Billie Eilish canta, compõe temas, produz e muito mais. Tornou-se num símbolo da moda entre a geração Z e, agora, é uma das atrizes de “Swarm”, a nova série da Amazon Prime Video que chegou à plataforma de streaming a 17 de março. A artista de 21 anos interpreta Eva, a misteriosa líder de um culto. Embora seja um dos nomes mais conhecidos do elenco, tem um papel bastante secundário, aparecendo em apenas um episódio.
A grande protagonista é Dominique Fishback. A atriz de 32 anos dá vida a Dre, uma jovem obcecada com Ni’Jah, uma grande estrela da música pop. Sempre que conhece alguém que não partilha o seu fascínio, não pensa duas vezes em partir para a violência com a ajuda de armas como uma marreta, pesos de ginásio, frigideiras, entre muitas outras que estejam à sua disposição.
Ao longo de sete episódios de meia-hora, o público acompanha os crimes e fugas da protagonista. A violência gráfica é a base desta série de sátira produzida por Donald Glover (ou Childish Gambino) que aborda temos como a cultura da obsessão por celebridades e redes sociais, bem como os efeitos que estes podem ter em alguém que sempre se sentiu excluído da sociedade.
Dadas as distâncias pelas quais Dre vai para proteger o nome de Ni’jah, podíamos comparar esta figura pop a muitos artistas e conjuntos reais, nomeadamente os sul-coreanos BTS, cujos fãs (os chamados army) recorrem muitas vezes à revelação de informações privadas daqueles que ofendem os membros.
No entanto, a série baseou-se nos fãs de Beyoncé, algo que fica claro logo quando vemos o nome do projeto. “Swarm”, que podemos traduzir para enxame, é uma referência direta a Beyhive (colmeia de abelhas), nome dado à legião de admiradores de Beyoncé. Isto não é apenas uma teoria. Na verdade, esta ideia foi confirmada por Glover durante a apresentação da série. “Estou muito feliz por estarem aqui. Beyhive, não nos matem. Isto não é assim tão mau. Na verdade até é muito fixe”, brincou.
Janine Nabers, outra das produtoras, também confirmou que os fãs da artista foram, de facto, uma fonte de inspiração. Numa entrevista com a “Shondaland”, revelou que a ideia para o projeto surgiu após ver a reação de uma fã ao álbum “Lemonade”, editado por Beyoncé em 2016. Ao longo das 12 faixas, a cantora expõe os seus sentimentos após a traição de Jay-Z, o marido.
“Em abril de 2016, o ‘Lemonade’ foi lançado. Nessa mesma noite apareceu um rumor que dizia que uma mulher chamada Marissa Jackson se tinha suicidado após ouvir o álbum porque este confirmou que um homem muito poderoso tinha traído uma das mulher mais bonitas e bem sucedidas da música pop”, recorda Nabers.
Agora sabemos que aquela situação não se tratou de uma mentira criada pelo site de sátira “Empire Herald”. Mesmo assim, foi aquele rumor que serviu de plataforma de lançamento para a nova produção da Amazon Prime Video. Após saber da notícia, Janine Nabers foi pesquisar outros incidentes e situações bizarras que pudessem ter acontecido com os fãs de Beyoncé. “Decidi trazer estes problemas para o mundo real e torná-los nossos”, aponta.
Apesar de poder ser um tema sensível, nada indica que a artista se tenha sentido ofendida com a produção. Na verdade, alguns membros do elenco têm relações diretas ou indiretas com ela. A cantora Chlöe Bailey, por exemplo, pertence à Parkwood, a mesma gravadora de Bey, e Donald Glover é um grande amigo da performer.
Mas não foram apenas as histórias bizarras que existem à volta de Beyoncé que inspiraram a série. O tema de culto também está bastante presente e neste caso inspiraram-se no NXIVM, um grupo criado por Keith Raniere. Este acabou por ser preso em 2018 e foi acusado de diversos crimes, nomeadamente tráfico sexual e extorsão. A sua sentença é de 120 anos na prisão.
Foi este homem, que tem agora 62 anos, que inspirou Eva, a personagem de Billie Eilish. “Foi baseada num culto muito famoso que existiu há alguns anos. Nós queríamos ter este elemento de crime real. E creio que quando as pessoas pensam em artistas ou celebridades, vem-lhes à cabeça a ideia de culto à volta de nomes como Taylor Swift, ou os Beatles, ou o que quer que seja. O que nos interessava era ver o que é que as pessoas eram capazes de fazer quando idolatram alguém”, revela.
No site “Rotten Tomatoes”, a série conta com uma avaliação de 85 por cento por parte da crítica especializada e 71 por cento do público. “‘Swarm’ devia ser assistida para ver Fishback em ação, que muda entre vulnerável e psicopata enquanto interpreta uma mulher outrora invisível que finalmente deixa a sua marca no mundo”, diz o “Financial Times”. Todos os sete episódios da série já estão disponíveis.
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