Um crime misterioso assombra a comunidade de uma pequena localidade. Esta introdução poderia descrever centenas de filmes e séries. É um género por si só — e um bastante concorrido. Quando os críticos apontam semelhanças com sucessos como “Mystic River” e “Sharp Objects”, é fácil de prever que valerá a pena sentarmo-nos no sofá e ligar a televisão.
A mais recente produção a agarrar neste cenário comum e a transformá-lo numa minissérie com ambições é “Mare of Easttown”, a grande novidade daHBO, que estreou esta segunda-feira, 19 de abril. No topo do cartaz está outro chamariz: Kate Winslet no papel principal, a eterna Rose de “Titanic” e a vencedora de um Óscar pelo papel em “O Leitor”.
As expectativas estão altas. Não é por acaso que os críticos o apontam como “o primeiro drama imperdível de 2021”.
A história leva-nos até mais uma pequena localidade suburbana para juntar à longa lista de vilórias atormentadas por crimes horrendos que a televisão e o cinema criaram. Easttown e a zona que a rodeia são também conhecidas pela complicada pronúncia Delco, que Winslet fez questão de aprender para dar mais realidade à minissérie — decisão de que rapidamente se arrependeu.
“Adoro fazer pronúncias e sotaques, mas este levou-me à loucura”, confessou à “Vanity Fair” a atriz de 45 anos.
Winslet assume o papel de Mare Sheehan, a detetive local, mais conhecida por um lançamento milagroso dos tempos de liceu, que deu uma vitória crucial à sua equipa de basket. Trinta anos depois, os tempos de glória já lá vão.
A personagem principal é a figura que dá contexto a todo o cenário. Winslet é chamada a cumprir os duros requisitos mínimos para dar vida a uma mulher agastada pela vida, por um divórcio, pela morte trágica do filho e pelo neto ainda bebé que agora é sua responsabilidade.
É ela quem terá que carregar outro peso: o do desaparecimento misterioso de Katie Bailey. Um crime que vitimou uma jovem local e que, um ano depois, continua por resolver.
Mare Sheehan tem, portanto, não só que resolver todos os problemas pessoas, mas também que carregar a pesada herança de um crime que não foi capaz de resolver, sob críticas dos amigos e da família da jovem, que vivem todos na mesma pequena comunidade.
Embora não assente numa história verídica — falando do crime, claro —, todo o cenário se inspira num ambiente real. Aquele em que cresceu o argumentista Brad Inglesby, que admite ser um fã de policiais e histórias criminais. E que confessa que roubou “uma ou outra coisa” a essas mesmas histórias.
“Não cresci rodeado de polícias e investigações de homicídios, mas conhecia os ritmos e rituais das vidad destas personagens”, explica. “E tinha um amigo que era polícia numa pequena esquadra numa terriola. Através das conversas que tinha com ele, comecei a interessar-me por esta ideia de um pequeno grupo de polícias e de um detetive.”
Novos desenvolvimentos reacendem a investigação e Mare Sheehan recebe a ajuda de outro detetive. No elenco composto praticamente por nomes pouco conhecidos, destacam-se os de Guy Pearce (“Memento”, “LA Confidencial”) e de Neal Huff (“Spotlight” e “Moonrise Kingdom”).
“[A minissérie] agarra-nos desde o arranque com um misto raro de humanidade de de um crime horrendo e misterioso. À medida que avança, dá aos espectadores mais momentos brilhantes das personagens, revelações chocantes e interpretações assombrosas”, aponta o crítico da “Decider”.
Brial Tallarico vai mais longe e faz uma previsão: “‘Mare of Easttown’ vai ser aquilo de que toda a gente vai falar nos próximos dois meses.” Até porque os sete episódios desta minissérie não vão chegar em formato amigável do binge watching. A cada segunda-feira, será lançado um novo episódio, que pode ser visto na plataforma portuguesa da “HBO”.