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Os vícios do pai e o amor por Portugal. Chegou a série sobre a vida de Peter Schmeichel

O ex-guarda-redes do Manchester United e Sporting é o protagonista de uma nova série documental da SkyShowtime.
Tem dois episódios.

Quando em 19909, Peter Schmeichel aterrou na Portela, ninguém podia acreditar. Um guarda-redes de nível mundial deixava o todo-poderoso Manchester United, onde passara oito anos como como capitão e onde acabara de ser campeão europeu, para jogar no Sporting há mais de uma década sem grandes troféus. É certo que ficou por Lisboa apenas dois anos, mas foram anos intensos. “Se pudesse, viveria para sempre em Portugal”, confessou à NiT, numa entrevista a propósito da nova série documental que estreou a 9 de fevereiro na plataforma de streaming SkyShowtime.

Com uma carreira com mais de duas décadas, Schmeichel é o guarda-redes mais premiado da história da Premier League. O herói do futebol fazia parte da seleção dinamarquesa que, em 1992 e contra todas as probabilidades, venceu o Campeonato Europeu, e comandou o Manchester United na vitória da final da Liga dos Campeões em 1999, conquistando três títulos nessa época. Mas fez mais: durante o período no Sporting, ajudou o clube a conquistar o título da Primeira Liga na época de 1999-2000, quebrando assim os famosos 18 anos de jejum.

A série de dois episódios foi baseada no livro “One: My Autobiography”, escrito em parceria com o jornalista desportivo Jonathan Northcroft. ” Falámos no livro durante vários anos e nunca tive realmente a certeza se o queria fazer. Apenas aconteceu devido ao confinamento e à Covid-19. Não tinha nada para fazer, não havia futebol na televisão e não havia trabalho”, recorda. Ao longo dos meses, passaram cerca de 350 horas em videochamadas no Zoom para conseguirem tornar o trabalho numa realidade.

Durante esse período, Schmeichel também se viu forçado a recuar no tempo para alguns momentos que gostaria de esquecer, nomeadamente os confrontos constantes que tinha com o pai, um músico que lidava com um vício do álcool. “Por vezes tornava-se muito assoberbante e tinha medo de o estar a trair e a manchar a sua reputação, mas a forma como o Jonathan abordou este tópico foi brilhante. Apesar de ter tido problemas com o meu pai, foi isso que me moldou”, confessa.

Ao longo de aproximadamente uma hora e meia, o documentário aborda tópicos como esta relação tóxica e a forma como o dinamarquês acabou por criar uma personalidade que apenas se preocupava com uma coisa: a vitória.  Esta mesma ambição trouxe-lhe sucesso no campo e problemas fora dele.

Cecilie, a sua filha, lembra-se de um dia em que temeu pela vida. Após o Manchester United ter perdido um jogo, Schmeichel, que tem agora 61 anos, estava furioso e conduziu a “alta velocidade” para casa. O seu filho, Kasper Schmeichel, é mais compreensivo porque, tal como o pai, também é jogador profissional de futebol.

Foram estes episódios atribulados que chamaram a atenção dos produtores do documentário quando leram o livro do jogador pela primeira vez. Quando lhe apresentaram a ideia, o dinamarquês ficou imediatamente cativado. Na verdade, confiava tanto na equipa que nunca interferiu durante o processo. “Queria que fosse um trabalho deles e a forma como me veem. Acho que isso é importante quando se trata de um documentário.”

Esta não foi a primeira oportunidade que Peter teve para ser o protagonista de um documentário. A proposta de “Schmeichel”, porém, era diferente porque não se focava apenas na sua carreira dentro do mundo do futebol. “Acho que foi a minha vida fora do campo que intrigou os produtores: minha infância, o passado dos meus pais e, obviamente, os sonhos de tinha, como jogar no Manchester United. Depois falámos sobre a minha vida atual. Muitas das coisas que tento fazer são inspiradoras e quero que as pessoas tirem algo disso. O meu objetivo é ser uma inspiração para os outros. Há muito na vida além do futebol e era muito importante explorarmos isso”, avança.

Atualmente, Peter trabalha no canal norte-americano CBS Sports e faz a cobertura da Liga dos Campeões desde 2021. Confessa que a sua vida continua a ser atribulada, mas, daqui a uns anos, há a possibilidade de se mudar para Portugal. “Vou a Portugal várias vezes por ano com a minha mulher, mas seria muito difícil viver aí devido ao meu trabalho e devido às nossas vidas atualmente, algo que poderão perceber no filme”, lamenta.

Desde a comida ao bom tempo, não há nada que o ex-guarda-redes não goste. Para ele, é a junção de todos estes fatores que nos tornam num “país tão especial”. “é um dos lugares mais lindos do mundo. Talvez daqui a dois, três, quatro ou cinco anos surja a oportunidade de nos mudarmos para Portugal. Nunca se sabe. É um país realmente incrível.

Carregue na galeria e conheça algumas das séries e temporadas que estreiam em fevereiro nas plataformas de streaming e canais de televisão.

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