Mais um domingo, mais um casamento, não é verdade? E eu que achava que este ano tinha conseguido finalmente baldar-me a estes agradáveis eventos por causa do coronavírus, e agora para castigo tenho de levar com eles todas as semanas. O que vale é que pelo menos posso assistir confortavelmente vestido de chanatas e roupa de andar por casa, tal como aquele primo da Suíça que se apresenta assim nos casamentos porque acha que é “muita cool, non?”, mas na verdade é um bimbo.
Este domingo, 20 de setembro, em “O Noivo é que Sabe”, transmitido na SIC, fomos convidados para o casamento da Daniela e do Diogo, que tem pinta de jogador da bola, estilo Pizzi, mas sem aquele olhar de hiena estrábica de “O Rei Leão”.
De resto, é exatamente o Benfica um dos aspetos mais importantes da vida do Diogo, que assume que ama o clube, o que só lhe fica bem. Deduzo que, além do SLB, Diogo também ame a namorada, já que Daniela é adepta do Futebol Clube do Porto e, ainda assim, o rapaz continua a querer casar com ela.
Como se não bastasse, Daniela tem total descrença nas capacidades de organização do Diogo. ”Ele não tem capacidades de organização. É péssimo na organização de qualquer coisa.” A Daniela acha que o Diogo tem a capacidade de concentração e organização de um labrador de quatro meses e ainda assim achou que era boa ideia participar neste programa. Esta mulher acredita tanto no seu namorado como eu acredito nos anúncios do cogumelo do tempo.
Ao saber da notícia de que a sua filha se iria casar dali a dez dias, o pai de Daniela pergunta: “Eu nem posso levar a minha filha ao altar?” Daniela responde com mais uma dose valente de confiança em Diogo. “Eu não sei se vai haver altar! Ai que ele se esquece do altar. Isto vai correr mal, ele esquece-se sempre!” Das duas uma, ou o Diogo padece de Alzheimer ou a Daniela é ligeiramente exagerada, seja como for com um nível tão baixo de expectativa o rapaz só pode sair-se bem. Pensei para mim que, por este andar, se o Diogo se lembrar de aparecer no dia do casamento já vai ser uma surpresa positiva para a Daniela.
O que Diogo não se esqueceu foi de escolher um espaço para realizar a festa. A noiva estava com medo que ele optasse pelo Estádio da Luz e ficou mais descansada quando percebeu que afinal iria casar-se numa quinta. Mas Daniela não pensou bem, porque casar no Estádio da Luz tem imensas vantagens. Se a coisa corresse mal — como ela esperava — havia imensas saídas de emergência e se por acaso faltasse o vinho durante a boda, bastava chamar o Jesus.
Mas os nervos da noiva não se acalmaram por aqui, porque ainda faltava saber qual o vestido de casamento que Diogo tinha escolhido para a sua futura mulher. “Ele mandou uma pista, um tecido bermelho”, explica Daniela enquanto conversa com Cláudia Vieira, que vai aproveitando para espicaçar a rapariga, que naquele momento já acha que vai chegar ao altar vestida com um fato de treino do Benfica.
Já na loja de vestidos de noiva, Daniela é vendada e veste o suposto vestido que Diogo escolheu para ela. Quando abre os olhos a noiva vê-se dentro de um vestido branco e vermelho que seria perfeito se tivesse acabado de ser nomeada Papa, mas que era no fundo o seu pior pesadelo. Depois de algum drama e choro, a funcionária revelou que afinal aquele não era o vestido verdadeiro e apenas uma partida do Diogo, que, a avaliar pela cara de Daniela, vai ficar sem fazer sexo até fazerem cinco anos de casados. Na maquilhagem, Daniela continua a sua habitual sucessão de elogios ao futuro marido. “Epá não me preparou nem um robe, nem um chinelinho… palhaço”. Mas Diogo tinha outras preocupações, como, por exemplo, o seu penteado, que só em laca despachou metade da camada de ozono e que no final surtiu o mesmo efeito que uma lambidela de vaca.
O noivo caprichou também na sua vestimenta, tendo escolhido um fato branco com estampados de flores que me parece que nem o Ricardo Quaresma nos seus sonhos mais ousados se teria lembrado de escolher. O atentado à sensibilidade estética era tal que, quando perguntaram à menina das alianças o que ela achava, a pequena fez um esgar de arrepio, tipo aquela dor de cabeça que dá quando comemos um gelado muito depressa.
Já no altar — incrédula por existir um — e ainda sem perceber muito bem como é que Diogo conseguiu montar um casamento sozinho, Daniela ouve os votos do seu mais que tudo, pela voz da conservadora que diz: “Repita comigo: Daniela, hoje eu caso-me com a minha melhor amiga.” E o Diogo repete, “Daniela, hoje eu caso-me com a minha melhor amiga…” E aqui juro que por momentos achei que ele ia continuar a dizer “Por isso não leves a mal, e agora sai para eu me casar com a Carla, que ao contrário de ti é do Benfica e não me considera um mentecapto!”