A Netflix revelou esta sexta-feira, 31 de janeiro, que a segunda temporada de “The Sandman” será a última. O anúncio da plataforma de streaming é feito após terem surgido novas acusações de abuso sexual contra o escritor Neil Gaiman, autor da produção e dos livros de banda desenhada que inspiraram a série.
“A série sempre foi focada exclusivamente na história de Dream, e em 2022, quando olhamos para o material que nos restava, sabíamos que só tínhamos história suficiente para mais uma temporada”, revelou o produtor Allan Heinberg, à “Variety”. “Estamos extremamente gratos à Netflix por reunir a equipa novamente e dar-nos tempo e recursos para fazer uma adaptação fiel.”
Apesar do cancelamento, a segunda temporada da série não será afetada. O lançamento dos novos episódios continua previsto para 2025, embora ainda não tenha sido revelada uma data oficial.
A série de dez episódios baseia-se na coleção da DC Comics com o mesmo nome. Tom Sturridge é o protagonista e encarna Sandman, o mestre do mundo dos sonhos, que comanda todos os nossos medos e fantasias. O personagem acaba aprisionada durante um século e, quando se consegue libertar, é obrigado a restaurar a ordem e a eliminar o caos provocado pela sua ausência
A narrativa também trouxe mais alguns nomes que protagonizaram a adaptação do audiolivro de “The Sandman”. James McAvoy, que na altura deu voz a Morpheus, interpreta o Homem de Cabelo de Ouro. O elenco conta ainda com nomes como Patton Oswalt, Gwendoline Christie e David Thewlis.
As acusações de Gaiman
Em janeiro, o autor britânico Neil Gaiman voltou a ser acusado de abuso e violência sexual, crimes que abrangem quase quatro décadas. A editora Dark Horse Comics, responsável por publicar as graphic novels, anunciou a rescisão imediata do contrato. “não publicaremos mais as suas obras. Confirmamos que a série de banda desenhada ‘Anansi Boys’ foi cancelada”, revelaram.
Ao todo, o autor já foi acusado de agressão e má conduta sexual por nove mulheres. As primeiras três denúncias foram noticiadas em julho de 2024. As restantes surgiram a 3 de agosto, no podcast “Master: the Allegations Against Neil Gaiman”, da Tortoise Media. E os restantes depoimentos foram publicados pela revista “New York Magazine”, no início do ano.
Os alegados casos ocorreram entre 1986 e 2022. As idades das vítimas estavam entre os 22 e os 55 anos. Caroline Wallner, uma das acusadoras, é uma mãe divorciada que trabalhou para o cineasta entre 2014 e 2021. O britânico terá oferecido estadia a Wallner e à filha em troca de favores sexuais.
Supostamente, Carolina assinou um contrato de não divulgação do sucedido e recebeu 275 mil libras (cerca de 320 mil euros). Apesar do acordo, admite que não conseguiu ficar calada quando começaram a surgir os testemunhos de outras mulheres. “Foi doloroso de ouvir. Elas têm a mesma idade que as minhas filhas.”
Outra nova acusação veio de Julie Hobsbwam. Garante que quando tinha 22 anos, em 1986, foi abordada de forma agressiva pelo britânico. Embora tenha conseguido fugir, alega que o britânico de 63 anos a beijou à força e, depois, a empurrou.
O acusado, no entanto, nega todas as acusações e alega que teve relações consensuais com todas as mulheres com quem se envolveu. “Nos últimos meses, tenho assistido às histórias a circular na Internet sobre mim com horror e consternação. Estou longe de ser uma pessoa perfeita, mas nunca me envolvi em alguma atividade sexual não consensual com alguém. Nunca”, escreveu no seu site.
“Voltei a ler as mensagens que troquei com aquelas mulheres. Na época, esses relacionamentos pareciam positivos e felizes em ambos os lados”, conclui. “Também percebo, olhando para elas, anos depois, que eu poderia e deveria ter feito muito melhor. Eu estava emocionalmente indisponível enquanto estava sexualmente disponível, focado em mim mesmo e não tão atencioso quanto eu poderia ou deveria ter sido.”
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