Muito antes de ser chamada (e escolhida) para o primeiro projeto internacional numa série espanhola da Prime Video, Margarida Corceiro já sonhava com o dia em que poderia passar a fronteira para fazer o que mais gosta. Chegou a fazer cursos em Madrid e, por cá, fazia imersão total na língua.
“Tinha o telemóvel em espanhol, só via séries em espanhol, filmes em espanhol e com legendas em espanhol também”, confessa à NiT, numa entrevista que antecipa a estreia da segunda temporada da série, que chega à plataforma de streaming esta segunda-feira, 21 de outubro. A atriz de 21 anos é protagonista de um dos episódios, naquele que é o seu primeiro trabalho internacional.
A série fala sobre encontros entre desconhecidos e sobre o que acontece quando a tecnologia desaparece e a única coisa que resta são duas pessoas com as suas próprias necessidades e contradições. O primeiro encontro romântico, onde entram sempre os medos e as expetativas, é o destaque do argumento, mas cada capítulo narra a história de dois encontros casuais, sexuais ou românticos.
Margarida Corceiro interpreta Maru, uma miúda portuguesa que mora em Barcelona há bastante tempo. “É uma miúda muito despachada, fala sobre tudo e não tem medo de dizer o que pensa. Sabe o que está ali a fazer e sabe quais são os seus limites”, revela.
Este primeiro papel internacional não era algo que Margarida esperava alcançar tão cedo — apareceu pela primeira vez na televisão em 2019, na novela “Prisioneira” —, mas sempre soube que um dia gostava de trabalhar em Espanha. Antes da estreia, a atriz esteve à conversa com a NiT.
Como é que surgiu a oportunidade de participar nesta série?
Este projeto surgiu com um convite da Amazon à minha agente. Mas foi um convite com casting, ou seja, tive de fazer um casting de qualquer das maneiras. Acho que foi mais para perceberem se eu falava razoavelmente bem espanhol.
Qual é que foi a sua primeira reação quando percebeu que ia dar este passo na carreira?
Quando recebi este convite estava a gravar os “Morangos com Açúcar” em Vila Nova de Milfontes. Já tinha uma ideia do que era o “Citas Barcelona” porque já tinha visto algumas imagens, mas não tenho a certeza se já tinha visto um episódio inteiro. Sabia que conhecia a série de algo lado, ou seja, não era totalmente estranha para mim. No elenco dos “Morangos” há uma atriz espanhola e eu chamei-a para lhe perguntar se conhecia. Ela disse que sim e que em Espanha toda a gente adorava porque tem bons atores, é divertida, vê-se bem, é bem escrita e bem realizada. Depois perguntou se eu ia participar e eu disse que achava que sim. Deu para ver pela cara dela que era uma boa oportunidade e aí fiquei ainda mais contente.
O que é que nos pode dizer sobre a sua personagem?
A minha personagem é a Maru. A Maru é uma menina portuguesa que já mora em Barcelona há bastante tempo. Barcelona para ela já é casa. Já está muito bem instalada e tem a sua vida na cidade. É uma miúda muito despachada, fala sobre tudo e não tem medo de dizer o que pensa. Sabe o que está ali a fazer e sabe quais são os seus limites. Esta personalidade deixa o Alan, interpretado pelo Tommy Aguilera, um bocadinho nervoso, porque ele não estava à espera que ela fosse assim. É uma personagem com vida e muito engraçada. Adorei interpretá-la.
Identifica-se, de alguma forma, com ela?
Sinto que não sou assim tão despachada como ela e não digo tudo o que penso, mas o lado relaxado e divertido se calhar é comum.
Quais foram as maiores dificuldades em interpretar esta personagem?
O nosso episódio passa-se num dia só: é apenas uma tarde e uma noite. Portanto, se calhar o lado mais difícil foi pensar em quem é a Maru, porque não me deram muito material e não me deram a história dela. Gosto de pensar no que está por trás, porque é que a Maru é assim. Se calhar o mais difícil foi não ter tido tanto material para pensar no passado da Maru. O que é que ela faz quando acorda, como é que foi a infância? Se calhar esse foi o lado mais difícil, mas, no geral, foi mesmo muito fácil. É um projeto muito divertido.
E como é que foi também o convívio com os colegas de elenco? Como é que eles a acolheram?
Eu e o Tommy demo-nos logo muito bem. Ele é super divertido e deixou-me muito à vontade. Não o conhecia pessoalmente, mas já o tinha visto numa série da Netflix e estava familiarizada com o trabalho dele. Fiquei super contente por poder trabalhar com ele e isso facilitou tudo. Também gostei do restante elenco, da equipa e adorei a realizadora. Fiquei muito fã dela e era mesmo muito fácil ir trabalhar por causa disso.
Quanto tempo é que duraram as gravações?
Foi muito rápido, apenas uma semana.
Houve algum momento mais marcante, uma memória favorita que tenha desses dias?
Uma das coisas que gostei mais foi o nosso passeio. Nós, no nosso episódio, vamos passear, temos uma viagem de mota que, no ecrã, é muito rápida, mas nós estivemos duas horas na moto. Já tinha ido a Barcelona quando era mesmo muito pequena, mas não conhecia bem, por isso foi bom gravar esses planos. Eu e o Tommy também íamos falando e inventando coisas. Só dizíamos disparates e estávamo-nos a divertir imenso. Acho que foi o aspeto mais fixe.
Sentiu alguma diferença entre gravar uma novela ou uma série em Portugal e uma em Espanha? Quais é que foram as maiores diferenças?
Há muitas diferenças. Em Espanha existe realmente um cuidado acrescido em tudo e também tínhamos mais tempo. Tivemos tempo para gravar as cenas com calma e sentávamo-nos para falar muito sobre cada uma. Acho que, no geral, há muito cuidado em cada pormenor: no guarda-roupa, na maquilhagem. Não estou a dizer que em Portugal não haja cuidado. Sinto que também há esta grande vontade de alcançarmos um resultado inacreditável, mas não temos tantos meios e apoio como em Espanha.
O que é que podemos esperar da série no geral?
É uma série um pouco diferente porque cada episódio conta uma história, ou seja, cada ator só faz um episódio. É uma mini-história. Só que o que há em comum em todos os episódios é que é tudo sobre o mesmo. É tudo sobre pessoas que se conheceram no Tinder e têm um date. Depois há encontros que correm bem, e outros que correm mal. É uma linguagem muito simples, mas muito divertida. É comédia e, portanto, é uma série muito leve e que se vê bem. É aquelas séries para pormos quando queremos só relaxar e não queremos pensar muito. E eu diverti-me imenso.
Sentiu que houve alguma dificuldade com a barreira linguística, embora o português seja, de certa forma, semelhante ao espanhol?
Foi tudo bastante fácil porque já tenho aulas de espanhol há cerca de dois anos. Naquela altura, em 2022, tinha o telemóvel em espanhol, só via séries em espanhol, filmes em espanhol e com legendas em espanhol também. Agora, com estes convites da Amazon, voltei a pegar no espanhol para aperfeiçoar. Mas acho que houve palavras em que eu tinha dúvidas e eles, claro, ajudaram-me. Mas não foi difícil. Não foi difícil porque eu já falava relativamente bem.
Quando começou a carreira de atriz, já sonhava com o dia em que teria a oportunidade de trabalhar fora de Portugal, ou sempre foi um sonho longínquo?
Não estava à espera de conseguir alcançar isto tão cedo, mas sabia que um dia gostava de chegar a Espanha e foi por isso que comecei a ter aulas de espanhol. Já fiz alguns cursos em Madrid, no Estudio Corazza, que é uma escola antiga e das mais tradicionais escolas de representação que há em Madrid e foi sempre precisamente com esse objetivo, mas não pensava que estava para já. Se há um ano dissessem que eu ia fazer o que estou a fazer este ano, nunca na vida acreditaria.
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