“Messiah” chegou à Netflix a 1 de janeiro, mas a nova aposta da plataforma de streaming já era polémica ainda antes da sua estreia. Na história, um homem misterioso alcança subitamente a fama mundial por iniciar uma espécie de culto, que acumula rapidamente milhares de seguidores.
Dois dias antes da estreia, foi lançada uma petição com mais de 3500 assinaturas para cancelar a série por ser demasiado “islamofóbica” — entre outras questões, a personagem principal parece ser inspirada em Dajjal, um falso profeta ou anti-Cristo da escatologia islâmica que, acredita-se, vai chegar antes do fim dos tempos.
“Podemos mesmo permitir que o nosso dinheiro seja usado na produção de conteúdos maléficos como este?” pode ler-se no texto da petição, que considera “Messiah” como um “dedo do meio” à religião, acrescentando ainda que aborda um tema sensível, que “não é uma piada”.
Segundo o jornal britânico “Daily Mail”, Michael Petroni, o criador da série, ficou nervoso quando a Netflix o abordou, mas tentou retratar a história de forma “cuidadosa”. “Sim, a série é provocadora, mas não é ofensiva”, disse.
“Já contávamos que houvesse muito ruído em torno da série e bastantes diálogos. Estou a contar com diálogos”, acrescentou.
A premissa do enredo é explorar o modo como o mundo atual reagiria à chegada de um profeta que afirma ser filho de Deus, neste caso Al-Masih (interpretado pelo ator belga Mehdi Dehbi), e que espalha a sua mensagem através das redes sociais. Depois de ganhar notoriedade em Israel por realizar supostos milagres, segue para o Texas rural, nos Estados Unidos, onde instala um acampamento para todos os seus seguidores.
Entretanto, Eva Geller (Michelle Monaghan) é a agente da CIA que decide investigar as suas origens, tentando perceber se Al-Masih é de facto uma entidade divina ou apenas uma fraude — um homem cujo único propósito é derrubar o poder geopolítico mundial.
A série tem vários personagens além de Geller, como um agente israelita, uma refugiada palestiniana, um pregador latino e a sua filha nascida no Texas.” As filmagens de “Messiah” decorreram na Jordânia e nos Estados Unidos e a ação desenrola-se entre o Médio Oriente, Texas e Washington.
O criador da série, que é australiano, e todos os realizadores não sabem falar árabe, o que significa que a produção teve de contratar uma equipa de tradutores e treinadores de dialeto.
No Twitter, utilizadores muçulmanos têm publicado várias críticas à série por representar erradamente o islão. Quando o primeiro trailer foi lançado no início de dezembro, este foi duramente criticado pelos utilizadores islâmicos.
A petição para cancelar “Messiah” — onde os assinantes ameaçam sair da Netflix se a série não for cancelada — já tinha recolhido mais de 4200 assinaturas no dia depois da estreia, a 2 de janeiro.