Os testes de ADN foram uma das maiores revoluções na história da justiça criminal — não só para deter os culpados de determinados crimes, mas também para garantir que não há pessoas inocentes nas prisões, condenadas por atos que não cometeram.
Ao longo dos últimos anos, foram muitos os indivíduos exonerados e libertados nos EUA, depois de se conseguir provar que estavam completamente inocentes. Outros tantos, condenados injustamente à morte, não tiveram a mesma oportunidade. De qualquer forma, tem ainda servido para apontar as falhas do sistema judicial americano, e, em muitos casos, a má conduta de polícias, procuradores ou juízes.
Uma das organizações que se têm dedicado a investigar casos duvidosos de criminosos condenados que alegam estar inocentes chama-se The Innocent Project. Foi fundada em 1992 por Barry Scheck e Peter Neufeld e tem como objetivo analisar estes processos, identificar erros da justiça, impulsionar reformas e, em última instância, libertar inocentes.
Depois de várias séries de crime real baseadas em casos de pessoas que poderiam ter sido erradamente condenadas — como “Making a Murderer” ou “The Innocent Man” — a Netflix vai contar histórias do The Innocent Project na nova produção documental “The Innocence Files”.
Tem nove episódios e chegou à plataforma de streaming a 15 de abril. Conta oito histórias de casos que foram investigados por este projeto, que se dividem em três categorias: “As Provas” (sobre formas de ciência que eram fulcrais nas condenações e que cada vez se provaram menos fiáveis), “As Testemunhas” (sobre como os depoimentos podem alterar-se radicalmente em momentos de stress ou pressão) e “A Acusação” (sobre problemas de intimidação por parte das autoridades, ou ocultação de provas).
Kennedy Brewer é um dos homens exonerados de que se fala nesta série da Netflix. Foi condenado pelo homicídio de uma criança de três anos e estava no corredor da morte. Em 2001, testes de ADN provaram que ele não cometera o crime. Outro caso é o de Thomas Haynesworth. Foi condenado em 1984 por múltiplos crimes de violação, mas foi exonerado em 2011.
No total, desde a fundação, o The Innocent Project já libertou mais de 350 inocentes das prisões americanas, 21 dos quais estavam no corredor da morte. O projeto funciona como uma rede em todo o país, com equipas em várias cidades. É possível conhecer as histórias de cada caso no site oficial.
Esta série documental realizada por Alex Gibney, Liz Garbus e Roger Ross Williams foca-se no trabalho geral do The Innocent Project e também nos casos específicos retratados.