A DC Comics pode não ter um repertório tão extenso de séries e filmes inspirados naquele universo de super-heróis como a Marvel. No entanto, são vários os projetos que têm sido lançados nos últimos anos, como “The Batman” ou “Aquaman”. A mais recente aposta é “The Sandman”, série que estreia na Netflix esta sexta-feira, 5 de agosto.
A história começa em 1916 e acompanha Morpheus (Tom Sturridge), o rei dos sonhos, que é capturado num ritual do oculto. Após ser mantido em cativeiro durante 106 anos, consegue escapar e promete restaurar a ordem do reino Dreaming. O protagonista é um dos sete Endless, ao lado de Destiny (destino), Death (morte), Desire (desejo), Despair (desespero), Delirium (delírio) e Destruction (destruição), personificações antropomórficas de todos estes conceitos.
A série é baseada no complexo universo da banda-desenhada com o mesmo título, lançada pela primeira vez em 1989. Tornou-se num sucesso nunca antes visto e, durante os sete anos em que a saga foi publicada, alcançou vendas iguais ou superiores a outros fenómenos com décadas de existência como “Super-Homem” e “Batman”. Anualmente, vendia cerca de um milhão de cópias e, a certa altura, os volumes individuais eram tão procurados que se tornaram raros.
Neil Gaiman, o autor, foi elogiado tanto pelos críticos como pelos leitores. Em 1991, tornou-se no primeiro autor de banda-desenhada a conquistar o prestigiado prémio de Melhor Conto nos World Fantasy Awards — feito nunca mais repetido desde então.
Abordava temas bastante polémicos. Numa altura em que o HIV dizimava grande parte da população LGBTQIA+, Gaiman não evitou incluir personagens homossexuais nas suas histórias. Além disso, as narrativas contavam com a participação de vários intervenientes inesperados, como William Shakespeare, Thor e Orfeu.
Foi, provavelmente, a adaptação mais pedida pelos fãs à DC Comics. Demorou cerca de 30 anos até começar a ser preparada, mas ao longo da carreira do autor não faltaram propostas. “Nunca tive fé de que chegaríamos aqui, mas sabia que a coisa mais importante era impedir que fossem feitas versões más da história”, contou Neil Gaiman ao “Total Film”.
“Assim que uma má versão é feita, não conseguimos ultrapassar isso. Pode parecer tolo dizer isto, mas quando tinha 14 ou 15 anos a minha banda-desenhada favorita era a do ‘Howard the Duck’. E depois saiu o filme ‘Howard e o Destino do Mundo’ e ele tornou-se numa má piada. Não queria que isso acontecesse ao ‘The Sandman’ e vi muitos guiões em que isso aconteceria”, acrescenta.
Em 2014, começaram as negociações para uma adaptação com Joseph Gordon-Levitt no elenco, mas o projeto acabou por ser cancelado devido a diferenças criativas. No entanto, tornou-se difícil recusar quando a Netflix o abordou com um orçamento generoso e a promessa de um elenco de luxo.
Além de Tom Sturridge, a série conta com Kirby Howell-Baptiste, Mason Alexander Park, Donna Preston, Gwendoline Christie, Charles Dance, Vivienne Acheampong, além de Mark Hamill no papel de Mervyn Pumpkinhead, uma das personagens mais adoradas pelos fãs.
Cada episódio será “brutalmente diferente”, adianta Gaiman à “Empire Magazine”. “Veem o primeiro episódio e pensam, ‘já percebi que isto é como ‘Downton Abbey’ mas com magia’. Depois, quando chegarem ao episódio dois vão pensar, ‘mas que raio é isto?’. O quinto episódio é negro e traumático e depois temos o seis, que deixará todos a sentirem-se bem.” No total, a série tem 11 capítulos.