Televisão

“Stutz”: o documentário da Netflix sobre saúde mental que todos deviam ver

É um projeto de Jonah Hill sobre o seu psiquiatra — mas também aborda os próprios problemas. Na verdade, falam sobre métodos que podem ajudar todos.
Jonah Hill e Phil Stutz conversam neste projeto.

A relação entre o cinema e a realidade pode tomar muitas formas. De um lado do espetro está um filme convencional, com um guião e atores. Do outro está um documentário com o mínimo de efeitos, planeamento e edição possível, no sentido em que espelha, de facto, melhor a vida real. Seja como for, a realidade é, em parte, subjetiva — portanto, é impossível concretizar um filme completamente autêntico.

Pode-se traçar um paralelismo entre esta dinâmica e aquela que nós, humanos, interpretamos no dia a dia. Somos diferentes consoante as situações e contextos, pelo que é difícil identificar quem realmente somos. Quando é que estamos, de facto, a ser autênticos? E se a autenticidade não existir? Talvez o melhor seja aceitar essa inautenticidade, antes que todas estas dúvidas nos tragam problemas. É precisamente este paralelismo entre cinema e processo de saúde mental que Jonah Hill explora em “Stutz”.

Estreou a 14 de novembro na Netflix e começa por ser um documentário sobre os métodos pouco convencionais de Phil Stutz, o psiquiatra do próprio Jonah Hill. O célebre ator de 38 anos sofre de ansiedade, passou por uma depressão, tem inseguranças quanto ao seu peso e face ao que os outros pensam de si. Não consegue desenvolver facilmente uma relação com uma mulher.

Por tudo isto começou a ter sessões com Phil Stutz — e desde então até fez um anúncio oficial em que explicou que já não ia dar entrevistas de promoção dos seus projetos, uma vez que era um dos fatores que mais contribuíam para a sua ansiedade.

Tendo em conta o quão melhor se passou a sentir desde que começou a visitar o consultório de Stutz, decidiu concretizar este projeto para partilhar os métodos do psiquiatra com pessoas de todo o planeta — muitas delas sem acesso a cuidados psicológicos e que sofrem de problemas de saúde mental.

Como já referimos, Phil Stutz não é um psiquiatra convencional. Se a norma passa por orientar a conversa e colocar perguntas que fazem com que o paciente reflita sobre a própria vida — ajudando a melhorá-lo; Stutz vai bastante mais além. Não só pergunta e escuta, como dá conselhos concretos sobre o que o paciente deve ou não fazer face a uma situação específica. 

O seu carisma, humor e visão singular tornam-no numa figura fascinante. E foi esta figura que Jonah Hill quis apresentar ao mundo. Porém, aquilo que começa como uma entrevista do ator ao seu psiquiatra sobre as suas “ferramentas” métodicas transforma-se em algo maior — de repente, o próprio Phil Stutz está a falar sobre a sua vida, invertendo o jogo. E rapidamente também ele puxa pela vida pessoal de Jonah Hill, levando a que o ator também aborde os próprios problemas que o levaram até ali.

O resultado é um documentário mais ou menos pensado, mais ou menos planeado — o espectador nunca sabe quanto, ao certo — que pode ser útil para olhar para os problemas de outra forma, para que um espectador se convença a procurar ajuda profissional, ou simplesmente para partilhar métodos e filosofias que podem melhorar as nossas vidas.

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