Televisão

Novo documentário da Netflix revela os segredos sobre “O Maior Golpe da História”

O filme mergulha no esquema de um casal que roubou mais de quatro mil milhões de euros. Tudo sem sair detrás do ecrã do computador.
A cara dos criminosos.

Num dos casos mais inusitados e irreverentes da história do cibercrime, Ilya “Dutch” Lichtenstein e Heather “Razzlekhan” Morgan, um casal de Nova Iorque, não planeou apenas um roubo fantástico de mil milhões de euros em bitcoin, mas também transformou a operação criminosa num espetáculo surreal.

Enquanto Lichtenstein pirateava sistemas complexos para desviar criptomoedas, Morgan ganhava notoriedade como rapper excêntrica, apelidando-se de “crooskta”, em canções e vídeos que agora parecem um presságio irónico. O que começou como um roubo silencioso acabou por se tornar numa saga altamente mediática. A história do casal, conhecidos como “Bonnie e Clyde das criptomoedas”, é agora apresentada em “O Maior Golpe da História”, que estreia esta sexta-feira, 6 de dezembro, na Netflix.

O esquema começou em 2016 — numa altura em que Ilya trabalhava como ilusionista e Heather como jornalista freelancer na “Forbes” e na revista “Inc.” — com o uso de técnicas avançadas de hacking para invadir os sistemas da Bitfinex, uma bolsa de criptomoedas. Depois, transferiram cerca de 120 mil bitcoins, que na altura eram avaliadas em 65 milhões de dólares, para diferentes contas que controlavam. O valor das moedas digitais cresceu exponencialmente ao longo dos anos, tendo ultrapassado os 4,5 mil milhões no seu pico.

Depois de terem realizado mais de duas mil transações fraudulentas, o casal apagou todas as provas dos servidores da empresa e Morgan auxiliou Lichtenstein na lavagem dos fundos obtidos. Para o fazerem, usaram técnicas sofisticadas, como o chamado chain hopping, que envolve a conversão de criptomoedas para ocultar rastos e através de mercados da dark web. Além disso, transformaram parte do dinheiro obrigo em moedas de ouro, que foram enterradas por Morgan em locais que, até hoje, nunca foram descobertos — além de serem a Bonnie e o Clyde, eram autênticos piratas, como aqueles que se veem na ficção.

Permaneceram impunes durante alguns anos, tempo durante o qual esperaram que o valor das bitcoins no mercado aumentasse. No entanto, foram apanhados em fevereiro de 2022, após uma investigação internacional que resultou na recuperação de 95 mil criptomoedas roubadas. Além de “Dutch” e “Razzlekhan”, que também era o alter-ego rapper de Heather, foram presos dezenas de outros criminosos digitais.

Em agosto do ano seguinte, ambos se declararam culpados: Lichtenstein admitiu ser o autor do crime e culpado de conspiração para lavagem de dinheiro, enquanto Morgan admitiu o seu papel na lavagem de dinheiro e conspiração para defraudar o governo dos Estados Unidos. Heather, que tem agora 33 anos, decidiu virar o jogo. Durante o julgamento, declarou estar arrependida e profundamente envergonhada pelas suas ações, alegando também que foi coagida pelo parceiro a participar no crime.

Colleen Kollar-Kotelly, acabou por lhe aplicar uma sentença de 18 meses de prisão, reconhecendo a sua participação menor, mas deliberada, no esquema. Já Lichtenstein recebeu uma sentença de cinco anos. O Ministério Público enfatizou que a severidade das punições serviria de exemplo para que as suas atividades não fossem replicadas por outros dentro da indústria das criptomoedas, que tem sido marcada por elevados níveis de fraudes e roubos. As penas foram dadas num tribunal em Washington a 14 (Ilya) e 18 (Heather) de novembro.

“Este caso envia uma mensagem clara: seguiremos o dinheiro onde quer que ele nos leve e responsabilizaremos aqueles que exploram o nosso sistema financeiro para ganhos criminosos”​, disse Kenneth Polite, assistente do Procurador-Geral dos Estados Unidos, ao “New York Times”.

A peculiaridade do caso também ganhou notoriedade devido à carreira artística de Morgan, que utilizava o nome “Razzlekhan” para se promover como rapper e personalidade da Internet. Essa faceta pública peculiar atraiu ainda mais a atenção dos média, transformando o caso num fenómeno cultural e não apenas numa questão criminal.

Carregue na galeria e conheça algumas das séries e temporadas que estreiam em dezembro nas plataformas de streaming e canais de televisão.

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