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Criador e ator de “Baby Reindeer” respondeu ao processo da stalker em tribunal

"Lidar com as interações dela no meu lugar de trabalho era desgastante", lê-se no documento que submeteu.
O caso está cada vez mais intenso.

A polémica em torno de “Baby Reindeer”, a aclamada série da Netflix, parece que não vai ter fim tão cedo. Recentemente, Richard Gadd, ator principal e criador da série, referiu-se a Fiona Harvey, a mulher que serviu de inspiração para a figura da stalker na narrativa, num documento apresentado a um tribunal na Califórnia, nos Estados Unidos, a 29 de julho.

Gadd referiu que a produção é “emocionalmente verdadeira”, embora não constitua um “relato fiel” dos acontecimentos que vivenciou com Fiona no passado. A mulher está a processar a plataforma de streaming e o comediante por difamação, angústia emocional, negligência e, acima de tudo, por alegadamente lhe terem “destruído a vida”. Exige uma indemnização de 158 milhões de euros.

Richard Gadd, de 35 anos, afirma no documento que conheceu Fiona Harvey, de 58, enquanto trabalhava no pub Hawley Arms, em 2014. Volvidos dois anos, em 2016, fez uma denúncia à polícia devido ao assédio incessante (que incluía milhares de e-mails e mensagens de voz de conteúdo sexual explícito) que recebia.

“O acumular destas situações foi exaustivo”, escreveu. “Gerir as interações com ela no meu ambiente de trabalho era desgastante. Além disso, ela seguia-me por Londres, inclusivamente na área onde residia.”

Fiona Harvey nunca é identificada na série, pois a stalker é chamada Martha Scott. Durante uma entrevista ao britânico Piers Morgan, transmitida no YouTube a 9 de maio, Martha revelou que a obra se inspirou na sua história. “Aquela personagem é extremamente exagerada”, afirmou. No mês seguinte, ela processou a Netflix, expressando também o seu descontentamento por Martha ser retratada como presa, algo que nunca lhe aconteceu.

Apesar de Gadd não mencionar que Fiona foi detida no documento entregue no tribunal norte-americano, assegura que a denunciou à polícia várias vezes. Relatou ainda que a mulher memorizou os seus turnos de trabalho e passava horas sentada no bar a observá-lo a servir outros clientes, muitas vezes beliscando-o, inclusive nas nádegas.

“A atenção não era bem-vinda e vi-me obrigado a desviar-me de todas as tentativas de assédio dela, enquanto servia às mesas. Pedi-lhe para deixar de o fazer, mas ela ignorou e continuou”, lê-se.

Em 2015, confrontou Fiona após ela ter dito a um cliente que tinham tido relações sexuais, algo que, segundo ele, é falso. A britânica ficou zangada, correu para trás do balcão e, alegadamente, apertou-lhe a parte de trás do pescoço enquanto lhe dizia que a boca dele lhe traria “muitos sarilhos”. “Recordo-me de ter pedido desculpa imediatamente, com medo de que me agredisse, além da vergonha que senti por estarmos a ser observados por vários clientes.”

Leia também este artigo da NiT para perceber o processo judicial movido por Fiona Harvey à Netflix.

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