Começou ainda no mundo da banda-desenhada até conquistar o ecrã. São já dez temporadas de “The Walking Dead”, com a 11.ª e última a chegar em 2021, e outras seis de “Fear the Walking Dead”. Mas há já todo um novo universo por descobrir em “The Walking Dead: World Beyond”, a nova série da AMC, que estreia esta segunda-feira, 5 de outubro.
Há um pouco de esperança a ser constantemente abalada pela tensão e a desolação. Os fãs de “Walking Dead” já sabem bem como a violência está sempre presente, na linha ténue entre sobreviver ou morrer. O que há então de novo para explorar em “The Walking Dead: World Beyond”? Algo de particularmente interessante: crescer com poucas memórias de um outro tempo, em que a humanidade não se limitava a sobreviver.
Não é que esta dúvida não tenha sido já abordada na série original mas aqui temos isso como premissa. “The Walking Dead: World Beyond” pisca o olho a como tudo começou, agora que “The Walking Dead” se aproxima da décima temporada: começamos precisamente dez anos depois do início do surto zombie.
Somos colocados no Nebraska, no seio de uma comunidade que conseguiu descobrir uma espécie de novo normal. O perigo zombie está sempre à espreita mas há um dia a dia possível. Há, também, a bem de qualquer narrativa, uma espécie de demanda. E é aqui que vamos acompanhar duas irmãs que se complementam, Hope (Alexa Mansour) e Iris (Aliyah Royale), acompanhadas de amigos, numa aventura no tal mundo lá fora, pejado de zombies.
O que os mortos-vivos nos ensinam
Quando “The Walking Dead” estreou, em 2010, estávamos em pleno ressurgimento de vampiros no ecrã, à conta da versão adolescente, virginal e de purpurinas da saga “Twilight”. Os vampiros eram sinónimo de box-office mas os zombies tiveram direito a nova vida, passe o trocadilho, no pequeno e grande ecrã.
Foi em 1968 que tudo começou, com “A Noite dos Mortos-Vivos”, de George Romero. O filme poderia ter sido um simples clássico de terror de série B mas a prestigiada revista francesa “Cahiers du Cinéma” deu-lhe a devida atenção, lembrando que se há algo que pode ser ainda mais assustador num mundo de zombies são seres humanos, em particular numa situação desesperada.
George Romero trabalharia esta ideia ao longo das décadas seguintes nos seus filmes, cimentando uma versão de zombies bem diferente de outras que surgiram entretanto, em que os mortos-vivos parecem ter apanhado um vírus que inclui esteróides capazes de os pôr a correr os 100 metros contra Usain Bolt.
Em “The Walking Dead” são as versões lentas que temos e estas intimidam especialmente quando surgem em números avassaladores. Mas muitas vezes o que assusta são, lá está, certos humanos. Negan foi a epítome disto na série original. Sempre que surgia num plano era capaz de causar calafrios maiores do que qualquer horda de zombies.
Com um pouco mais de esperança às costas, ancorada precisamente na juventude, “The Walking Dead: World Beyond” antecipa um pouco desta noção. Fá-lo com a presença de Civic Republic Military, uma organização militar que poderá ter um papel no futuro de Rick Grimes. Mas também no lançamento que a AMC faz da série. Ao centrarmo-nos nesta primeira geração que cresceu já num mundo pós-apocalíptico, “uns irão converter-se em heróis. Outros irão converter-se em vilões. Mas no fim, todos irão mudar para sempre”.
Estão previstas duas temporadas, com dez episódios cada. A primeira chega agora com o desafio de provar que ainda há mundo para explorar no universo “Walking Dead”. Têm a palavra os miúdos. O futuro, no fim de contas, será deles.