], mas não me lembro assim de nada mega impactante. E acho que a maior parte das pessoas da minha idade… Não sei se falo por todos, mas eu não apanhei muito. E, genuinamente, acabei por não ir ver porque estamos a tentar fazer uma coisa diferente em relação aos “Morangos” antigos. Estamos a tentar fazer uma coisa mais atual. Estamos a tentar imprimir mais realidade e naturalidade, mesmo em termos de acting, com o Marco Medeiros, o nosso diretor de atores; e o Francisco Antunez, que é o nosso realizador; e o João Gomes, que é o realizador da segunda unidade. Portanto, estamos com uma equipa muito fixe a tentar fazer uma coisa completamente diferente. Acho que os “Morangos” antigos vão ter impacto neste reboot porque somos os novos “Morangos”, e é o Colégio da Barra…

Existe uma ligação narrativa.
Exato, e temos personagens que vieram dos “Morangos”. Mas estamos a tentar fazer uma coisa um bocadinho diferente, que se adeque mais aos tempos de hoje e que os adolescentes de hoje queiram ver. 

Madalena Aragão com o ator Vicente Gil.

Obviamente, a forma como as pessoas consomem séries e televisão também mudou muito nestes anos. E a prova disso é que estes novos “Morangos” também são o resultado de uma parceria com a Prime Video, ou seja, existe essa aposta no streaming. Mas sente que esta nova versão tem o potencial para ser um fenómeno próximo ao que foram os “Morangos com Açúcar” originais? Ou é muito difícil, porque as circunstâncias mudaram?
Acho que é muito difícil porque as circunstâncias mudaram. Ou seja, nós temos expetativas altas, porque andamos a trabalhar muito e estamos todos exaustos para entregar um produto final com muita qualidade, mesmo em termos técnicos — câmara, luz, som — e de acting, da nossa parte. Mas na altura não havia nada em termos de streaming. Não havia muitas redes sociais, as pessoas não eram tão ligadas a isso. Os “Morangos” foram algo que virou de alguma maneira a televisão portuguesa — ou, pelo menos, as séries juvenis portuguesas. Agora que há redes sociais, séries de streaming e tudo mais, sinto que é mais difícil criar aquele fenómeno. Ou seja, sinto que vai haver impacto, mas será diferente.

Sente uma responsabilidade extra por serem os “Morangos com Açúcar”? Ou, no fundo, não, porque existe uma responsabilidade em qualquer trabalho?
Sim, há sempre responsabilidade em todos os trabalhos. Agora, sinto responsabilidade não por serem os “Morangos”, mas pela personagem que tenho, o papel a desempenhar neste grupo. Nunca tinha feito uma protagonista, e tenho um bocadinho de medo da pressão que é. Mas até agora fui tão bem acolhida e neste momento estamos todos com a pressão de fazer bem. Acho que não temos a pressão de serem os “Morangos”. Estamos a tentar fazer uma coisa um bocadinho diferente, temos é a pressão de fazer um produto com muita qualidade.

Sei que ainda não pode revelar detalhes sobre a sua personagem, mas ela está a ser um desafio para si? É muito diferente de outras que já fez? É muito diferente de si? Pode desvendar alguma coisa?
Foi desafiante. Mais na fase de ensaios, quando eu já tinha lido todos os episódios, e mesmo assim às vezes não percebia muito bem… Sabia como era a personagem, mas não conseguia ligá-la a mim. Somos um bocadinho diferentes, mas também um pouco parecidas. É desafiante fazer algumas cenas, mas a partir do momento em que se descobre e percebemos todos a linguagem uns dos outros, é quase como andar de bicicleta. Estamos a trabalhar para fazer o melhor possível, mas quando já não estamos a gravar, estamos na galhofa e isto é um grupo muito fixe. Divertimo-nos muito fora do tempo laboral e a malta toda junta-se.

Está também a concorrer aos TikTok Short Film Awards com uma curta-metragem que fez com alguns colegas. Como surgiu a ideia de fazerem este trabalho?
Tive uma experiência… Sabes quando tens uma relação mas depois a outra pessoa não corresponde e afinal não tinhas essa relação? Surgiu um bocadinho daí, dessa realidade. E, depois, eu e o Lucas Dutra, que estava a realizar e que me ajudou a fazer o argumento, viu uma notícia do “Expresso” a dizer que um em cada cinco estudantes hoje em dia tem uma doença de saúde mental. E ficámos muito alarmados. Eu já queria fazer esta ideia há algum tempo, e levámos essa ideia para o lado da saúde mental. Obviamente que das doenças mentais a mais comum não é a esquizofrenia. Mas nós pensámos logo: e se ela acreditar mesmo que há uma relação mas na verdade é tudo da cabeça dela? Depois, com a ajuda do Miguel Jesus, que fez a direção de fotografia; e do João Castro, que esteve a operar som; com as nossas excelentes atrizes, a Carla Chambel e a Luísa Ortigoso; conseguimos daí criar uma curta. Passámos horas a editar e a fazer a correção de cor, e depois o Eduardo Queirós acabou por compor a música e ficou aquilo que podem ver.

As gravações arrancaram esta semana.

Obviamente existem vários formatos de curtas-metragens e várias possibilidades quando se tem uma curta nas mãos. Existem festivais específicos, é possível simplesmente colocá-la online, neste caso como é que associaram a vossa curta a este projeto dos TikTok Short Film Awards?
Eu já tinha a ideia da relação-não relação, e depois vimos esta oportunidade e achámos super interessante o facto de, do nada, um festival super conceituado ter uma categoria de TikTok. Eu já tenho TikTok há algum tempo, e vejo uma rapariga específica que costumava fazer vídeos de acting e agora está a fazer uma série na Disney+. Ou seja, o TikTok é hoje em dia a rede social mais famosa. Pensámos que poderia ser uma boa ideia aproveitarmos a minha plataforma e criarmos aquilo de que gostamos. Em termos de realização, tem quatro planos que representam personagens: o primeiro é sobre o casal que não existe, o segundo é o plano da avó, o terceiro o da mãe e o quarto o da rapariga, onde se vê finalmente a cara dela e se percebe o que se está a passar.

É bastante jovem, mas tem bastante experiência, já entrou em muitos projetos. Tem interesse em fazer mais trabalhos atrás das câmaras?
Não sei [risos]. Gostei da experiência, de ter a ideia, mas o que amo fazer é mesmo estar à frente das câmaras. Acho que não trocaria isso por nada. Talvez para uma curta poderia repetir, mas não sei se num projeto de muitos meses conseguiria ficar muito tempo atrás das câmaras.

Obviamente também terá muitos anos para desenvolver esse interesse.
Claro, dizia nesta altura. Não sei se eventualmente, mais para a frente na minha vida, não terei alguma curiosidade em realizar. Mas aí teria de me formar, aprender tantas coisas que… Não sei, mais para a frente, eventualmente [risos].

Tem participado em séries, em filmes, em novelas, em curtas-metragens. Existe algum formato específico de que goste mais de fazer? Ou é o equilíbrio que lhe dá mais gozo?
O equilíbrio é o que dá muito gozo. O cinema e as séries normalmente têm mais tempo, e isso é bastante importante. Por outro lado, a televisão e o facto de ser tudo muito rápido também nos dá alguma bagagem e hoje em dia é tudo muito rápido. O teatro foi assim a única arte que ainda não experienciei muito, quase só fiz teatro amador. E gostava de tentar mais. Mas agora estou mais numa de cinema e de séries. O equilíbrio é muito bom na vida em geral.

Tem ambições profissionais específicas que gostasse de concretizar? Ou vai fazendo o que surge?
Acho que tenho a ambição de qualquer ator: ganhar um Óscar. Quero e vou lutar muito para chegar lá. Mas, de resto, vou fazendo o que me faz feliz, porque sei que o vou fazer bem. Se estiver feliz vou trabalhar para isso e dar o meu melhor. Talvez um filme da Marvel [risos]. Mas quero ser feliz a fazer aquilo de que gosto. Sei que parece muito filosófico, mas quero morrer a trabalhar. Quero chegar a algum lado.

Imagina-se a trabalhar nisto para o resto da sua vida?
Sim, totalmente.

@madalena_aragao_

#TikTokShortFilm #cannes #portugal (Nós) na Cabeça – Argumento: Lucas Dutra & Madalena Aragão – Realização/Ediçao: Lucas Dutra – DOP: Miguel Jesus – Op. Som: João Castro – Música Original: Eduardo Queiroz – Atrizes: Carla Chambel, Madalena Aragão & Luísa Ortigoso

♬ original sound – Madalena Aragão 😝

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