A vida de Bittori (Elena Irureta) e da sua família muda radicalmente no dia em que membros da organização separatista ETA matam o seu marido Txato (José Ramón Soroiz), à porta de sua casa. O grupo andava há algum tempo a exigir cada vez mais dinheiro ao empresário e já tinha inclusive pintado vários insultos nas paredes do seu prédio.
Depois disto, a relação de Bittori com a sua amiga e vizinha Miren (Ane Gabarain), cujo filho faz parte do grupo terrorista, fica completamente arrasada. Quando Joxe Mari, filho de Miren, foi preso e acusado de terrorismo, a mulher abraçou a causa da ETA com todas as suas forças – e deixou para trás a sua ligação com a amiga viúva.
Anos mais tarde, em 2011, quando a ETA anuncia o abandono das armas, Bittori dirige-se ao cemitério para, na sepultura do marido, lhe contar que decidiu voltar à casa onde tinham vivido, contrariando os filhos Xavier e Nerea. Por mais que tente fazer esta visita de forma discreta, a sua presença irá agitar a falsa tranquilidade da terra, sobretudo a de Miren, que tem o filho preso pelo alegado homicídio de Txato.
Quem a vê chegar é Joxian, marido de Miren, quando regressa de uma corrida no Parque Natural de Pagoeta e repara que na casa de Bittori há luzes acesas. Miren fica incomodada e decide confirmar com os seus próprios olhos. Joxian encontra Bittori e pede-lhe para que ela não faça nada e simplesmente esqueça o passado, ou não voltará a haver paz.
Ao mesmo tempo, Nerea tenta salvar um casamento de doze anos com um marido que, às nove da manhã, chega a casa a tentar disfarçar um cheiro intenso a álcool. Já Arantxa, filha de Miren e Joxian, vive com uma deficiência que a paralisa perante o mundo. Porém, é a única personagem que mantém a lucidez e talvez o maior equilíbrio emocional.
O que realmente aconteceu entre estas duas mulheres? O que estragou a vida dos seus filhos e maridos tão unidos no passado? Ao longo de três décadas, a história destas duas famílias, divididas pelo conflito armado e violento no País Basco, é a premissa principal de “Pátria”, a nova produção espanhola que estreia a 27 de setembro na HBO Portugal – e nos restantes países onde a plataforma opera.
A ETA (que significa, em tradução livre, “Pátria Basca e Liberdade”) foi uma organização nacionalista basca, fundada em 1959. No final da década seguinte evoluiu para uma organização paramilitar separatista, lutando pela independência da região do País Basco. O grupo terrorista foi responsabilizado pelas mortes de muitas pessoas, além de dezenas de sequestros.
A série condena o regime de terror imposto pela ETA, mostrando também que o sistema funcionava com o espírito de marioneta, ao aproveitar o aumento de uma juventude que gostava de provocar a desordem. De facto, a ETA mexeu com toda a estrutura social do País Basco, que era um estado totalitário onde, a par do fervor revolucionário, imperava também o medo, o silêncio, a indiferença e exclusão.
No dia de estreia são publicados os dois primeiros episódios e depois, a cada semana, vai haver um novo episódio de “Pátria”. No total são oito capítulos. O projeto, criado e escrito por Aitor Gabilondo, baseia-se no livro com o mesmo título, escrito por Fernando Aramburu.
A narrativa pode ser assustadora e dramática, mas por outro lado também existe uma ligação emocional familiar bastante presente. Aliás, “Pátria” foca-se muito na impossibilidade de esquecer o passado e na necessidade ou vontade de perdoar. Desmontam-se, de uma forma peculiar, todas as estruturas que abalaram não apenas a amizade entre estas duas mulheres mas também a própria família de cada uma delas, que balançam entre a inveja e a nostalgia do passado.
O elenco da série espanhola inclui ainda Susana Abaitua, Iñigo Arambarri, Mikel Laskurain, Loreto Mauleón, Eneko Sagardoy, entre outros.
A seguir, carregue na galeria para conhecer outras cinco séries incríveis que pode ver este verão na HBO Portugal.