Otis Milburn (Asa Butterfield) é o filho de um casal de terapeutas sexuais que entretanto se divorciou. O adolescente ficou a viver com a mãe, Jean (Gillian Anderson, a eterna Scully de “Ficheiros Secretos”) e cresceu a escutar, às escondidas, as consultas com os pacientes em casa. É esta a grande premissa de “Sex Education”, a nova comédia dramática da Netflix, que estreou na sexta-feira, 11 de janeiro, e tem sotaque britânico.
A série, que apesar de ter smartphones, laptops e até o Google, tem uma estética de anos 80, roupa e música incluída. A tecnologia não é importante, embora exista, até porque dá jeito para a história, pelo que deixa os espetadores na dúvida quanto ao ano em que tudo aquilo se passa. Mas a verdade é que não é importante: todos os adolescentes de todas as décadas querem ter sexo. Ou saber como ter sexo.
Ter passado a adolescência a ouvir conversas sobre sexo de uma forma crua poderia ter feito com que Otis fosse particularmente desenvolvido, e solto, no que toca à sua sexualidade. A própria mãe faz questão de falar abertamente com o filho sobre o assunto. Mas não é o caso: ele ainda não começou a sua vida sexual.
Otis apanhou o pai a trair a mãe com uma paciente e ficou com um certo constrangimento em relação à sexualidade. Ou seja, na teoria ele é um especialista sobre sexo, mas na prática é um adolescente reprimido. Jean tem receio de que essa ausência de tabu em relação ao sexo possa ter provocado o efeito contrário.
Tudo muda, porém, quando Otis se deixa encantar por uma rapariga na escola, Maeve (Emma Mackey). A sua perspetiva sobre a sexualidade muda para sempre.
É com Maeve e o amigo gay Eric (Ncuti Gatwa) que abre uma espécie de consultório de terapia sexual na escola. A ideia é ajudar os colegas a ultrapassar os seus problemas, sempre sem os julgar, e fazer algum dinheiro — mas não vai demorar muito até Otis perceber que também ele precisa de terapia.
A história da série criada por Laurie Nunn implica que haja várias cenas de sexo — e podem ser das mais complicadas de concretizar em televisão ou no cinema, por ser um tema delicado e sensível. Para acertarem em tudo, o elenco de “Sex Education” teve uma realizadora especial, Ita O’Brien, só para as cenas íntimas, revelou o “Digital Spy”.
Tudo foi coreografado como se se tratasse de uma performance de dança. “Para o Kedar e as minhas cenas de sexo, fizemos mesmo uma coreografia, com tempo contado”, contou a atriz Emma Mackey.
E acrescentou: “‘Fazes isto durante sete segundos. Depois fazes isto.’ Então foi como se fosse uma dança, e isso desbloqueia tudo automaticamente, faz com que percas todo o medo. Por isso foi ótimo.”