A 23 de maio de 1981, cerca de três meses depois da tentativa de golpe de Estado no Congresso dos Deputados, um grupo de 11 homens encapuzados assaltou o Banco Central de Barcelona. Inicialmente, parecia ser apenas um roubo normal, mas rapidamente se tornou numa questão política. Os criminosos armados fizeram mais de 200 reféns e ameaçaram executá-los se o governo espanhol não libertasse o Coronel Tejero e outros líderes que haviam tentado derrubar o Estado em fevereiro.
A frágil democracia ficou em risco e o país parou durante 37 horas para acompanhar todos os desenvolvimentos. Agora, a Netflix quer prender novamente todos aos ecrãs com o lançamento de “Assalto ao Banco Central”. A obra estreou esta sexta-feira, 8 de novembro, na plataforma e pretende recriar o clima de tensão que se viveu naquele dia.
O elenco inclui rostos já familiares para os fãs de “La Casa de Papel”, como Miguel Herrán, que interpretou Rio, e Hovik Keuchkerian, que encarnou Bogotá. María Pedraza, que foi Alison Parker na série de sucesso, também é uma das atrizes principais desta novidade.
O leque de atores não foi escolhido ao acaso: a vontade de criar uma ligação a “La Casa de Papel” é evidente, embora “Assalto ao Banco Central” se aproxime mais do género do thriller do que propriamente da ação. Para Herrán, voltar a participar numa obra com este contexto, mas desta vez seguindo factos reais, foi um “desafio de enorme profundidade emocional”, disse ao “Formula TV”.
Desta vez, a sua personagem não é movida por “ganância ou aventura, mas sim pela tensão política e social quase palpável”. É, então, um papel completamente diferente daquele que teve anteriormente. “Ele é muito genuíno, mas muito sujo e bastante diferente daquilo que fiz ao longo da minha carreira”, descreve.
A realização ficou a cargo de Daniel Calparsoro, conhecido por trabalhos como “Operação Maré Negra”, e foi filmada em Barcelona, cidade que ficou paralisada durante 37 horas durante o assalto. Com esta localização, o cineasta pretendeu trazer autenticidade à trama, recriando não só os acontecimentos de forma detalhada, mas também o contexto sociopolítico, que foi um fator crítico na motivação dos assaltantes. “Explorar este capítulo obscuro da história recente de Espanha é também uma maneira de entender o impacto das crises políticas na sociedade e como afetam as pessoas comuns”, explicou ao “Omelete”.
Ao longo de cinco episódios, a narrativa mergulha não só nos detalhes do roubo, mas também nas histórias pessoais dos envolvidos, incluindo os reféns, os agentes da polícia e os elementos da imprensa que acompanhou todos os avanços. No coração da história está também uma jornalista que, ao investigar os motivos ocultos dos assaltantes, acaba por ser confrontada com a censura e o controlo da informação típicos da época.
Além de “ter sido criada para entreter”, a produção vai explorar temas mais profundos, como “a luta pela democracia e a influência política em acontecimentos de grande impacto social”. “O assalto torna-se num ponto de reflexão sobre o preço da liberdade e o papel da resistência em tempos de opressão. Queria recontar esta história através de uma perspetiva humana, para que conseguissem perceber o que levou pessoas comuns a tomarem estas decisões extremas durante uma crise nacional”, diz à mesma publicação.
Carregue na galeria e conheça algumas das séries e temporadas que estreiam em novembro nas plataformas de streaming e canais de televisão.