A 19 de setembro de 2018, o melhor match de sempre aconteceu na Austrália. Jules Robinson e Cameron Merchant casaram-se diante das câmaras de um reality show sem nunca se terem visto antes. A cena emocionante foi exibida meses depois, no início de 2019, logo nos primeiros episódios da sexta temporada do “Married At First Sight” (ou “MAFS”, como é conhecido), que foi transmitida na SIC Mulher.
O arranque da versão australiana de “Casados à Primeira Vista” já demonstrara que o programa tinha tudo para ser um enorme sucesso. Dez homens e dez mulheres jovens com personalidades fortes e diferentes entre si, bonitos, carismáticos (ou nem tanto assim) tentavam encontrar o amor e estavam realmente dispostos a investir numa relação.
A primeira reunião dividiu homens e mulheres em casas separadas. Uma espécie de despedida de solteiros que serviu para quebrar o gelo inicial e apresentar os concorrentes do mesmo sexo. Em apenas uma noite, os homens tornaram-se melhores amigos, as mulheres torceram o nariz, as orelhas e outras partes da anatomia perante o comportamento inadequado das outras e houve até a revelação de que um dos noivos era virgem — apesar de ter 29 anos.
Em entrevista à imprensa australiana, antes da estreia do programa, a neuropsicoterapeuta Trisha Stratford, uma das especialistas, anunciou que a temporada de 2019 teria ótimas histórias de amor e que as mulheres estavam ainda mais competitivas do que nos anos anteriores.
Já o psicólogo John Aiken, outro especialista de “Married At First Sight”, revelou que haveria ainda mais reviravoltas, mais controvérsias e que os participantes enfrentariam desafios que os casais na vida real experimentam apenas ao longo de três ou quatro anos de convivência.
Bastou assistir aos dois primeiros “matches perfeitos” (palavras dos especialistas) para qualquer um deixar de se importar com aquele tal estudo norueguês que diz que a trash TV faz baixar o QI. Verdade ou mentira, uma coisa é certa: aquilo é mesmo viciante.
Sabemos que é difícil acreditar nesta declaração quando a versão portuguesa do reality show da SIC — que é transmitido diariamente e tem um especial aos domingos à noite — não é capaz de surpreender, nem faz com que os espectadores aguardem ansiosamente pelo próximo episódio. Por este motivo, a NiT fez uma lista com os cinco principais motivos pelos quais o “Married At First Sight” é tão melhor do que o nosso humilde “Casados à Primeira Vista” — e ainda lhe damos algumas razões extra para não perder a próxima temporada.
Candidatos mais dedicados
A sexta temporada do “MAFS” arrancou com a união de dez casais. Conhecemos 20 pessoas em busca do amor e de uma relação séria a longo prazo. A quantidade de casais, por si só, já influencia (e muito) a dinâmica da experiência social. Além de as probabilidades aumentarem, o público assiste a uma variedade muito maior de relacionamentos e acompanha as vivências de muito mais casais.
Outro ponto super importante: os australianos levam a sério o compromisso firmado no programa. Na maioria dos casamentos, os noivos parecem mesmo dispostos a entregarem-se ao amor, a conhecerem o parceiro escolhido para si e a investir no romance. Ao contrário dos candidatos portugueses, se houver química entre o casal, os australianos não parecem ter medo da intimidade, e ainda que não seja um amor à primeira vista, eles empenham-se para transformá-lo num amor à segunda ou terceira vista.

Perfect matches
Encontrar o amor não é fácil, apesar de o programa prometer esta façanha. Mas mesmo que os relacionamentos propostos pela experiência não tenham todos um final feliz, ao assistir aos casamentos da versão australiana é quase impossível não acreditar que a equipa de especialistas é expert no assunto e capaz de encontrar a alma gémea de qualquer pessoa.
Até ao final da sexta temporada, o coração dos espectadores bateu mais forte ao acompanhar as declarações de amor de Jules e Cameron, as discussões e as pazes de Heidi e Mike, ou ainda a transformação da amizade em amor de Ning e Mark. Até ao último momento, o público tem a esperança de que os matches refaçam os votos no episódio final e que os casais sejam felizes para sempre.
Os analistas de comportamento são essenciais
Na versão da Austrália, não há apresentadores. Josh Aiken, Mel Schilling e Trisha Stratford formam a equipa de especialistas que comanda o programa sem a ajuda de terceiros. São dois meses de produção e análise dos perfis dos candidatos. Cada um deles trabalha separadamente, mas a equipa reúne-se no final deste período para escolher os 20 pretendentes (dez de cada género) para participar na experiência.
Os participantes passam por diversas fases antes do início das filmagens, como o teste de personalidade, questionários sobre as suas preferências e até análises de feromonas no laboratório da neuropsicoterapeuta Trisha Stratford.
“Os nossos testes duram vários meses. Assistimos aos castings, encontramo-nos cara a cara e analisamos todos os dados para saber o que podemos esperar. Muitas vezes, achamos que sabemos o que estamos a oferecer, mas alguém que apresenta uma personalidade incrível durante os testes pode transformar-se noutra pessoa durante o programa”, explica o psicólogo John Aiken.
Há terapia de casal na televisão
Em “Married At First Sight”, os analistas de comportamento são bem mais diretos com os participantes. Eles avaliam os seus comportamentos ao longo dos episódios, opinam sobre como eles estão a levar a relação e ainda propõem atividades que podem ajudar o casal a ter algum futuro.
Quando os casados de fresco se sentam no sofá dos especialistas antes de decidir se vão, ou não, permanecer no programa, há quase uma sessão de terapia de casal. Neste momento, os especialistas interferem nas declarações, denunciam comportamentos abusivos e tentam fazer com que os participantes encarem o que eles não veem (ou não querem ver).

Dramas, traições e peixeiradas
Ainda no início do programa australiano, um dos noivos abandonou as gravações no dia seguinte à lua de mel para ir ao velório da mãe de uma ex-namorada. Voltou dias depois, sem nunca ter telefonado para a esposa que ficara sozinha no hotel.
Os jantares regulares em que os casais partilham com o grupo as suas experiências e conversam sobre a sua jornada transformam-se em noites de queixas, lágrimas e até peixeiradas. Enquanto isso, os especialistas assistem a tudo numa sala cheia de câmaras com o objetivo de avaliar a interação dos casais com o grupo — tal como na versão portuguesa. Mas aqui é tudo muito mais animado.
Na sexta temporada, este tipo de encontro, que acontecia uma vez por semana, proporcionou episódios escandalosos. Em momentos distintos, Inês e Jéssika investiram em conversas a sós com os parceiros de outras mulheres casadas e protagonizaram cenas de traição. Cyrel e Martha insultaram-se e atiraram bebidas uma à outra durante uma discussão mais acalorada.

Ao todo, foram 41 episódios na sexta temporada de “Married At First Sight”, exibidos na Austrália entre 28 de janeiro e 8 de abril. A experiência social durou cerca de dois meses e meio e os recém casados viveram a relação intensamente com várias atividades em conjunto para que percebessem se eram mesmo feitos um para o outro e se a relação teria um futuro longe das câmaras. No último episódio, quatro casais renovaram os votos e decidiram continuar juntos. Uma estatística impensável para o que se vê por aqui.