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O sonho de criança que Marco Costa conseguiu concretizar — e que dedicou ao pai

O famoso pasteleiro e ex-concorrente do "Big Brother" partilhava uma paixão por carros com o pai, que morreu em 2008.
Marco tornou-se conhecido pela participação no reality show

A rotina era quase sempre a mesma. O meio de transporte também: o autocarro. Um dia, Marco Costa foi surpreendido ao ver que não só iria de carro para a escola, como o faria no interior de um Porsche 911 de cor amarela.

“Fiz a pergunta óbvia ao meu pai. ‘É teu?’”, recorda à NiT o pasteleiro e ex-concorrente do “Big Brother”. A recordação chega a propósito da sua nova compra, um Porsche Macan, que partilhou no Instagram e cuja conquista dedicou ao pai, que morreu em 2008.

O Porsche não era, claro, do pai. A família não tinha posses para poder comprar um carro topo de gama. A máquina era, na verdade, de um grande amigo do pai, que por vezes lhe emprestava o automóvel.

“Ele disse-me logo que era do António. Era um grande amigo do meu pai, de tal forma que ele brincava com a minha mãe, dizia que era o marido dele (risos). Eram tão amigos que ele de vez em quando emprestava-lhe o carro”, recorda.

Ocasionalmente, o trajeto de cinco quilómetros até à escola era feito de carro. “Ia sempre de autocarro, exceto quando os meus pais tinham que ir fazer qualquer coisa à Pontinha”, explica. Por norma, a viagem era feita no “velhinho Opel” de família.

“O meu pai gostava de parar no cimo da rua e eu ia o resto do caminho a pé até à escola. Sempre que me levava no carro da minha mãe, ficava lá em cima”, recorda. “Mas quando íamos de Porsche, pedia-lhe sempre para me deixar à porta, para chegar à campeão.”

Marco tinha apenas 11 anos e essa era a grande oportunidade para se exibir perante os amigos de escola. “Em criança já era normal querermos afirmar-nos perante a sociedade”, repara. Os colegas, claro, ficaram extasiados.

“É engraçado, porque ligou-me no outro dia um amigo meu da escola, o Carlos, que se lembrava perfeitamente de eu dizer que o carro era do meu pai. Ele soube mais tarde que não era, porque era um grande amigo meu e conhecia a nossa situação familiar. Mas quando somos crianças, é mais fácil de enganar. Depois começou a pensar. Ele sabia como eu vivia. E tinha um Porsche? Como é que é isso?”, conta Marco. “Deu-me os parabéns e disse-me uma coisa engraçada: ‘Se a tua vida continuar assim, os teus filhos nunca vão ter que mentir como tu’.”

Apesar de em miúdo “pouco perceber de carros”, Marco deixou-se fascinar pela máquina de alta cilindrada. “Lembro-me de dizer ao meu pai que um dia ia ter um Porsche. Ele não dizia que não. Olhava para mim e dizia ‘está bem, está bem, vá lá, força’ (risos).”

Duas décadas depois, já com 32 anos, consegue concretizar o sonho de miúdo, que dedica também ao pai, apaixonado por carros. “Acho que tem um simbolismo muito forte. É também uma forma de passar uma mensagem às pessoas, de que por muitas dificuldades pelas quais possamos ter passado ou estejamos a passar, o dia de amanhã é sempre uma oportunidade para fazer diferente”, diz.

Acabou por comprar um Macan e não um 911, mas para o pasteleiro e criador da famosa torta de laranja, o modelo era o menos importante. “Quando era miúdo, sabia que era o Porsche porque tinha o cavalo à frente no símbolo. Às vezes até os confundia com os Ferraris”, recorda. “Mas não queria um modelo específico. Eu já tinha um bom carro. É mais pelo simbolismo, por poder dizer ‘eu consegui’.”

A verdade é que Marco já pôs o carro a render e a transportar tortas e bolos que faz e vende na sua pastelaria. “Já o pus a trabalhar, mas agora está parado na garagem. Agora ando na minha Citroen Berlingo — até cuido mais da carrinha, porque é ela que me permite ganhar dinheiro para outros luxos.”

Ainda assim, no dia da compra, quis deixar a mensagem ao pai, que morreu vítima de uma broncopneumonia aos 50 anos e chegou a ter problemas de toxicodependência. “Pai, está pago. É nosso”, escreveu.

“Muita gente pode não compreender, mas vou ser honesto. Para mim, é um Porsche porque é um Porsche. Se fosse um Fiat uno, era igual”, conta. “Tem mais a ver com a conquista, com o dizer ‘eu consegui’ quando se calhar não acreditava que o podia fazer. Não olho para o carro como um troféu para dizer que sou o maior. É uma conquista pessoal, mas também é só um carro.”

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